Visão geral de lesões relacionadas ao esporte

Última revisão: 4 Oct 2024
Última atualização: 05 Jan 2024

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Introdução

CondiçãoDescrição

Avaliação de lesão cerebral traumática aguda

Uma lesão cerebral traumática (LCT) é um acometimento da função ou da estrutura normal do cérebro causada por um impacto ou força externa na cabeça.[7][8]​ Traumatismos contusos, lesões penetrantes e lesões por explosão podem causar LCT. A LCT ocorre com mais frequência nas crianças muito pequenas (de 0 a 4 anos) e na adolescência e início da idade adulta (15 a 24 anos de idade), com um subsequente pico na incidência em adultos idosos (acima dos 65 anos).[9]​ A abordagem inicial é uma rápida avaliação das vias aéreas, respiração, circulação e incapacidade, além de intervenções apropriadas, se indicadas.

Lesão cerebral traumática leve

Também chamada de LCT leve, essa lesão cerebral aguda resulta de um golpe direto na cabeça ou da transmissão de uma força impulsiva à cabeça, resultando em uma alteração do estado mental.[10]​ Uma força-tarefa encarregada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a incidência de LCT leve seja de 600 por 100,000 pessoas no mundo todo.[11]​ Os sintomas podem ser divididos em 3 grupos: cognitivos, somáticos e afetivos. Uma combinação de sintomas somáticos e cognitivos é o mais comum. O diagnóstico de LCT leve é clínico. Pacientes selecionados podem ser internados no hospital para observação.

Hematoma subdural

Acúmulo de sangue entre as membranas dural e aracnoide do cérebro. Pode ser agudo ou crônico, e a causa primária de ambos é o trauma.[12]​ Ocorre comumente em pessoas idosas (com mais de 65 anos) e está frequentemente associado a quedas ou ao uso de anticoagulantes.[13][14] Tipicamente se manifesta com cefaleia, náuseas e vômitos e confusão, os quais podem ser decorrentes do aumento da pressão intracraniana, e redução das respostas oculares, verbais e motoras.

Aneurisma cerebral

Uma dilatação anormal focal adquirida da parede de uma artéria no cérebro. Em geral, é hemodinamicamente induzida, embora o trauma possa contribuir para sua formação. Os estudos de autópsia indicam que os aneurismas cerebrais são relativamente comuns em adultos, com uma prevalência variando entre 1% e 5%.[15][16]​ Estresse e esforço físico podem desencadear a ruptura por meio de efeitos hemodinâmicos. Tipicamente, os pacientes apresentam cefaleia nova, a qual não tinham antes, de caráter variável.

Hemorragia subaracnoide

A hemorragia subaracnoide (HSA) é um sangramento no espaço subaracnoide e constitui uma emergência. A causa mais comum da HSA não traumática é a ruptura de um aneurisma intracraniano.[17]​ No mundo todo, quase 500,000 indivíduos desenvolvem HSA causada por aneurisma a cada ano; quase dois terços dessas pessoas vivem em países de renda baixa e média.[18]​ Cefaleia súbita e intensa (cefaleia em trovoada), vômitos, fotofobia e sinais neurológicos não focais (que podem incluir perda da consciência) são característicos da HSA.

Fraturas orbitais

Esportes são uma causa frequente dessas lesões traumáticas. O traumatismo contuso do globo ocular (por exemplo, impacto por uma bola de squash) pode causar fraturas no assoalho orbital e/ou parede medial. Um estudo mostrou que aproximadamente 18% das lesões esportivas levaram a uma fratura orbital em crianças.[19]​ Também podem ocorrer fraturas da órbita posterior. Nas crianças, o osso da órbita é mais elástico, podendo ocorrer uma fratura do tipo "alçapão". A cirurgia urgente é indicada nos pacientes pediátricos com sinais de encarceramento de tecidos moles (músculos). 

Trauma ocular

Refere-se a qualquer lesão no olho. Uma das principais causas de perda da visão e cegueira que frequentemente afeta os jovens. A lesão pode ser devida a trauma mecânico (contuso ou penetrante), queimaduras químicas ou térmicas, ou agentes químicos ou radiação (ultravioleta ou ionizante). A OMS estimou que até 55 milhões de pessoas sofrem uma lesão ocular a cada ano, com 1.6 milhão desenvolvendo cegueira, 2.3 milhões desenvolvendo visão abaixo do ideal bilateral e quase 19 milhões desenvolvendo cegueira ou visão abaixo do ideal unilateral.[20]​ As lesões variam de leves, sem ameaça à visão (por exemplo, lesões com globo fechado) até extremamente graves, com consequências potencialmente cegantes (por exemplo, lesões com globo aberto). 

