A doença do Ebola é uma doença de notificação compulsória. A base do tratamento é o reconhecimento precoce da infecção, juntamente com isolamento eficaz e cuidados de suporte otimizados em ambiente hospitalar.
Altas taxas de letalidade podem estar relacionadas aos cuidados de suporte disponíveis em ambientes rurais e com poucos recursos onde ocorreram surtos, e refletem as dificuldades de acesso dos pacientes nesses ambientes a cuidados clínicos básicos em uma estrutura de saúde sobrecarregada.[18]WHO Ebola Response Team. Ebola virus disease in West Africa: the first 9 months of the epidemic and forward projections. N Engl J Med. 2014 Oct 16;371(16):1481-95.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1411100#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25244186?tool=bestpractice.com
[20]Bah EI, Lamah MC, Fletcher T, et al. Clinical presentation of patients with Ebola virus disease in Conakry, Guinea. N Engl J Med. 2015 Jan 1;372(1):40-7.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1411249#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25372658?tool=bestpractice.com
Os casos importados para países desenvolvidos apresentam um cenário diferente, com cuidados de suporte abrangentes disponíveis nesses ambientes, incluindo o suporte orgânico em unidades de terapia intensiva.[45]Kreuels B, Wichmann D, Emmerich P, et al. A case of severe Ebola virus infection complicated by gram-negative septicemia. N Engl J Med. 2014 Dec 18;371(25):2394-401.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1411677#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25337633?tool=bestpractice.com
[134]Wolf T, Kann G, Becker S, et al. Severe Ebola virus disease with vascular leakage and multiorgan failure: treatment of a patient in intensive care. Lancet. 2015 Apr 11;385(9976):1428-35.
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736%2814%2962384-9/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25534190?tool=bestpractice.com
Apesar disso, a falta de terapias comprovadas e específicas significa que fatalidades ocorrem mesmo em países desenvolvidos, onde existem melhores cuidados de suporte.[107]Lyon GM, Mehta AK, Varkey JB, et al; Emory Serious Communicable Diseases Unit. Clinical care of two patients with Ebola virus disease in the United States. N Engl J Med. 2014 Dec 18;371(25):2402-9.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1409838#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25390460?tool=bestpractice.com
[135]Parra JM, Salmerón OJ, Velasco M. The first case of Ebola virus disease acquired outside Africa. N Engl J Med. 2014 Dec 18;371(25):2439-40.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMc1412662
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25409262?tool=bestpractice.com
[136]Uyeki TM, Mehta AK, Davey RT Jr, et al. Clinical management of Ebola virus disease in the United States and Europe. N Engl J Med. 2016 Feb 18;374(7):636-46.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1504874#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26886522?tool=bestpractice.com
Anteriormente houve um amplo debate sobre a adequação de mover pacientes com doença avançada e um prognóstico desfavorável para os cuidados intensivos onde o risco de infecção nosocomial pode ser alto. Acreditava-se que a incapacidade de fornecer cuidados de suporte completos àqueles com suspeita de infecção (mas sem confirmação) poderia resultar em cuidados de qualidade inferior para esses pacientes, que podem subsequentemente se revelar com uma doença tratável como a malária. Agora está claro que cuidados de suporte completos podem reduzir a mortalidade, com uma taxa de sobrevida relatada de 81.5% em pacientes tratados fora da África Ocidental, e que devem ser fornecidos sempre que possível.[137]Zacharowski K, Brodt HR, Wolf T. Medical treatment of an Ebola-infected doctor -ethics over costs? Lancet. 2015 Feb 21;385(9969):685.
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(15)60279-3/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25706208?tool=bestpractice.com
[138]Solano T, Gilbert GL, Kerridge IH, et al. Ethical considerations in the management of Ebola virus disease. Med J Aust. 2015 Aug 17;203(4):193-5e.1.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26268293?tool=bestpractice.com
[139]Jacobs M, Beadsworth M, Schmid M, et al. Provision of care for Ebola. Lancet. 2014 Dec 13;384(9960):2105-6.
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(14)62250-9/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25479694?tool=bestpractice.com
Os protocolos hospitalares locais devem considerar como essa situação seria manipulada para pacientes que apresentam suspeita de infecção antes de uma possível transferência para a unidade de terapia intensiva, bem como para aqueles que já foram transferidos.[115]Fowler RA, Fletcher T, Fischer WA 2nd, et al. Caring for critically ill patients with Ebola virus disease. Perspectives from West Africa. Am J Respir Crit Care Med. 2014 Oct 1;190(7):733-7.
https://www.atsjournals.org/doi/full/10.1164/rccm.201408-1514CP#.VEe1OvldWnA
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25166884?tool=bestpractice.com
[136]Uyeki TM, Mehta AK, Davey RT Jr, et al. Clinical management of Ebola virus disease in the United States and Europe. N Engl J Med. 2016 Feb 18;374(7):636-46.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1504874#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26886522?tool=bestpractice.com
[138]Solano T, Gilbert GL, Kerridge IH, et al. Ethical considerations in the management of Ebola virus disease. Med J Aust. 2015 Aug 17;203(4):193-5e.1.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26268293?tool=bestpractice.com
[140]Decker BK, Sevransky JE, Barrett K, et al. Preparing for critical care services to patients with ebola. Ann Intern Med. 2014 Dec 2;161(11):831-2.
