É importante detectar dor cervical oriunda de causas importantes (por exemplo, câncer primário ou metastático) e dor cervical associada a comprometimento neurológico. A abordagem diagnóstica da dor cervical não foi tão bem estudada quanto a da dorsalgia, mas é recomendada uma abordagem semelhante.
Definições
A dor cervical pode ser considerada em 4 categorias como:[1]Guzman J, Haldeman, S, Carroll LJ, et al. Clinical practice implications of the bone and joint decade 2000-2010 task force on neck pain and its associated disorders: from concepts and findings to recommendations. Spine (Phila Pa 1976). 2008 Feb 15;33(4 suppl):S199-213.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18204393?tool=bestpractice.com
Grau 1: ausência de sinais de patologia importante e pouca interferência com as atividades diárias
Grau 2: ausência de sinais de patologia importante, mas pode impactar nas atividades diárias
Grau 3: dor cervical com sintomas ou sinais neurológicos (radiculopatia)
Grau 4: dor cervical com patologia importante (por exemplo, fratura, mielopatia, neoplasia e infecção espinhal).
Epidemiologia
A dor cervical é uma condição comum que causa incapacidade significativa. A prevalência ao longo da vida estimada de um episódio significativo de dor cervical é de 40% a 70%, e a prevalência pontual global da dor cervical é de 3.6%.[2]Devereaux MW. Neck pain. Prim Care. 2004 Mar;31(1):19-31.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15110156?tool=bestpractice.com
[3]Safiri S, Kolahi AA, Hoy D, et al. Global, regional, and national burden of neck pain in the general population, 1990-2017: systematic analysis of the Global Burden of Disease Study 2017. BMJ. 2020 Mar 26;368:m791.
https://www.bmj.com/content/368/bmj.m791
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32217608?tool=bestpractice.com
Entre 33% e 65% das pessoas se recuperam de um episódio de dor cervical no prazo de um ano, mas a recidiva é comum.[4]Hoy DG, Protani M, De R, et al. The epidemiology of neck pain. Best Pract Res Clin Rheumatol. 2010 Dec;24(6):783-92.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21665126?tool=bestpractice.com
A progressão da dor cervical crônica é relatada em 17% a 40% dos pacientes com dor cervical aguda.[5]Sihawong R, Sitthipornvorakul E, Paksaichol A, et al. Predictors for chronic neck and low back pain in office workers: a 1-year prospective cohort study. J Occup Health. 2016;58(1):16-24.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26498979?tool=bestpractice.com
[6]Carette S. Whiplash injury and chronic neck pain. N Engl J Med. 1994 Apr 14;330(15):1083-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8127339?tool=bestpractice.com
No estudo Global Burden of Disease de 2016, a lombalgia e a dor cervical foram classificadas como a causa mais comum de incapacidade no mundo todo (incluindo a América do Norte) entre pessoas de 25 a 64 anos.[7]GBD 2015 Disease and Injury Incidence and Prevalence Collaborators. Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015. Lancet. 2016 Oct 8;388(10053):1545-602.
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(16)31678-6/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27733282?tool=bestpractice.com
Uma análise sistemática do estudo Global Burden of Disease de 2017 descobriu que a prevalência de dor cervical aumenta com a idade até 70-74 anos, quando então a prevalência pontual diminui.[3]Safiri S, Kolahi AA, Hoy D, et al. Global, regional, and national burden of neck pain in the general population, 1990-2017: systematic analysis of the Global Burden of Disease Study 2017. BMJ. 2020 Mar 26;368:m791.
https://www.bmj.com/content/368/bmj.m791
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32217608?tool=bestpractice.com
Estudos epidemiológicos indicam que as mulheres apresentam maiores taxas de dor cervical do que os homens.[3]Safiri S, Kolahi AA, Hoy D, et al. Global, regional, and national burden of neck pain in the general population, 1990-2017: systematic analysis of the Global Burden of Disease Study 2017. BMJ. 2020 Mar 26;368:m791.
https://www.bmj.com/content/368/bmj.m791
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32217608?tool=bestpractice.com
[4]Hoy DG, Protani M, De R, et al. The epidemiology of neck pain. Best Pract Res Clin Rheumatol. 2010 Dec;24(6):783-92.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21665126?tool=bestpractice.com
[8]Palacios-Ceña D, Albaladejo-Vicente R, Hernández-Barrera V, et al. Female gender is associated with a higher prevalence of chronic neck pain, chronic low back pain, and migraine: results of the Spanish National Health Survey, 2017. Pain Med. 2021 Feb 23;22(2):382-95.
https://academic.oup.com/painmedicine/article/22/2/382/5961453
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33164071?tool=bestpractice.com
[9]Kazeminasab S, Nejadghaderi SA, Amiri P, et al. Neck pain: global epidemiology, trends and risk factors. BMC Musculoskelet Disord. 2022 Jan 3;23(1):26.
https://bmcmusculoskeletdisord.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12891-021-04957-4
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34980079?tool=bestpractice.com
Entre trabalhadores de escritório, alto índice de massa corporal, extensão frequente do pescoço durante o dia de trabalho, alta intensidade de dor inicial e altas demandas psicológicas no trabalho são todos preditores de dor cervical crônica.[5]Sihawong R, Sitthipornvorakul E, Paksaichol A, et al. Predictors for chronic neck and low back pain in office workers: a 1-year prospective cohort study. J Occup Health. 2016;58(1):16-24.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26498979?tool=bestpractice.com
A incidência de radiculopatia cervical varia de 0.83 a 1.79 por 1000 pessoas-ano e atingir a intensidade máxima na quarta e quinta décadas.[10]Mansfield M, Smith T, Spahr N, et al. Cervical spine radiculopathy epidemiology: a systematic review. Musculoskeletal Care. 2020 Dec;18(4):555-67.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32710604?tool=bestpractice.com
[11]Iyer S, Kim HJ. Cervical radiculopathy. Curr Rev Musculoskelet Med. 2016 Sep;9(3):272-80.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4958381
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27250042?tool=bestpractice.com
Aproximadamente 20% a 40% dos pacientes com lesão em chicote desenvolverão dor cervical crônica.[6]Carette S. Whiplash injury and chronic neck pain. N Engl J Med. 1994 Apr 14;330(15):1083-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8127339?tool=bestpractice.com
[12]Elliott JM, Noteboom JT, Flynn TW, et al. Characterization of acute and chronic whiplash-associated disorders. J Orthop Sports Phys Ther. 2009 May;39(5):312-23.
https://www.jospt.org/doi/10.2519/jospt.2009.2826
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19411765?tool=bestpractice.com
A saúde pré-colisão e o sofrimento psíquico foram identificados como preditores de dor cervical crônica após trauma por lesão aguda em chicote.[13]Osterland TB, Kasch H, Frostholm L, et al. Precollision medical diagnoses predict chronic neck pain following acute whiplash trauma. Clin J Pain. 2019 Apr;35(4):304-14.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30829733?tool=bestpractice.com
[14]Atherton K, Wiles NJ, Lecky FE, et al. Predictors of persistent neck pain after whiplash injury. Emerg Med J. 2006 Mar;23(3):195-201.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16498156?tool=bestpractice.com