Descolamento de retina

Condição aguda ou progressiva na qual a neurorretina se separa do epitélio pigmentar da retina com acúmulo de fluido sub-retiniano e perda de função retiniana. Os homens parecem ser afetados com mais frequência do que as mulheres, com uma razão de homens/mulheres de 1.3:1.[21][22] O trauma é um importante fator de risco de descolamento de retina.[23] Dependendo do tipo de trauma, o descolamento pode ocorrer em dias a semanas (geralmente após uma lesão aberta no globo ocular) ou em meses a anos (geralmente após uma contusão).

Abrasões da córnea

Defeitos epiteliais da córnea. Os sintomas típicos incluem sensação de corpo estranho (mesmo que nenhum esteja presente), fotofobia, lacrimejamento excessivo, blefaroespasmo e visão embaçada. A abrasão da córnea é uma lesão ocular comum em homens e mulheres de todas as faixas etárias, mas ocorre com mais frequência entre homens devido a taxas mais altas de lesões oculares ocupacionais.[24] Fortes fatores de risco incluem trauma ocular, uso frequente de lentes de contato e falta de utilização de óculos de proteção em ocupações que os exigem (como a indústria automobilística).[25][26] O exame pode não encontrar nenhuma alteração na acuidade visual, com pequenos defeitos que ocorrem fora do eixo visual e uma membrana basal exposta com coloração de fluoresceína na córnea no olho afetado.

Avaliação da dor cervical

As causas mais comuns de dor cervical são espondilose cervical (osteoartrite da coluna vertebral) e lesão em chicote; outras causas incluem processos musculoesqueléticos, neurológicos, neoplásicos, infecciosos e vasculares. A prevalência ao longo da vida estimada de um episódio significativo de dor cervical é de 40% a 70%, e a prevalência pontual global da dor cervical é de 4.9%.[27][28] A lesão em chicote é comumente observada em lesões esportivas e em acidentes de trânsito. Aproximadamente 20% a 40% dos pacientes com lesão cervical terão dor cervical crônica.[29] A lesão é um forte preditor da dor cervical crônica.[30]

Trauma agudo da coluna cervical

Ampla gama de lesões potenciais em ligamentos, músculos, ossos e medula espinhal. Lesões da coluna cervical resultam principalmente de acidentes com veículo automotor, quedas, atividades esportivas (por exemplo, rúgbi, futebol americano, trampolim acrobático) e mergulhos em água rasa. Mecanismos de lesão de energia mais alta, bem como aqueles associados a golpes na cabeça ou no rosto, trazem um risco mais elevado de uma lesão instável da coluna cervical.[31]​ Em todos os casos, é necessário que seja feita uma investigação cuidadosa a fim de garantir que a estabilidade da coluna cervical não tenha sido comprometida, pois, em casos extremos, a instabilidade da coluna cervical pode causar deficit neurológico progressivo, quadriplegia e até mesmo morte.

Trauma da coluna toracolombar

Rupturas nas vértebras da coluna vertebral nas regiões torácica e lombar. O trauma da coluna toracolombar geralmente ocorre por trauma de alta energia; aproximadamente 10% são relacionados a esportes.[32] As fraturas toracolombares são o desfecho usual de um trauma toracolombar. Se houver suspeita de lesão aguda na medula espinhal (com ou sem lesão da coluna vertebral), o paciente deve ser transferido para o centro de trauma mais próximo, para que as condições de risco de vida possam ser identificadas e tratadas antes de transferir a um centro de lesão na medula espinhal.[31]

Compressão da medula espinhal

Pode ocorrer como resultado de trauma da coluna, fratura por compressão vertebral, hérnia de disco intervertebral, tumor primário ou metastático da medula espinhal ou infecção. A lesão na medula espinhal resultante pode ser aguda, subaguda ou crônica. Ela decorre de danos diretos à medula, causados pela compressão e/ou infiltração ou comprometimento do aporte vascular para a medula. A compressão aguda da medula espinhal é uma emergência médica que necessita de diagnóstico e tratamento rápidos a fim de evitar lesões irreversíveis na medula espinhal e incapacidade em longo prazo.