https://annals.org/article.aspx?articleid=1910124
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25244048?tool=bestpractice.com
[141]Canadian Critical Care Society; Canadian Association of Emergency Physicians; Association of Medical Microbiology and Infectious Diseases of Canada. Ebola clinical care guidelines: a guide for clinicians in Canada. October 2014 [internet publication].
https://www.canadiancriticalcare.org/resources/Pictures/Ebola%20Clinical%20Care%20Guidelines_ENG.pdf
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Enfermaria em um centro de tratamento de Ebola na África Ocidental, 2014Do acervo pessoal de Chris Lane, MSc; usado com permissão [Citation ends].
Prevenção e controle de infecção
A prevenção e o controle de infecções (PCI) é uma preocupação imediata, devendo-se seguir os protocolos locais. Os pacientes identificados como em risco de infecção conforme as definições de casos devem ser isolados imediatamente, devendo-se usar equipamentos de proteção individual (EPI) até que a infecção seja confirmada ou descartada.
A OMS recomenda os seguintes princípios de PCI em serviços de saúde.[92]World Health Organization. Infection prevention and control guideline for Ebola and Marburg disease. Aug 2023 [internet publication].
https://www.who.int/publications/i/item/WHO-WPE-CRS-HCR-2023.1
Uma abordagem de PCI em "círculos de isolamento" é recomendada nas unidades de saúde e comunidades durante o manejo de casos.
Em áreas geográficas onde o vírus circula, todas as pessoas devem ser rastreadas no primeiro ponto de contato com uma unidade de saúde, utilizando uma técnica sem contato, para permitir o reconhecimento precoce dos casos suspeitados.
Todos os casos suspeitados devem ser triados para se determinar a gravidade da doença e identificar os pacientes que necessitarem de cuidados imediatos.
Os pacientes com suspeita ou confirmação de infecção devem ser isolados, preferencialmente em um quarto individual.
A interação com familiares e visitantes deve ser incentivada para promover o bem-estar, evitando-se, ao mesmo tempo, o contato direto com outras pessoas.
A higiene das mãos deve ser realizada com álcool em gel para esfregar as mãos ou sabão e água corrente, utilizando-se a técnica correta.
Devem ser usados EPI apropriados quando em contato com um caso suspeitado ou confirmado.
As membranas mucosas dos olhos, boca e nariz devem estar completamente cobertas. Deve-se usar um protetor facial ou óculos de proteção (sob a cobertura da cabeça e do pescoço). São recomendadas máscaras cirúrgicas ou médicas resistentes a fluidos e com design estruturado (para que não se retraiam contra a boca). Um respirador de partículas resistente a fluidos deve ser usado durante os procedimentos geradores de aerossóis.
Luvas e uma bata descartável (ou macacão) e avental de tecido que tiver sido testado para resistência à penetração de fluidos corporais ou patógenos sanguíneos devem ser usados. As luvas nitrílicas são preferíveis às luvas de látex.
Os requisitos específicos de EPI dependem do nível de contato com o paciente (ou seja, contato indireto, como rastreamento e triagem versus contato direto de um caso). O EPI não é necessário durante atividades de rastreamento em que se puder assegurar uma distância de pelo menos 1 metro e uma abordagem sem contato ser seguida de maneira estrita.
As superfícies devem ser desinfectadas (usando-se o método de esfrega) nos serviços e ambientes que fornecerem assistência a pacientes com infecção suspeitada ou confirmada.
Todos os resíduos gerados pelos cuidados a um paciente com infecção suspeitada ou confirmada devem ser tratados como resíduos infecciosos.
Os profissionais da saúde com exposição ocupacional devem ser imediatamente avaliados em relação ao risco de exposição e tratados de maneira adequada.
Orientações mais detalhadas sobre prevenção e controle de infecções são disponibilizadas pela OMS:
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Principais medidas de controle e prevenção de infecções da diretriz da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o EbolaWillet V et al. BMJ 2024; 384 :p2811 doi:10.1136/bmj.p2811; usado com permissão [Citation ends].
