Tratamento das condições coexistentes no contexto da COVID-19

Última revisão: 23 Jun 2024
Última atualização: 13 Feb 2024

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Introdução

Considerações para o cuidado perinatal

Considerações para cuidados neonatais

CondiçãoDescrição

Leucemia linfocítica aguda

Os pacientes com neoplasias hematológicas têm maior risco de infecção por COVID-19 grave.[69]

Existem diretrizes para o tratamento da COVID-19 em pacientes com neoplasias hematológicas.[70]

Os pacientes com neoplasias hematológicas têm uma resposta atenuada à vacinação contra a COVID-19.[71]

Leucemia mielogênica aguda

Os pacientes com neoplasias hematológicas têm maior risco de infecção por COVID-19 grave.[69]​ A leucemia mielogênica aguda (LMA) está associada a uma pior sobrevida nos pacientes com COVID-19.[72]

Existem diretrizes para o tratamento da COVID-19 em pacientes com neoplasias hematológicas.[70]

Os pacientes com neoplasias hematológicas têm uma resposta atenuada à vacinação contra a COVID-19.[71]

Anemia aplásica

Os pacientes que tiverem recebido um transplante de células-tronco hematopoiéticas têm maior risco de COVID-19 grave.[69]

Existem diretrizes para o tratamento da COVID-19 em pacientes com imunossupressão causada por uma doença hematológica.[70]

Um pequeno estudo relatou redução na taxa de soroconversão e menor resposta de anticorpos após uma primeira dose de vacina contra a síndrome respiratória aguda grave por coronavírus 2 (SRA-CoV-2) em pessoas com anemia aplásica, em comparação com controles saudáveis. Após uma segunda vacinação, os níveis de soropositividade e anticorpos foram equivalentes em pessoas com anemia aplásica e controles saudáveis.[73]

Hepatite autoimune

A hepatite autoimune está associada a um maior risco de COVID-19 grave.[69]

A COVID-19 pode causar testes de função hepática anormais nos pacientes com hepatite autoimune; estes não devem ser atribuídos a uma exacerbação da doença sem a confirmação por biópsia.[74]

Câncer de mama

A vacinação contra a COVID-19 está associada a uma maior incidência de linfadenopatia axilar na RNM da mama e na mamografia.[75][76]​ Um estudo relatou a incidência de linfadenopatia axilar mamográfica após a vacinação contra COVID-19 como de 3%.[76] Diretrizes foram publicadas para ajudar a evitar biópsias de nódulos reativos. A linfadenopatia axilar unilateral detectada por RNM ipsilateral ao braço de vacinação tem maior probabilidade de estar relacionada à vacinação com COVID-19 se dentro de 4 semanas de qualquer uma das doses. Recomenda-se uma ultrassonografia de acompanhamento 6 a 8 semanas após a segunda dose da vacina.[75]

Bronquiolite

A orientação do Reino Unido recomenda otimizar o tratamento preventivo, incluindo a vacinação contra gripe (influenza) e o palivizumabe para crianças elegíveis.[77] As principais características da avaliação são oxigenação, hidratação e nutrição, independentemente do possível status para COVID-19 da criança. As crianças que necessitarem de internação hospitalar devem ser testadas para vírus respiratórios, incluindo o SARS-Cov-2, o vírus da gripe (influenza) e o vírus sincicial respiratório.

Ressuscitação cardiopulmonar (RCP)

As diretrizes do Reino Unido aconselham que, para quem trabalha em cenários de saúde, o uso de máscaras FFP3 ou respiradores médicos e proteção ocular é recomendado ao se realizarem compressões torácicas em pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19. O equipamento de proteção individual (EPI) deve ser colocado o mais rapidamente possível para evitar atrasos no tratamento.[78]

Diretrizes dos EUA publicadas durante a pandemia de COVID-19 aconselham que as compressões torácicas ou a desfibrilação não devem ser adiadas para que os profissionais vistam o EPI, mas que a equipe de reanimação inicial deve ser substituída o mais rapidamente possível por profissionais que usem EPI apropriado.[79] Se o paciente não puder ser colocado em posição supina, a ressuscitação cardiopulmonar pode ser realizada na posição prona, principalmente se o paciente tiver vias aéreas avançadas e suporte circulatório.[80]