Lesão no plexo braquial

As lesões no plexo braquial geralmente são causadas por traumas nas raízes do plexo ao saírem da coluna cervical.[33] Pode envolver as 2 ou 3 raízes nervosas superiores (lesão parcial) ou todas as 5 raízes nervosas (lesão completa). Tanto lesões parciais como lesões completas no plexo braquial podem ser tratadas com sucesso, mas as lesões completas podem exigir múltiplas cirurgias de grande porte ao longo de anos, enquanto as lesões parciais podem, muitas vezes, ser corrigidas com apenas uma cirurgia. Um estudo com 4538 pacientes politraumatizados constatou que cerca de 1% dos pacientes que se apresentavam em uma unidade terciária de trauma sofriam de lesões no plexo braquial.[34] Subgrupos de pacientes com lesões causadas por motocicletas e motos de neve apresentaram taxas mais altas de lesão do plexo braquial (cerca de 5%).​

Lesão do manguito rotador

O espectro da patologia do manguito rotador é um dos grupos de afecções mais comuns que afetam o ombro adulto. As rupturas do manguito rotador podem decorrer de um evento traumático agudo, de atividade repetitiva ou vigorosa acima da cabeça (como jogar beisebol ou levantar peso) ou de degeneração crônica relacionada à idade. Uma revisão sistemática revelou que a prevalência de anormalidades do manguito rotador variou de 9.7% em pacientes com 20 anos ou menos a 62% em pacientes com 80 anos ou mais.[35]​ O sintoma manifesto mais comum é dor no ombro, que geralmente é agravada por atividades acima da cabeça. Outros sintomas incluem fraqueza funcional nos ombros, perda de amplitude de movimentos, dor noturna e dor no deltoide.

Luxação articular

Separação total de 2 superfícies ósseas da articulação, muitas vezes causada por impacto súbito na articulação. Luxações comuns incluem as do ombro, cotovelo, dedo da mão, patela e quadril. Luxações anteriores são responsáveis por mais de 95% das luxações no ombro, constituindo a luxação articular mais frequente.[36] As atividades esportivas são uma das causas mais comuns de luxações de ombro, cotovelo, dedos, patela e quadril.[37][38][39] Sintomas e sinais de luxação da articulação incluem dor, edema, posturas características e incapacidade de se mover.

Capsulite adesiva

Uma condição fibrosante crônica, caracterizada por uma restrição insidiosa, progressiva e intensa da amplitude de movimento ativa e passiva do ombro, na ausência de um distúrbio intrínseco conhecido do ombro. A capsulite adesiva afeta 2% a 5% da população. Na capsulite adesiva (idiopática) primária, não é possível identificar uma etiologia ou causa subjacente. Ocasionalmente, um fator contribuinte pode ser identificado, como diabetes mellitus, trauma, cirurgia prévia do ombro ou disfunção tireoidiana.[40][41][42][43][44] Nesse caso, a afecção é referida como capsulite adesiva secundária.[42][45] Geralmente é considerada uma condição autolimitada e costuma se resolver dentro de 18 a 24 meses.

Síndrome do túnel do carpo

Conjunto de sintomas e sinais causados pela compressão do nervo mediano no túnel do carpo. Os sintomas típicos incluem dormência e parestesias, sobretudo nos dedos polegar e radial, dor na parte anterior do punho e do antebraço e falta de coordenação. A síndrome do túnel do carpo é a neuropatia de encarceramento mais comum (prevalência de cerca de 1 em 25). Atletas de cadeiras de rodas têm taxas muito elevadas de síndrome do túnel do carpo. O mecanismo pode ser secundário a esforço inevitavelmente superior do punho ou a extremos posturais prolongados.[46][47]

Epicondilite

Epicondilite do cotovelo é uma condição associada a atividades repetitivas do antebraço e do cotovelo.[48][49]​ Tanto a epicondilite lateral (comumente conhecida como "cotovelo de tenista") quanto a medial (comumente conhecida como "cotovelo de golfista") são caracterizadas por dor no cotovelo durante ou após a flexão e extensão do mesmo. As atividades esportivas comumente implicadas incluem tênis, esgrima, golfe, remo e beisebol (arremesso). Uma combinação de mecânica desfavorável, microrrupturas em áreas de hipoperfusão e resposta tardia à cicatrização contribui para a fisiopatologia da afecção.[50][51] O aumento da idade é um fator que contribui para o desenvolvimento da epicondilite.[52][53][54][55]