Também são disponibilizadas orientações pelo CDC:
Amostras para investigações laboratoriais (por exemplo, reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa [RT-PCR] para Ebola, hemograma completo, ureia e creatinina séricas, testes da função hepática, gasometria arterial, estudos de coagulação, hemoculturas e investigações para outras condições, como malária) devem ser coletadas e enviadas de acordo com protocolos locais e nacionais. A seleção criteriosa das investigações é importante para reduzir o risco de transmissão a profissionais de laboratório e outros profissionais da saúde. A inserção de um cateter central no início da internação do paciente (se possível) permite que amostras de sangue sejam coletadas e fluidos sejam administrados, além de minimizar o risco de lesões por picada de agulha.[142]Rees PS, Lamb LE, Nicholson-Roberts TC, et al. Safety and feasibility of a strategy of early central venous catheter insertion in a deployed UK military Ebola virus disease treatment unit. Intensive Care Med. 22015 May;41(5):735-43.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25761540?tool=bestpractice.com
A OMS e o CDC produzem orientações detalhadas sobre coleta de amostras:
Cuidados de suporte otimizados
Cuidados de suporte otimizados e individualizados são recomendados para todos os pacientes.[143]World Health Organization. Optimized supportive care for Ebola virus disease. July 2019 [internet publication].
https://www.who.int/publications-detail/optimized-supportive-care-for-ebola-virus-disease
[144]Centers for Disease Control and Prevention. Clinical guidance for Ebola disease. May 2024 [internet publication].
https://www.cdc.gov/ebola/hcp/clinical-guidance
Avaliação e reavaliação sistemáticas dos pacientes
Avaliar os sinais vitais, exame físico, estado hídrico e monitoramento laboratorial. Registra e responde a alterações ou a parâmetros clínicos e laboratoriais anormais.
Pacientes com alto risco de complicações: avaliar pelo menos a cada hora. Recomenda-se uma razão de um profissional para até dois pacientes.
Pacientes sem alto risco de complicações: avaliar pelo menos três vezes por 24 horas (a cada 8 horas). Recomenda-se uma razão de um profissional para até quatro pacientes.
Avaliar o bem-estar físico, social, psicológico e espiritual no momento da internação e diariamente.
Ressuscitação fluídica
A reidratação oral é recomendada para os pacientes que consigam beber.
A administração parenteral de fluidos adequados é recomendada para os pacientes que não consigam beber ou que apresentem desidratação grave, sepse ou choque.
Vasopressores podem ser necessários para o choque se a ressuscitação fluídica não for bem-sucedida.
Monitoramento e correção dos eletrólitos
Realize exames bioquímicos diariamente durante a fase aguda da doença, e hematológicos no momento da internação e sempre que necessário, e trate os distúrbios eletrolíticos de acordo com a necessidade.
Controle e monitoramento da glicemia
Tratamento de potenciais coinfecções
Administre antibióticos empíricos no momento da internação, com uma reavaliação após 48 horas.
Administre tratamento antimalárico empírico até que o teste de malária seja negativo ou o ciclo do tratamento termine.
Nutrição
Se possível, estimule a nutrição por via oral.
Forneça nutrição enteral à medida que for tolerada.
Considere a dextrose intravenosa nos pacientes que não tolerem alimentação por via oral e que apresentem evidencias de hipoglicemia.
Cuidados sintomáticos
Tratar febre, dor, náuseas/vômitos, dispepsia, diarreia, ansiedade e agitação.
Prevenção e tratamento das complicações
Prevenir infecções associadas a cateter e úlceras por pressão.
Tratar as complicações, incluindo convulsões, encefalopatia, hemorragia, lesão renal aguda, acidose metabólica, insuficiência respiratória hipóxica e sepse/choque séptico.
Cada paciente deve ser avaliado sistematicamente a cada dia, usando-se uma checklist adequada. Um exemplo é disponibilizado pela OMS.[143]World Health Organization. Optimized supportive care for Ebola virus disease. July 2019 [internet publication].
https://www.who.int/publications-detail/optimized-supportive-care-for-ebola-virus-disease
Mais informações sobre esses princípios de tratamento são detalhadas abaixo.
WHO: optimized supportive care for Ebola virus disease
Opens in new window
Reposição eletrolítica e de fluidos
A alta frequência de vômitos e diarreia significa que os pacientes frequentemente estão desidratados e hipovolêmicos, principalmente se eles se apresentarem tardiamente. Isso provavelmente é responsável pelas altas taxas de letalidade em surtos, pois o monitoramento clínico básico (ou seja, temperatura, frequência respiratória, frequência de pulso, pressão arterial e ingestão/débito de líquido) é essencial, mas frequentemente é difícil em ambientes com poucos recursos.
Soluções de reidratação oral podem ser usadas em pacientes tolerantes à administração oral que não estejam gravemente desidratados, mas a maioria deles precisa de fluidoterapia intravenosa com soro fisiológico normal ou solução de Ringer lactato.[20]Bah EI, Lamah MC, Fletcher T, et al. Clinical presentation of patients with Ebola virus disease in Conakry, Guinea. N Engl J Med. 2015 Jan 1;372(1):40-7.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1411249#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25372658?tool=bestpractice.com
[94]Hunt L, Gupta-Wright A, Simms V, et al. Clinical presentation, biochemical, and haematological parameters and their association with outcome in patients with Ebola virus disease: an observational cohort study. Lancet Infect Dis. 2015 Nov;15(11):1292-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26271406?tool=bestpractice.com
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Suprimentos de solução de reidratação oral em um centro de tratamento de Ebola na África Ocidental, 2014Do acervo pessoal de Chris Lane, MSc; usado com permissão [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Inserção de um acesso intravenoso em um adulto infectado com vírus Ebola (África Ocidental)Do acervo de Tom E. Fletcher, MBE, MBChB, MRCP, DTM&H; usado com permissão [Citation ends].