Doença renal crônica

As pessoas que recebem diálise têm um risco maior de infecção por COVID-19 grave.[69]

A vacina de RNAm contra o coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2) BNT162b2 induz títulos de anticorpos neutralizantes comparáveis em pacientes que recebem hemodiálise e em controles saudáveis. A vacina de vetor associada ao adenovírus ADZ1222 induziu anticorpos neutralizantes abaixo do ideal em pacientes virgens de soroconversão em hemodiálise.[81] Um estudo observacional retrospectivo nos EUA revelou que, entre pacientes em hemodiálise, a vacinação com BNT162b2 ou mRNA-1273 foi associada a um menor risco de diagnóstico de COVID-19 e um menor risco de hospitalização ou morte entre aqueles diagnosticados com COVID-19.[82] Outro estudo de coorte retrospectivo nos EUA revelou que entre os pacientes que recebiam diálise de manutenção, a resposta sorológica induzida pela vacina diminui ao longo do tempo entre os tipos de vacina.[83]

Leucemia linfocítica crônica

Os pacientes com neoplasias hematológicas têm maior risco de infecção por COVID-19 grave.[69]

Existem diretrizes para o tratamento da COVID-19 em pacientes com neoplasias hematológicas.[70]

Os pacientes com neoplasias hematológicas têm uma resposta atenuada à vacinação contra a COVID-19.[71]

Leucemia mielogênica crônica

Os pacientes com neoplasias hematológicas têm maior risco de infecção por COVID-19 grave.[69]

Existem diretrizes para o tratamento da COVID-19 em pacientes com neoplasias hematológicas.[70]

Os pacientes com neoplasias hematológicas têm uma resposta atenuada à vacinação contra a COVID-19.[71]

Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)

As pessoas com DPOC têm um risco maior de hospitalização, internação em unidade de terapia intensiva e morte por COVID-19, em comparação com as pessoas sem DPOC.[84] Um grande estudo de coorte prospectivo revelou que os pacientes com 50 anos de idade ou mais com DPOC, com ou sem asma, apresentaram uma maior probabilidade de necessitarem de oxigênio suplementar e ventilação não invasiva, mas uma menor probabilidade de receberem ventilação mecânica invasiva ou cuidados intensivos em comparação com pacientes sem uma afecção respiratória. A mortalidade neste grupo ultrapassou 40%.[85] ​Consulte Doença do coronavírus de 2019 (COVID-19) (Manejo).

​Para reduzir o risco de exacerbações agudas e um desfecho mais desfavorável da infecção por COVID-19, incentive fortemente os pacientes que ainda fumarem a abandonar o hábito.[86]

Cirrose

As pessoas com cirrose têm um risco maior de COVID-19 grave.[69]​ Os pacientes com doença hepática crônica têm uma taxa de mortalidade pela infecção por COVID-19 maior, e a mortalidade está associada à gravidade da doença hepática.[74][87]​​ A infecção por COVID-19 pode desencadear a agudização da insuficiência hepática crônica em pacientes com cirrose descompensada.[88]

As diretrizes europeias recomendam que os pacientes com cirrose e COVID-19 sejam internados para atendimento hospitalar. Esses pacientes apresentam alto risco de nova descompensação hepática ou agravamento, COVID-19 grave e morte.[87] Os pacientes com cirrose e hipertensão portal devem evitar medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais. Deve-se tomar cuidado para evitar a superdosagem de paracetamol nos pacientes com cirrose.[89]

Os pacientes com cirrose podem ter uma atenuação da resposta à vacinação contra o SARS-CoV-2.[90] Um estudo de coorte de indivíduos com cirrose revelou que o uso de vacinas de RNAm contra COVID-19 esteve associado a uma redução na infecção por COVID-19 e uma redução na hospitalização ou morte devida a infecção por COVID-19 após 28 dias.[91]

Doença associada ao Clostridium difficile

Como existe um risco potencial de transmissão da doença respiratória aguda grave por coronavírus 2 (SARS-CoV-2) por meio de transplante de microbiota fecal (TMF), a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA fez as seguintes novas recomendações para fezes doadas após 01 de dezembro 2019:[92]

  • Rastrear os doadores para identificar aqueles que possam estar ou ter sido recentemente infectados com SARS-CoV-2.