Fraturas do punho

As fraturas do punho incluem aquelas que afetam as extremidades distais do rádio, da ulna e do carpo. As fraturas do rádio distal são as lesões mais comuns e, em geral, são causadas por queda sobre a mão estendida.[56] As quedas com a mão estendida, em decorrência de atividades esportivas, são uma das causas mais comuns de fraturas do punho.[57][56][58][59][60][61] Em uma pequena proporção dos pacientes, podem ocorrer fraturas concomitantes do rádio distal e do escafoide.[62]

Tenossinovite da mão e do punho

Grupo de entidades com uma patologia comum que envolve os tendões extrínsecos da mão e do punho e suas bainhas retinaculares correspondentes. Elas geralmente começam como uma irritação do tendão que se manifesta como dor e pode evoluir para encarceramento e bloqueio quando o deslizamento do tendão falha.[63]​ Os dedos em gatilho e a doença de Quervain (tendinite do extensor do polegar no primeiro compartimento dorsal) são as duas formas mais comuns de tenossinovite estenosante.

Tendinopatia

Um termo geral para descrever a degeneração do tendão caracterizada por uma combinação de dor, edema e desempenho comprometido. Aproximadamente 10% dos corredores desenvolvem tendinopatia de Aquiles, que se manifesta com início insidioso de dor no calcanhar, geralmente após um aumento súbito na intensidade dos treinos. A tendinopatia patelar (joelho do saltador) é comum em esportes que envolvem saltos ou atividades de extensão repetitiva do joelho (por exemplo, voleibol, basquetebol e futebol). Os pacientes podem apresentar início insidioso de dor bem-localizada anterior do joelho no polo inferior da patela.

Avaliação da dorsalgia

A dor lombar é um sintoma, e não um diagnóstico. Várias estruturas da coluna vertebral, inclusive ligamentos, facetas articulares, musculatura e fáscia paravertebrais, discos intervertebrais e raízes nervosas da coluna vertebral, têm sido apontadas como geradoras de dor.[64] A causa da dorsalgia pode ser dividida em mecânica, sistêmica e referida. As causas mecânicas são as mais comuns para dorsalgia, com prevalência de 97%.[64]​ No entanto, a maior parte da lombalgia é inespecífica, não se podendo identificar a causa.[65] Uma anamnese e um exame físico abrangentes ajudam a elucidar o diagnóstico.

Dor musculoesquelética na coluna lombar

Dor, rigidez e/ou sensibilidade na região lombossacra (abaixo da décima segunda costela e acima das pregas glúteas). Entorse/lesão muscular, fascial e ligamentar pode causar lombalgia. Espasmos musculares podem ser associados à dor incômoda, em facada, lacerante, ardente ou elétrica (em choque). Geralmente, a dor não se irradia para as pernas ou se estende além do joelho. A lombalgia tem uma prevalência ao longo da vida de aproximadamente 39% a 84%.[66][67]​​[68]​ Um diagnóstico de exclusão é feito eliminando-se as causas específicas de dor lombar decorrentes de comprometimento neurológico, neoplasia, artrite inflamatória, fratura e dor referida de outros locais ou sistemas de órgãos.

Avaliação da dor torácica

A dor torácica pode ser causada por etiologias benignas ou com risco de vida e é geralmente dividida em causas cardíacas e não cardíacas. A natureza da dor torácica pode ajudar a diferenciar entre causas cardíacas, respiratórias, musculoesqueléticas, entre outras. A dor torácica aguda necessita de uma avaliação clínica rápida, pois a doença subjacente pode trazer risco de vida.[69]

Fraturas das costelas

Uma ruptura no osso da costela do esqueleto torácico. As fraturas de costela podem ser causadas por lesões contundentes, quedas, lesões não acidentais, ressuscitação cardiopulmonar, atividades esportivas ou lesões metastáticas e tumores ósseos primários. Fraturas por estresse podem ocorrer em golfistas, nadadores, jogadores de beisebol e remadores competitivos.[70][71][72] Fraturas de estresse de costela ocorrem em 2% a 12% de remadores devido à carga repetitiva na caixa torácica.[73]​ Fraturas de costela podem ser relativamente benignas, mas frequentemente podem ser um indicador de lesões concomitantes como pneumotórax, hemopneumotórax e/ou contusões pulmonares. Um número maior de costelas fraturadas está correlacionado com o aumento da morbidade e mortalidade.