Marcadores de perfusão desfavorável podem indicar ingestão oral insuficiente ou inadequada. Neste caso, os pacientes devem passar prontamente para a administração intravenosa. As opções incluem a via intravenosa periférica ou central, ou a via intraóssea.[145]Lamontagne F, Fowler RA, Adhikari NK, et al. Evidence-based guidelines for supportive care of patients with Ebola virus disease. Lancet. 2018 Feb 17;391(10121):700-8.
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(17)31795-6/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29054555?tool=bestpractice.com
O volume de fluidoterapia intravenosa necessário deve ser avaliado com base no exame clínico (ou seja, nível de desidratação, sinais de choque) e perdas de fluidos (ou seja, volume de diarreia e/ou vômito). Grandes volumes de reposição de fluidos (até 10 L/dia) podem ser necessários em pacientes febris com diarreia.[45]Kreuels B, Wichmann D, Emmerich P, et al. A case of severe Ebola virus infection complicated by gram-negative septicemia. N Engl J Med. 2014 Dec 18;371(25):2394-401.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1411677#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25337633?tool=bestpractice.com
[146]Perner A, Fowler R, Bellomo R, et al. Ebola care and research protocols. Intensive Care Med. 2015 Jan;41(1):111-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25427868?tool=bestpractice.com
[147]Roberts I, Perner A. Ebola virus disease: clinical care and patient-centred research. Lancet. 2014 Dec 6;384(9959):2001-2.
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736%2814%2962316-3/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25483156?tool=bestpractice.com
Pode ser necessária a reposição de grandes quantidades de potássio (por exemplo, 5-10 mmol [5-10 mEq/L] de cloreto de potássio por hora).[22]Schieffelin JS, Shaffer JG, Goba A, et al; KGH Lassa Fever Program; Viral Hemorrhagic Fever Consortium; WHO Clinical Response Team. Clinical illness and outcomes in patients with Ebola in Sierra Leone. N Engl J Med. 2014 Nov 27;371(22):2092-100.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1411680#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25353969?tool=bestpractice.com
[134]Wolf T, Kann G, Becker S, et al. Severe Ebola virus disease with vascular leakage and multiorgan failure: treatment of a patient in intensive care. Lancet. 2015 Apr 11;385(9976):1428-35.
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736%2814%2962384-9/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25534190?tool=bestpractice.com
[148]Clay KA, Johnston AM, Moore A, et al. Targeted electrolyte replacement in patients with Ebola virus disease. Clin Infect Dis. 2015 Sep 15;61(6):1030-1.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26056238?tool=bestpractice.com
É necessário que haja supervisão rigorosa e monitoramento frequente, pois é importante avaliar a resposta e evitar a sobrecarga hídrica. Os pacientes devem ser verificados com frequência quanto a sinais de choque, desidratação ou hiperidratação, devendo-se ajustar adequadamente a taxa de fluidos. Para detectar a hipovolemia, é necessário o monitoramento sistemático dos sinais vitais (por exemplo, frequência cardíaca, pressão arterial, débito urinário, perdas gastrintestinais de fluido) e volemia, pelo menos, três vezes por dia.[145]Lamontagne F, Fowler RA, Adhikari NK, et al. Evidence-based guidelines for supportive care of patients with Ebola virus disease. Lancet. 2018 Feb 17;391(10121):700-8.
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(17)31795-6/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29054555?tool=bestpractice.com
Loperamida oral pode ajudar a reduzir a diarreia profusa, mas são necessárias mais evidências para determinar seu papel, e ela não é recomendada atualmente pela OMS.[149]World Health Organization. Manual for the care and management of patients in Ebola care units/community care centres: interim emergency guidance. January 2015 [internet publication].
https://www.who.int/publications/i/item/manual-for-the-care-and-management-of-patients-in-ebola-care-units-community-care-centres
[150]Kendall RE, Gosser RA, Schulz LT, et al. Anti-diarrheal medication use in the treatment of Ebola virus-induced diarrhea. Travel Med Infect Dis. 2015 Mar-Apr;13(2):205-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25682446?tool=bestpractice.com
[151]Chertow DS, Uyeki TM, DuPont HL. Loperamide therapy for voluminous diarrhea in Ebola virus disease. J Infect Dis. 2015 Apr 1;211(7):1036-7.
https://jid.oxfordjournals.org/content/early/2015/02/04/infdis.jiv001.long
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25573887?tool=bestpractice.com
[152]World Health Organization. Clinical management of patients with viral haemorrhagic fever: a pocket guide for the front-line health worker. Feb 2016 [internet publication].