  • Testar os doadores e/ou as fezes dos dadores para SARS-CoV-2, se possível.

  • Os pacientes devem dar consentimento informado após serem informados sobre o risco potencial de transmissão da SARS-CoV-2 por meio do TMF.

As fezes usadas para o TMF devem ter sido doadas antes de 01 de dezembro de 2019, se esses critérios não forem atendidos.

Cardiopatia congênita

Pessoas com cardiopatia congênita (CC) podem apresentar aumento do risco de infecção mais grave por COVID-19, particularmente aquelas com características anatômicas e fisiológicas mais graves da CC.[93][94]​​ Os defeitos biventriculares simples, os defeitos ventriculares complexos e um histórico de cirurgia cardíaca estão associados a COVID-19 grave.[95] Foram publicadas recomendações para a prevenção e o manejo da COVID-19 em adultos com doença cardíaca congênita, com base na estratificação do risco.[94][96]

Recomenda-se que os medicamentos cardíacos, incluindo a aspirina, os inibidores da ECA (IECAs), antagonistas do receptor de angiotensina II, betabloqueadores, diuréticos e medicamentos antiarrítmicos sejam mantidos durante a COVID-19, a menos que haja uma contraindicação clara.[93]

Diabetes (tipo 1)

Os pacientes com diabetes do tipo 1 têm um maior risco de infecção por COVID-19 grave.[69][97]​​ Eles têm maior probabilidade de precisarem de hospitalização, cuidados intensivos e ventilação mecânica se desenvolverem COVID-19, em comparação com pacientes que não têm diabetes, e têm uma maior taxa de letalidade e maior chance de morte intra-hospitalar com COVID-19.[98][99][100]​​[101][102][103]​ Controle glicêmico inadequado, hipertensão, cetoacidose diabética recente, AVC prévio, insuficiência cardíaca prévia, comprometimento renal, índice de massa corporal <20 kg/m² ou ≥40 kg/m², sexo masculino, idade avançada, etnia não branca e privação socioeconômica estão associados a uma maior mortalidade por COVID-19.[100][103][104][105][106]​ Consulte Doença do coronavírus de 2019 (COVID-19) (Manejo).

Diabetes (tipo 2)

Os pacientes com diabetes do tipo 2 têm maior risco de doença grave.[69][97]​ Eles têm uma maior probabilidade de precisarem de cuidados intensivos e ventilação mecânica se desenvolverem COVID-19, em comparação com pacientes que não têm diabetes, e têm uma maior taxa de letalidade e maior chance de morte intra-hospitalar com COVID-19.[98][99][100][101][102][107]​ Controle glicêmico inadequado, hipertensão, AVC prévio, insuficiência cardíaca prévia, comprometimento renal, câncer, índice de massa corporal <20 kg/m² ou ≥40 kg/m², sexo masculino, idade avançada, etnia não branca, privação socioeconômica e proteína C-reativa elevada estão associados a uma maior mortalidade por COVID-19.[104][105][106][108]

Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)

As pessoas com HIV têm um risco aumentado de COVID-19 grave.[69]​ Se um paciente for admitido a um hospital com COVID-19, deve-se continuar com a terapia antirretroviral sem interrupção.[109]

Fibrose pulmonar idiopática

Os pacientes com fibrose pulmonar idiopática apresentam aumento do risco de hospitalização e morte devido à COVID-19.[110] Existem diretrizes para o manejo de pacientes com doença pulmonar intersticial, inclusive fibrose pulmonar idiopática, durante a pandemia.[111]