Dor na virilha

Uma lesão muito comum que resulta de atividade física, incluindo a prática de esportes. A lesão mais comum é a dor na virilha relacionada ao músculo adutor, ao músculo iliopsoas, ao músculo inguinal e à articulação do quadril. Em certos esportes (por exemplo, futebol e hóquei no gelo), a incidência de lesões na virilha pode chegar a 18%.[5]

Coccigodinia

Dor debilitante no cóccix, exacerbada ao sentar-se ou levantar-se da posição sentada. A dor geralmente tem qualidade pungente ou lancinante, pode se irradiar para o sacro ou nádegas e pode coexistir com a lombalgia. A coccigodínia pode ter origem traumática, não traumática ou idiopática e é mais comum em mulheres.

Fraturas do quadril

De modo geral, é considerada como qualquer fratura do fêmur distal à cabeça do fêmur e em uma posição proximal a um nível de poucos centímetros abaixo do trocânter menor. Associadas mais comumente a lesões de baixa energia em idosos (por exemplo, quedas da própria altura) e osteoporose ou osteopenia. Em pacientes mais jovens, a etiologia primária é um trauma de alta energia, que inclui acidentes com veículo automotor e quedas de altura.[74]​ Os pacientes geralmente apresentam dor no quadril após uma queda ou trauma, com movimentos substancialmente reduzidos ao redor da articulação e incapacidade de suportar peso.

Entorses e distensões musculoesqueléticas

A distensão é uma lesão na junção muscular ou musculotendinosa, enquanto entorse é uma lesão no ligamento. A contusão muscular ocorre quando um músculo é submetido a uma força compressora intensa e repentina, como uma pancada direta no músculo. A lesão aguda de tornozelo é uma das lesões musculoesqueléticas mais comuns em atletas, responsável por 20% de todas as lesões esportivas nos EUA.[75][76][77]​ A história e o exame físico são fundamentais para o diagnóstico e a classificação da lesão como de grau 1 (leve), 2 (moderada) ou 3 (grave com ruptura completa).

Avaliação da lesão do joelho

Entre as lesões esportivas mais relatadas.[78][79][80]​ As lesões traumáticas do joelho geralmente são diferenciadas com base no mecanismo da lesão, qual seja, com contato ou sem contato. Além disso, elas podem ser definidas como lesões de alta velocidade ou baixa velocidade, especialmente no caso de luxações do joelho. A maioria das lesões sintomáticas do joelho em pacientes jovens é traumática, enquanto em pacientes mais velhos geralmente são atraumáticas.

Lesão do ligamento cruzado anterior

Geralmente ocorre como resultado de uma lesão aguda por desaceleração sem contato, de uma hiperextensão forçada ou de forças rotacionais excessivas sobre o joelho.[81][82]​ Sinais e sintomas manifestos incluem um "estalo" audível, edema rápido do joelho, incapacidade de retornar à atividade e uma sensação de instabilidade no joelho. Cerca de 70% das rupturas do ligamento cruzado anterior (LCA) ocorrem durante atividades esportivas. Os esportes associados a lesões do LCA incluem futebol americano, basquetebol e esqui.

Lesão do ligamento colateral medial

Ocorre quando tensões excessivas em valgo ou forças de rotação externas são exercidas sobre a articulação do joelho. O sintoma mais comum é dor no joelho na porção medial acima ou abaixo da interlinha articular. Os pacientes geralmente conseguem andar. A incidência de lesão do ligamento colateral medial é mais alta em esportes como futebol americano (55%), esqui (15% a 20% de todas as lesões e 60% de todas as lesões de joelho) e rúgbi (29%), em que forças em valgo (torção para fora afastando-se da linha média) e forças rotacionais externas sobre o joelho são comuns.[83][84][85] As lesões no ligamento colateral medial também podem ocorrer em esportes que não envolvem contato.