https://apps.who.int/iris/bitstream/10665/205570/1/9789241549608_eng.pdf?ua=1
A disponibilidade de testes laboratoriais remotos dentro da unidade de isolamento torna o monitoramento do estado bioquímico do paciente mais eficiente e reduz os riscos associados ao transporte de amostras.[115]Fowler RA, Fletcher T, Fischer WA 2nd, et al. Caring for critically ill patients with Ebola virus disease. Perspectives from West Africa. Am J Respir Crit Care Med. 2014 Oct 1;190(7):733-7.
https://www.atsjournals.org/doi/full/10.1164/rccm.201408-1514CP#.VEe1OvldWnA
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25166884?tool=bestpractice.com
O monitoramento eletrolítico deve ser executado diariamente, com reposição conforme a necessidade.[20]Bah EI, Lamah MC, Fletcher T, et al. Clinical presentation of patients with Ebola virus disease in Conakry, Guinea. N Engl J Med. 2015 Jan 1;372(1):40-7.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1411249#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25372658?tool=bestpractice.com
Monitoramento mais frequente pode ser considerado se grandes volumes de fluidoterapia intravenosa estiverem sendo administrados ou se houver anormalidades bioquímicas graves. Níveis elevados de lactato sanguíneo podem ser uma medida confiável de hipoperfusão e podem ajudar a orientar a ressuscitação fluídica.[115]Fowler RA, Fletcher T, Fischer WA 2nd, et al. Caring for critically ill patients with Ebola virus disease. Perspectives from West Africa. Am J Respir Crit Care Med. 2014 Oct 1;190(7):733-7.
https://www.atsjournals.org/doi/full/10.1164/rccm.201408-1514CP#.VEe1OvldWnA
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25166884?tool=bestpractice.com
As diretrizes da OMS devem ser consultadas para recomendações específicas quanto ao manejo hídrico e eletrolítico, e sobre a manutenção adequada da nutrição durante a doença aguda e na fase convalescente.
WHO: optimized supportive care for Ebola virus disease
Opens in new window
WHO: manual for the care and management of patients in Ebola care units/community care centres - interim emergency guidance
Opens in new window
WHO: clinical management of patients with viral haemorrhagic fever: a pocket guide for the front-line health worker
Opens in new window
Tratamento sintomático
Febre e dor:
O tratamento de primeira linha consiste em paracetamol. Os analgésicos opioides (por exemplo, tramadol, morfina) são preferíveis para a dor mais intensa. Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), incluindo a aspirina, devem ser evitados em razão do aumento do risco associado de sangramento e do potencial para nefrotoxicidade.[143]World Health Organization. Optimized supportive care for Ebola virus disease. July 2019 [internet publication].
https://www.who.int/publications-detail/optimized-supportive-care-for-ebola-virus-disease
[152]World Health Organization. Clinical management of patients with viral haemorrhagic fever: a pocket guide for the front-line health worker. Feb 2016 [internet publication].
https://apps.who.int/iris/bitstream/10665/205570/1/9789241549608_eng.pdf?ua=1
Sintomas gastrointestinais:
Antieméticos orais ou intravenosos (por exemplo, ondansetrona, prometazina) são recomendados para as náuseas/vômitos.[143]World Health Organization. Optimized supportive care for Ebola virus disease. July 2019 [internet publication].
https://www.who.int/publications-detail/optimized-supportive-care-for-ebola-virus-disease
[152]World Health Organization. Clinical management of patients with viral haemorrhagic fever: a pocket guide for the front-line health worker. Feb 2016 [internet publication].
https://apps.who.int/iris/bitstream/10665/205570/1/9789241549608_eng.pdf?ua=1
Sistemas de controle fecal foram usados com sucesso no surto de 2014 na África Ocidental em pacientes com diarreia intensa. Todos foram bem tolerados e proporcionaram benefícios de prevenção e controle de infecções para os profissionais da saúde.[117]Dickson SJ, Clay KA, Adam M, et al. Enhanced case management can be delivered for patients with EVD in Africa: experience from a UK military Ebola treatment centre in Sierra Leone. J Infect. 2018 Apr;76(4):383-92.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5903873
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29248587?tool=bestpractice.com
Pirose/disfagia/dor abdominal:
Os pacientes podem se beneficiar da administração de um antiácido adequado ou um inibidor da bomba de prótons (por exemplo, omeprazol).[143]World Health Organization. Optimized supportive care for Ebola virus disease. July 2019 [internet publication].
https://www.who.int/publications-detail/optimized-supportive-care-for-ebola-virus-disease
[152]World Health Organization. Clinical management of patients with viral haemorrhagic fever: a pocket guide for the front-line health worker. Feb 2016 [internet publication].
