Complicação | Período de ocorrência | Probabilidade |
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lesão renal aguda | curto prazo | alta |
Frequente na doença grave. Pode ser causada por desidratação inicialmente, mas pode ser consequência de coagulação intravascular disseminada ou dano direto aos rins pelo vírus Ebola em estágios avançados.[16][62][83] O reconhecimento precoce por monitoramento do débito urinário e bioquímica sérica permite que ações imediatas sejam tomadas. | ||
sepse/choque séptico | curto prazo | alta |
A etiologia na infecção pelo vírus Ebola ainda não é bem compreendida. Diversos fatores podem contribuir, entre eles: sepse bacteriana, possivelmente por meio da translocação da bactéria através do intestino; um efeito direto do vírus; coagulação intravascular disseminada; e hemorragia.[62] O tratamento segue os mesmos princípios da sepse bacteriana.[139] | ||
coagulação intravascular disseminada | curto prazo | alta |
Predispõe o paciente a complicações por sangramento. Sangramento importante ocorre raramente, mas é uma manifestação de infecção avançada, geralmente fatal. Quando disponíveis, transfusões de sangue total, plaquetas e plasma devem ser realizadas de acordo com os protocolos locais e baseadas em indicadores clínicos e laboratoriais (se disponíveis) (por exemplo, hemoglobina, hematócrito, INR).[138][140] | ||
aborto espontâneo/morte materna | curto prazo | alta |
As gestantes apresentam uma alta incidência de aborto espontâneo, e a infecção é geralmente fatal nessas mulheres.[21][149][151][152] | ||
complicações psicológicas | variável | alta |
Sobreviventes e filhos daqueles que faleceram são estigmatizados e condenados ao ostracismo em muitas comunidades. Isso pode estar associado a problemas psicológicos, incluindo depressão, ansiedade, transtorno do estresse pós-traumático, transtorno obsessivo-compulsivo, dependência de substâncias e tendências suicidas. Aproximadamente 20% dos sobreviventes são diagnosticados com depressão.[185][186][187][188] | ||
complicações tardias na convalescença | variável | baixa |
Pacientes que sobrevivem comumente apresentam uma recuperação prolongada caracterizada por astenia, perda de peso e artralgia migratória. Descamação da pele e queda de cabelos transitória também são frequentes. Manifestações tardias durante a convalescença são incomuns, mas podem incluir orquite, mielite, parotidite, pancreatite, hepatite, psicose e perda auditiva/zumbido.[17] Os sobreviventes também apresentam risco de uveíte (anterior, posterior ou panuveíte), que pode causar complicações estruturais secundárias, comprometimento da visão ou cegueira.[176] Um estudo retrospectivo, não controlado e transversal revelou que aproximadamente 28% dos sobreviventes desenvolveram uveíte associada ao Ebola e 3% desenvolveram neuropatia óptica associada ao Ebola. Naqueles com uveíte, 38.5% dos pacientes eram cegos.[177] Um sobrevivente apresentou uveíte aguda com detecção de vírus Ebola viável 14 semanas após o início da infecção e 9 semanas após a eliminação do vírus do sangue.[178] Também foram relatadas cataratas brancas unilaterais e uma nova lesão da retina na distribuição anatômica dos axônios do nervo óptico.[180] Um profissional da saúde expatriado apresentou meningoencefalite pelo vírus Ebola (RT-PCR do LCR e plasma foram positivos para vírus Ebola) 9 meses após recuperar-se de doença primária grave pelo vírus Ebola em 2015. O sequenciamento completo do genoma foi realizado comparando o vírus inicial detectado no sangue na apresentação com o vírus detectado no LCR em 10 meses, não revelando nenhuma alteração nas regiões de codificação. Os autores deste estudo concluíram que não conseguiram discernir se o vírus permaneceu latente e reativado ou continuamente replicado, mas conseguiram confirmar, por sequenciamento, que não houve surgimento de uma variante de fuga imune[182]Houve também relato de um caso de encefalite tardia e poliartrite,[183] A etiologia dessas manifestações não está clara, mas pode estar relacionada a fenômenos associados a imunocomplexos ou à persistência do vírus Ebola em locais imuno-privilegiados. |
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