Ruptura do menisco

Os meniscos medial e lateral, localizados entre o fêmur e a tíbia, absorvem o choque e distribuem a força. Os meniscos podem se romper em decorrência de lesão traumática ou desgaste degenerativo (por exemplo, na artrite do joelho) e podem comprometer a distribuição da força em toda a articulação do joelho. A população de atletas corre maior risco, principalmente aqueles que participam de esportes de torção (comumente, futebol e basquete). Queixas comuns incluem travamento, bloqueio ou instabilidade articular do joelho, dor no joelho ou qualquer combinação desses sintomas.

Síndrome da dor patelofemoral

Dor no joelho resultante de alterações mecânicas e biomecânicas na articulação patelofemoral. A síndrome da dor patelofemoral é um dos distúrbios mais comuns do joelho, responsável por 25% das lesões do joelho observadas na clínica de medicina esportiva.[86] As causas de problemas patelofemorais são multifatoriais, abrangendo mecânica anormal da articulação patelofemoral, alterações na cadeia cinética inferior e sobrecarga.

Bursite

Afecção inflamatória aguda ou crônica de uma bursa. Na bursite, ocorrem o espessamento e a proliferação da membrana sinovial, aderências bursais, formação de vilos, pólipos e depósitos de calcário. Estes podem resultar de estresse por esforço repetitivo, infecção, doença autoimune ou trauma. Os principais achados diagnósticos são dor localizada, sensibilidade sobre a bursa e edema, caso esteja localizada superficialmente. Pessoas com bursite que participam de esportes ou possuem uma ocupação que envolve atividades repetitivas que provavelmente precipitaram a bursite se beneficiarão do conselho de modificar suas atividades e usar proteção para evitar recorrências.

Doença de Osgood-Schlatter

Uma síndrome de uso excessivo que geralmente afeta atletas jovens durante o estirão de crescimento adolescente. Ela se manifesta com dor, sensibilidade à palpação e edema diretamente sobre a tuberosidade tibial. Geralmente, é uma condição autolimitada que remite após um período de modificação da atividade, sendo que a resolução definitiva ocorre quando o paciente atinge a maturidade esquelética.[87] Esportes de alto risco são aqueles que demandam extensão forçada e repetida do joelho (por exemplo, corrida, salto, agachamento e agachamento completo), incluindo corrida em pista, futebol americano, rúgbi, basquetebol, beisebol e futebol.[87][88]

Cisto poplíteo

O cisto poplíteo, também conhecido como cisto de Baker, é o resultado de um acúmulo de líquido sinovial na articulação que se forma atrás do joelho. Isso ocorre por meio do aumento da pressão intrassinovial que faz com que a cápsula sinovial forme uma protuberância em uma área onde há falta de suporte anatômico externo.[89] Não há preferência entre os sexos na prevalência dos cistos, mas o desenvolvimento dos cistos aumenta com a idade (26% em pacientes de 31 a 50 anos e 53% em pacientes de 51 a 90 anos).[90]​ As condições subjacentes mais comuns que causam a superprodução de líquido sinovial incluem artrite e rupturas de menisco, as quais podem ser decorrentes de lesão esportiva.

Osteocondrite dissecante do joelho

Uma lesão idiopática adquirida, potencialmente reversível, do osso subcondral que resulta em delaminação e sequestro, com ou sem comprometimento e instabilidade da cartilagem articular.[91][92][93]​ Cada vez mais observada como causa de dor articular (joelho, tornozelo ou cotovelo) em atletas adolescentes e adultos jovens, possivelmente em decorrência da participação precoce e mais intensa em esportes competitivos. Dor vaga na articulação pode estar presente. A dor pode ser exacerbada pelo aumento da atividade (ou seja, participação no esporte). A osteocondrite dissecante está fortemente associada ao beisebol, ginástica, levantamento de peso e esportes com raquetes.[94]

Síndrome da banda iliotibial

Ela resulta do atrito repetitivo da banda iliotibial, que desliza sobre o epicôndilo femoral lateral, movendo-se pela região anterior ao epicôndilo durante a extensão do joelho e pela região posterior durante a flexão do joelho, permanecendo tensa em ambas as posições. A causa mais comum de dor lateral nos joelhos em corredores. Caracterizada por uma dor aguda ou ardente aproximadamente a 2 cm na porção superior da interlinha articular lateral. Pode haver irradiação da dor, além de edema local e crepitação. Os corredores que apresentam uma predisposição à síndrome da banda iliotibial (SBIT) tipicamente estão em sobretreinamento e em geral apresentam uma fraqueza subjacente da musculatura abdutora da articulação do quadril.[95][96][97][98]​ A SBIT também é comum em ciclistas e pode ser observada em atletas que participam de esportes como voleibol, tênis, futebol, esqui, levantamento de peso e aeróbica. Ela é incomum em não atletas.