https://apps.who.int/iris/bitstream/10665/205570/1/9789241549608_eng.pdf?ua=1
Convulsões:
Embora sejam incomuns, as convulsões são uma característica de doença avançada e representam um risco para profissionais da saúde porque aumentam o risco de contato com os fluidos corporais do paciente. O reconhecimento e a correção de fatores contribuintes (por exemplo, alta temperatura, hipoperfusão, distúrbios eletrolíticos, hipoglicemia) são essenciais. Um benzodiazepínico pode ser usado para interromper a convulsão, ao passo que um anticonvulsivante (por exemplo, fenobarbital) pode ser administrado para convulsões repetidas.[143]World Health Organization. Optimized supportive care for Ebola virus disease. July 2019 [internet publication].
https://www.who.int/publications-detail/optimized-supportive-care-for-ebola-virus-disease
[152]World Health Organization. Clinical management of patients with viral haemorrhagic fever: a pocket guide for the front-line health worker. Feb 2016 [internet publication].
https://apps.who.int/iris/bitstream/10665/205570/1/9789241549608_eng.pdf?ua=1
Se não houver acesso intravenoso, pode ser administrado por via intramuscular ou retal.
Agitação:
Embora incomum, a agitação pode estar associada a encefalopatia ou, possivelmente, a um efeito direto do vírus no cérebro, e pode ocorrer na doença avançada. O uso criterioso de sedativo (por exemplo, haloperidol ou um benzodiazepínico) é fundamental para manter o paciente calmo e prevenir lesões por picada de agulha em profissionais da saúde.[143]World Health Organization. Optimized supportive care for Ebola virus disease. July 2019 [internet publication].
https://www.who.int/publications-detail/optimized-supportive-care-for-ebola-virus-disease
[152]World Health Organization. Clinical management of patients with viral haemorrhagic fever: a pocket guide for the front-line health worker. Feb 2016 [internet publication].
https://apps.who.int/iris/bitstream/10665/205570/1/9789241549608_eng.pdf?ua=1
Dificuldade respiratória:
Deve-se ajustar o oxigênio para manter a SpO2 >94%. Os pacientes devem ser avaliados quanto a pneumonia, sobrecarga hídrica, sibilância e insuficiência cardíaca e receber o devido tratamento.[143]World Health Organization. Optimized supportive care for Ebola virus disease. July 2019 [internet publication].
https://www.who.int/publications-detail/optimized-supportive-care-for-ebola-virus-disease
[152]World Health Organization. Clinical management of patients with viral haemorrhagic fever: a pocket guide for the front-line health worker. Feb 2016 [internet publication].
https://apps.who.int/iris/bitstream/10665/205570/1/9789241549608_eng.pdf?ua=1
O acesso intraósseo pode ser necessário em alguns pacientes.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Inserção de um acesso intraósseo em um adulto infectado com vírus Ebola em estado crítico (África Ocidental)Do acervo de Tom E. Fletcher, MBE, MBChB, MRCP, DTM&H; usado com permissão [Citation ends].
Sepse/choque séptico
A identificação de sepse ou choque séptico deve ser realizada rapidamente usando critérios estabelecidos.
O tratamento segue os mesmos princípios da sepse bacteriana. A orientação local deve ser seguida, mas deve incluir:[153]Evans L, Rhodes A, Alhazzani W, et al. Surviving Sepsis Campaign: international guidelines for management of sepsis and septic shock 2021. Crit Care Med. 2021 Nov 1;49(11): e1063-e1143.
https://journals.lww.com/ccmjournal/Fulltext/2021/11000/Surviving_Sepsis_Campaign__International.21.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34605781?tool=bestpractice.com
Antibióticos de amplo espectro são usados em pacientes com infecção tendo como alvo a suposta translocação de organismos intestinais. Não há nenhuma evidência que respalde isso, e é difícil realizar hemoculturas com segurança em pacientes infectados. Em alguns cenários, especialmente em áreas endêmicas onde o acesso a testes diagnósticos é limitado, os pacientes são tratados rotineiramente com antibióticos de amplo espectro como parte do protocolo de manejo.
Os níveis de lactato sanguíneo são uma ferramenta útil para ajudar a avaliar a perfusão e resposta à ressuscitação.
Na ausência de resposta ao manejo inicial, deve-se considerar suporte inotrópico, preferencialmente via cateter venoso central em uma unidade de terapia intensiva, onde o monitoramento invasivo permite a correção mais agressiva de fluidos, eletrólitos e do equilíbrio ácido-básico.[115]Fowler RA, Fletcher T, Fischer WA 2nd, et al. Caring for critically ill patients with Ebola virus disease. Perspectives from West Africa. Am J Respir Crit Care Med. 2014 Oct 1;190(7):733-7.
https://www.atsjournals.org/doi/full/10.1164/rccm.201408-1514CP#.VEe1OvldWnA
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25166884?tool=bestpractice.com
[141]Canadian Critical Care Society; Canadian Association of Emergency Physicians; Association of Medical Microbiology and Infectious Diseases of Canada. Ebola clinical care guidelines: a guide for clinicians in Canada. October 2014 [internet publication].
https://www.canadiancriticalcare.org/resources/Pictures/Ebola%20Clinical%20Care%20Guidelines_ENG.pdf
A possibilidade de hemorragia deve ser considerada, principalmente em pacientes com sangramento cutâneo ou das mucosas.