Os pacientes com sintomas respiratórios persistentes após a recuperação de COVID-19 devem ser avaliados para fibrose pulmonar pós-COVID e/ou exacerbação de doença pulmonar intersticial preexistente.[111]

Gripe (influenza)

Durante a temporada de influenza de 2021-2022, a coinfecção com SARS-CoV-2 foi detectada em 6% das crianças hospitalizadas por casos de influenza, e em 16% das mortes pediátricas associadas a influenza. A coinfecção com ambos os vírus foi associada a um maior risco de suporte respiratório invasivo e não invasivo, em comparação com a infecção por influenza somente.[112]

Os sinais e sintomas da infecção por influenza e da infecção por COVID-19 são semelhantes e podem ser difíceis de distinguir clinicamente; apenas a testagem pode distinguir entre eles. As Diretrizes de Tratamento de COVID-19 do National Institutes of Health (NIH) recomendam a testagem tanto para os vírus SARS-CoV-2 quanto para influenza em todos os pacientes hospitalizados com doença respiratória aguda quando ambos os vírus estiverem circulando concomitantemente.[113] As diretrizes aconselham que o tratamento da gripe (influenza) seja o mesmo em todos os pacientes, independentemente da coinfecção por SARS-CoV-2, e que os pacientes hospitalizados devem iniciar o tratamento empírico para gripe (influenza) o mais rapidamente possível, sem esperar pelos resultados do teste de influenza (o tratamento antiviral para influenza pode ser interrompido quando a influenza for descartada por um ensaio de detecção de ácido nucleico em amostras do trato respiratório superior para pacientes não intubados, e em amostras do trato respiratório superior e inferior para pacientes intubados).[113]

Mucormicose

A mucormicose tem sido relatada em pacientes com doença do coronavírus 2019 (COVID-19), particularmente em pacientes que têm diabetes e também receberam corticosteroides.[114][115][116][117][118][119] Os médicos devem ter um baixo limiar de suspeita para o diagnóstico. Os sinais e sintomas de alerta incluem: congestão nasal; secreção nasal enegrecida/sanguinolenta; sinusite ou dor facial; dor de dente ou afrouxamento dos dentes; distúrbios da visão; hemoptise; e escara necrótica na pele, palato ou cornetos nasais. As estratégias de tratamento no contexto da COVID-19 incluem, mas não estão limitadas a: controle da hiperglicemia, diabetes ou cetoacidose diabética; redução da dose de corticosteroide com o objetivo de descontinuar rapidamente; descontinuação de medicamentos imunomoduladores; desbridamento cirúrgico extenso para remoção de todo o material necrótico; terapia antifúngica (por exemplo, anfotericina B) por 4 a 6 semanas; e cuidados de suporte e monitoramento apropriados.[120][119] A prevenção envolve: controle da hiperglicemia; monitorar o nível glicêmico nos pacientes com COVID-19 após a alta (sejam eles diabéticos ou não); e uso criterioso de corticosteroides, antibióticos e antifúngicos.[120]

Esclerose múltipla

Estudos observacionais de pacientes com esclerose múltipla (EM) revelaram que os fatores de risco para formas graves de COVID-19 são idade avançada, níveis aumentados de deficiência (escore ≥6 na Escala Expandida de Gravidade da Incapacidade [EDSS], necessidade de assistência para andar ou incapacidade de andar), raça negra, doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e tratamento com corticosteroides nos 2 meses anteriores.[121][122]​ Um estudo não encontrou associação entre o uso de terapias modificadoras da doença e a gravidade da COVID-19.[121] Outro estudo revelou que os pacientes que tomaram rituximabe apresentaram um aumento do risco de hospitalização em comparação com os pacientes que não receberam nenhuma terapia modificadora da doença, mas não houve um risco significativamente aumentado de internação em unidade de terapia intensiva, necessidade de ventilação mecânica ou morte entre os pacientes que tomaram rituximabe.[122]