Cãibras musculares

A contração ou espasmo muscular súbito, involuntário e doloroso, associado a um aumento na frequência de potenciais de ação motora.[99][100] Embora a maioria dos casos de cãibras musculares seja de natureza benigna e autolimitada, elas também podem ser sintomáticas de uma grande variedade de doenças sistêmicas potencialmente graves. Pessoas que realizam exercícios extenuantes, principalmente em provas de resistência, como triatlos (68%), maratonas (39%), e ultramaratonas (100%), estão predispostas a cãibras musculares associadas ao exercício (CMAE).[101][102][103] As pessoas que participam de esportes de equipe também estão predispostas a CMAE (por exemplo, rúgbi: 52%, ciclismo: 60%).[101][103]​​

Síndrome compartimental dos membros

A síndrome compartimental é uma condição patológica caracterizada pela alta pressão intersticial em um compartimento osteofascial fechado, resultando em restrição do fluxo sanguíneo capilar.[104]​ Os compartimentos posteriores profundos e anteriores da perna e o compartimento volar do antebraço são os mais afetados. As causas mais comuns da síndrome compartimental aguda são fraturas, lesões de tecido mole, comprometimento vascular causado por trauma, compressão de membros, reperfusão de membro em casos de isquemia crônica e lesões por queimadura nos membros. A síndrome compartimental crônica por esforço é mais comumente observada em atletas fundistas.

Fraturas do tornozelo

A fratura do tornozelo geralmente se refere a uma fratura de um ou mais dos maléolos medial, lateral ou posterior. Em geral, ouve-se um "estalo" no momento da queda. Pessoas com fratura de tornozelo podem sentir dor imediata no maléolo medial ou lateral, ou em ambos. A formação de uma protuberância semelhante a uma tenda na pele sobre o maléolo medial e deformidade no tornozelo são sinais comuns de luxação. A lesão esportiva é a terceira causa mais comum de fraturas do tornozelo (10.2%).[105]

Fasciite plantar

Dor crônica ou aguda no calcanhar inferior na ligação da banda medial da fáscia plantar à tuberosidade medial do calcâneo. Tem sido descrita como um processo inflamatório crônico e pode ser uma lesão de uso excessivo.[106] A dor é autolimitada e geralmente remite após 6 a 18 meses sem nenhum tratamento.[107] Os pacientes podem não ser capazes de se lembrar de algum trauma no pé. A fasciite plantar é a causa mais comum de dor infracalcânea e responde por 11% a 15% de todas as queixas no pé que precisam de tratamento profissional.[108]​ Ocorre em aproximadamente 10% das pessoas que correm regularmente.[108][109]

Síndromes de dor crônica

A classificação pode ser baseada nas principais características da dor ou por região do corpo: miofascial, musculoesquelética (mecânica), neuropática, fibromialgia e síndromes de cefaleia crônica. A dor crônica é comum e tem um impacto significativo sobre a qualidade de vida. A prevalência aumenta com a idade (especialmente, a dor por causas musculoesqueléticas), de modo que o número de pessoas que vivem com dor crônica em todo o mundo aumenta com o aumento da expectativa de vida.[110]​ A dor crônica pode ocorrer após algumas lesões agudas, como parte de doenças degenerativas ou consequência de uma afecção primária (por exemplo, enxaqueca e fibromialgia).

Pré-participação no esporte

A avaliação pré-participação é um exame clínico usado para avaliar atletas em relação a lesões, afecções ou outras condições que possam aumentar o risco de dano a si próprios ou a outros ao participarem de um esporte.[111][112][113][114] A avaliação pré-participação é uma exigência legal ou administrativa para muitos atletas de competição em alguns países. Embora a avaliação pré-participação seja geralmente considerada uma ferramenta de rastreamento, ela também pode ser usada para avaliar a adequabilidade dos atletas com afecções conhecidas para a participação em atividades atléticas particulares.

Colaboradores

Autores

Editorial Team

BMJ Publishing Group

Declarações

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