As diretrizes da OMS devem ser consultadas para obter recomendações específicas sobre o manejo de sepse/choque séptico.
WHO: optimized supportive care for Ebola virus disease
Opens in new window
WHO: manual for the care and management of patients in Ebola care units/community care centres - interim emergency guidance
Opens in new window
WHO: clinical management of patients with viral haemorrhagic fever: a pocket guide for the front-line health worker
Opens in new window
Sangramento/hemorragia significativa
Sangramentos importantes ocorrem raramente, mas são uma manifestação de infecção avançada, que em geral, mas nem sempre, é fatal.
Quando disponíveis, transfusões de sangue total, plaquetas e plasma devem ser realizadas de acordo com os protocolos locais e baseadas em indicadores clínicos e laboratoriais (se disponíveis) (por exemplo, hemoglobina, hematócrito, INR).[152]World Health Organization. Clinical management of patients with viral haemorrhagic fever: a pocket guide for the front-line health worker. Feb 2016 [internet publication].
https://apps.who.int/iris/bitstream/10665/205570/1/9789241549608_eng.pdf?ua=1
[154]Wada H, Thachil J, Di Nisio M, et al. Guidance for diagnosis and treatment of DIC from harmonization of the recommendations from three guidelines. J Thromb Haemost. 2013 Feb 4;11(4):761-7.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/jth.12155/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23379279?tool=bestpractice.com
[155]Warren T, Jordan R, Lo M, et al. Nucleotide prodrug GS-5734 is a broad-spectrum Filovirus inhibitor that provides complete therapeutic protection against the development of Ebola Virus Disease (EVD) in infected non-human primates. Late breaker abstract 2. Presented at IDWeek. San Diego, 2015.
https://idsa.confex.com/idsa/2015/webprogram/Paper54208.html
A vitamina K, o ácido tranexâmico ou o inibidor da bomba de prótons (para hemorragia digestiva) são opções de tratamento apropriadas nos pacientes que apresentem sangramento.[143]World Health Organization. Optimized supportive care for Ebola virus disease. July 2019 [internet publication].
https://www.who.int/publications-detail/optimized-supportive-care-for-ebola-virus-disease
[152]World Health Organization. Clinical management of patients with viral haemorrhagic fever: a pocket guide for the front-line health worker. Feb 2016 [internet publication].
https://apps.who.int/iris/bitstream/10665/205570/1/9789241549608_eng.pdf?ua=1
Disfunção de órgãos
A disfunção de múltiplos órgãos é uma característica comum de infecção avançada e inclui lesão renal aguda, pancreatite, insuficiência adrenal e dano ao fígado. O dano ao fígado (por exemplo, hepatite) é comum; no entanto, icterícia não é uma característica frequente.[69]Fletcher T, Fowler RA, Beeching NJ. Understanding organ dysfunction in Ebola virus disease. Intensive Care Med. 2014 Dec;40(12):1936-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25366120?tool=bestpractice.com
Disfunção renal é comum, mas pode ser revertida com ressuscitação fluídica adequada nos estágios iniciais.[69]Fletcher T, Fowler RA, Beeching NJ. Understanding organ dysfunction in Ebola virus disease. Intensive Care Med. 2014 Dec;40(12):1936-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25366120?tool=bestpractice.com
Em pacientes com anúria que não respondem à ressuscitação fluídica, terapia renal substitutiva foi usada, embora não existam dados de ensaios para dar suporte à eficácia dessa intervenção. Dos 5 pacientes em estado crítico na Europa e na América do Norte com insuficiência de múltiplos órgãos que foram tratados com ventilação mecânica e terapia renal substitutiva, 3 morreram.[45]Kreuels B, Wichmann D, Emmerich P, et al. A case of severe Ebola virus infection complicated by gram-negative septicemia. N Engl J Med. 2014 Dec 18;371(25):2394-401.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1411677#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25337633?tool=bestpractice.com
[107]Lyon GM, Mehta AK, Varkey JB, et al; Emory Serious Communicable Diseases Unit. Clinical care of two patients with Ebola virus disease in the United States. N Engl J Med. 2014 Dec 18;371(25):2402-9.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1409838#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25390460?tool=bestpractice.com
[134]Wolf T, Kann G, Becker S, et al. Severe Ebola virus disease with vascular leakage and multiorgan failure: treatment of a patient in intensive care. Lancet. 2015 Apr 11;385(9976):1428-35.