Algumas terapias modificadoras de doença podem afetar a eficácia das vacinas contra COVID-19, e isso deve ser considerado ao se definirem os momentos dos ciclos de tratamento e das vacinações.​[123][124][125][126]​ Respostas efetivas de células T citotóxicas ao coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2) foram relatadas em pacientes com EM que foram tratados com ocrelizumabe e receberam duas ou três doses de vacinas contra o SARS-CoV-2.[127]

Obesidade em adultos

A obesidade (índice de massa corporal [IMC] ≥30 kg/m²) está associada a um aumento do risco de um teste para COVID-19 positivo, hospitalização, COVID-19 grave com necessidade de internação em terapia intensiva e ventilação mecânica.[101][128][129]​​[130][131][132][133][134][135][136][137]​​ A associação é mais forte nos pacientes <65 anos de idade.[129][133]​​ Os pacientes com obesidade que desenvolvem COVID-19 apresentam também um maior risco de tromboembolismo venoso e diálise.[131]

As pessoas com obesidade classe 3 (IMC ≥40 kg/m²) têm risco maior de morte, em comparação com pessoas sem obesidade.[137]​ Uma metanálise revelou que a obesidade esteve associada a um aumento de 12% no risco absoluto de morte por COVID-19.[138]

O sobrepeso (IMC >25 kg/m² e <30 kg/m²) pode aumentar o risco de doença grave devida à COVID-19 e está associado a aumento do risco de ventilação mecânica.[128][101][133][135]

Não há atualmente nenhuma pesquisa de alta qualidade sobre os efeitos da perda de peso sobre a COVID-19, mas o papel do excesso de peso como um fator de risco para complicações graves da COVID-19 justifica uma consideração mais aprofundada.[130] Para aqueles que vivem com obesidade, a perda de peso demonstrou trazer benefícios gerais à saúde em longo prazo.

Os pacientes com obesidade que se recuperam de COVID-19 podem apresentar aumento do risco de sequelas pós-agudas. Um estudo constatou que pacientes com obesidade que não precisaram de internação em UTI e sobreviveram à fase aguda da COVID-19 apresentaram um aumento do risco de internação hospitalar e necessidade de exames diagnósticos durante os 8 meses subsequentes em comparação com pacientes com IMC normal.[139]

A vacinação contra a COVID-19 é efetiva nas pessoas com sobrepeso ou obesidade. A vacinação reduz em 68% o risco de hospitalização relacionada à COVID-19 14 dias ou mais após uma segunda dose de vacina em pessoas com sobrepeso e obesidade, em comparação com 66% em pessoas de peso saudável.[140]​ No entanto, a imunidade humoral contra a COVID-19 diminui mais rapidamente nas pessoas com obesidade grave, em comparação com as pessoas com IMC normal.[141]

Psoríase

As pessoas com doenças inflamatórias da pele têm maior risco de morte relacionada à COVID-19 do que a população em geral, depois do ajuste para fatores de confusão e mediação (RR de 1.07, IC de 96% de 1.02 a 1.11). Elas também correm maior risco de internação hospitalar e de cuidados intensivos. Pessoas do sul da Ásia e pessoas de etnia mista com doenças inflamatórias da pele correm maior risco de morte relacionada à COVID-19, em comparação com pessoas brancas com doenças inflamatórias da pele.[142]

Doença falciforme

Os pacientes com doença falciforme apresentam um maior risco de doença grave e morte se desenvolverem COVID-19. Um registro de pacientes com doença falciforme e COVID-19 nos EUA relatou que a taxa de hospitalização entre adultos com doença falciforme foi de 69%, a taxa de internação na terapia intensiva foi de 11% e a mortalidade foi de 7%.[143] Um estudo de coorte realizado no Reino Unido relatou um risco 4 vezes maior de hospitalização com COVID-19, e um risco 2.5 vezes maior de mortalidade por COVID-19, em pessoas com doença falciforme, em comparação com a população em geral.[144] O traço falciforme está associado a aumento do risco de mortalidade por COVID-19 e a uma maior incidência de insuficiência renal aguda nos 60 dias seguintes a um diagnóstico de COVID-19.[145]

Os pacientes com COVID-19 confirmada devem ser monitorados rigorosamente quanto a sinais de síndrome torácica aguda rapidamente progressiva (trombocitopenia, lesão renal aguda, disfunção hepática, estado mental alterado e insuficiência de múltiplos órgãos). Os sintomas da síndrome torácica aguda podem se sobrepor significativamente aos sintomas da COVID-19. Os médicos devem considerar a possibilidade de hipertensão pulmonar não diagnosticada nos pacientes agudamente enfermos e estar alertas para sinais de síndrome de embolia gordurosa. Os sinais da síndrome da embolia gordurosa incluem agravamento da anemia e do estado mental, hemólise, trombocitopenia, hipoalbuminemia, desconforto respiratório e erupção cutânea petequial; ela pode evoluir rapidamente e carrega uma alta mortalidade.[146]

Sífilis

A Food and Drug Administration dos EUA publicou um alerta informando que podem ocorrer resultados falso-positivos no teste de reagina plasmática rápida (RPR) ao se usar o kit BioPlex 2200 Syphilis Total & RPR da Bio-Rad Laboratories, em algumas pessoas que receberam uma vacina contra COVID-19. Com base nas informações fornecidas pelo fabricante, Bio-Rad Laboratories, foi observada falsa reatividade no teste de RPR em alguns indivíduos por pelo menos cinco meses após a vacinação contra COVID-19.[147] Testes treponêmicos para sífilis, como aglutinação de partículas de Treponema pallidum (TP-PA) e imunoensaios treponêmicos, não parecem ser afetados por esse problema e os pacientes que receberam um resultado de RPR reativo usando o kit de teste BioPlex 2200 Syphilis Total & RPR da Bio-Rad devem estar cientes de que podem precisar ser testados novamente para sífilis com outro teste para confirmar os resultados.

Tuberculose

A coinfecção com tuberculose (TB) e COVID-19 é comum em todo o mundo e está associada a uma mortalidade mais elevada que a infecção apenas com a COVID-19. As taxas médias de fatalidades intra-hospitalares para a TB e a COVID-19 são de 6.5% nos países de alta renda e de 22.5% nos países de baixa/meia rendas.[148]

Os sintomas da tuberculose podem mimetizar os da COVID-19, e o exame para tuberculose pode ser considerado em pacientes selecionados que se apresentarem com COVID-19.[149]

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças aconselham que a administração de vacinas de RNAm contra COVID-19 não deve ser adiada por causa da testagem para infecção por tuberculose (TB). O teste de base imunológica (teste cutâneo com tuberculina ou teste de liberação de interferonas) pode ser feito antes da ou ao mesmo tempo que a vacinação com COVID-19. Se isso não for possível, o testagem de base imunológica deve ser adiada por pelo menos 4 semanas após a conclusão da vacinação para COVID-19, mas ela geralmente não deve ser cancelada. Os pacientes com TB ativa, ou uma doença que esteja sendo avaliada como TB ativa, podem receber a vacinação contra COVID-19. A doença grave ou aguda é uma precaução à administração de todas as vacinas. Os pacientes que apresentam sintomas ou outros achados diagnósticos consistentes com TB ativa devem receber avaliação adicional, independentemente dos resultados dos testes de base imunológica.[150]

Colite ulcerativa

Pessoas com doença inflamatória intestinal têm maior risco de internação em cuidados intensivos ou morte relacionadas à COVID-19, em comparação com a população em geral, após ajuste para fatores de confusão e mediação (RR 1.08, IC de 95% 1.01 a 1.16). Pessoas do sul da Ásia, negras e de etnia mista com doença inflamatória intestinal correm maior risco de morte relacionada à COVID-19, em comparação com pessoas brancas com doença inflamatória intestinal.[142]

Pacientes que fazem uso de inibidores de JAK apresentam aumento do risco de internação hospitalar relacionada à COVID-19, em comparação com pacientes em terapia sistêmica padrão.[142]

Modelos prognósticos para predizer a probabilidade de desfechos adversos da COVID-19 em pacientes com DII estão sendo desenvolvidos.[151]

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