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736%2814%2962384-9/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25534190?tool=bestpractice.com
[136]Uyeki TM, Mehta AK, Davey RT Jr, et al. Clinical management of Ebola virus disease in the United States and Europe. N Engl J Med. 2016 Feb 18;374(7):636-46.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1504874#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26886522?tool=bestpractice.com
[156]Connor MJ Jr, Kraft C, Mehta AK, et al. Successful delivery of RRT in Ebola virus disease. J Am Soc Nephrol. 2015 Jan;26(1):31-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25398785?tool=bestpractice.com
Sangue total ou plasma de convalescentes
Surtos anteriores proporcionaram evidências limitadas de que a transfusão de sangue de pacientes convalescentes pode ser benéfica na fase aguda da infecção e reduzir a mortalidade.[6]Roddy P, Howard N, Van Kerkhove MD, et al. Clinical manifestations and case management of Ebola haemorrhagic fever caused by a newly identified virus strain, Bundibugyo, Uganda, 2007-2008. PLoS One. 2012 Dec 28;7(12):e52986.
https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0052986
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23285243?tool=bestpractice.com
[157]World Health Organization. Interim guidance: potential Ebola therapies and vaccines. Nov 2014 [internet publication].
https://apps.who.int/iris/bitstream/10665/137590/1/WHO_EVD_HIS_EMP_14.1_eng.pdf?ua=1
O uso de plasma convalescente tende a ser mais acessível e eficaz que o uso de sangue total.[158]Kreil TR. Treatment of Ebola virus infection with antibodies from reconvalescent donors. Emerg Infect Dis. 2015 Mar;21(3):521-3.
https://wwwnc.cdc.gov/eid/article/21/3/14-1838_article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25695274?tool=bestpractice.com
[159]Gutfraind A, Myers LA. Evaluating large-scale blood transfusion therapy for the current Ebola epidemic in Liberia. J Infect Dis. 22015 Apr 15;211(8):1262-7.
https://jid.oxfordjournals.org/content/211/8/1262
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25635118?tool=bestpractice.com
A OMS publicou diretrizes temporárias sobre o uso de sangue/plasma de convalescentes. Ensaios clínicos realizados na Guiné não conseguiram demonstrar nenhum benefício de sobrevida em pacientes tratados com plasma de convalescentes, embora o tratamento pareça ser seguro, sem nenhuma complicação grave documentada.[160]van Griensven J, Edwards T, de Lamballerie X, et al. Evaluation of convalescent plasma for Ebola virus disease in Guinea. N Engl J Med. 2016 Jan 7;374(1):33-42.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1511812#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26735992?tool=bestpractice.com
[161]van Griensven J, De Weiggheleire A, Delamou A, et al. The use of Ebola convalescent plasma to treat Ebola virus disease in resource-constrained settings: a perspective from the field. Clin Infect Dis. 2016 Jan 1;62(1):69-74.
https://academic.oup.com/cid/article/62/1/69/2462604/The-Use-of-Ebola-Convalescent-Plasma-to-Treat
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26261205?tool=bestpractice.com
WHO: use of convalescent whole blood or plasma collected from patients recovered from Ebola virus disease for transfusion, as an empirical treatment during outbreaks
Opens in new window
WHO: ethics of using convalescent whole blood and convalescent plasma during the Ebola epidemic
Opens in new window
Terapia antiviral
Anticorpos antivirais monoclonais terapêuticos estão disponíveis. A OMS recomenda fortemente o atoltivimabe/maftivimabe/odesivimabe (também conhecido como REGN-EB3) ou o ansuvimabe (também conhecido como mAb114) para os pacientes com infecção confirmada pelo vírus Ebola (espécie Orthoebolavirus zairense) e neonatos com ≤7 dias de idade com infecção não confirmada nascidos de mães com infecção confirmada pelo vírus Ebola (espécie Orthoebolavirus zairense).[162]World Health Organization. Therapeutics for Ebola virus disease - Democratic Republic of the Congo. Aug 2022 [internet publication].
https://www.who.int/publications/i/item/9789240055742
Atoltivimabe/maftivimabe/odesivimabe
Aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento da infecção pelo vírus Ebola (espécie Orthoebolavirus zairense) em crianças e adultos, e recebeu a designação de medicamento órfão da European Medicines Agency.[144]Centers for Disease Control and Prevention. Clinical guidance for Ebola disease. May 2024 [internet publication].
https://www.cdc.gov/ebola/hcp/clinical-guidance
Avaliado no ensaio PALM, um ensaio clínico randomizado controlado, aberto e multicêntrico, bem como parte de um programa de acesso expandido realizado na República Democrática do Congo (RDC) durante o surto de 2018. O desfecho primário de eficácia no ensaio clínico foi a mortalidade a 28 dias. Dos pacientes que receberam atoltivimabe/maftivimabe/odesivimabe, 33.5% morreram a 28 dias em comparação com 51% dos pacientes no grupo-controle (ZMapp).[163]Mulangu S, Dodd LE, Davey RT Jr, et al. A randomized, controlled trial of Ebola virus disease therapeutics. N Engl J Med. 2019 Dec 12;381(24):2293-303.
https://www.doi.org/10.1056/NEJMoa1910993
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31774950?tool=bestpractice.com
Ansuvimabe
Um anticorpo monoclonal IgG1 humano direcionado à glicoproteína do vírus Ebola (espécie Orthoebolavirus zairense). Foi isolado de um sobrevivente humano do surto de 1995 em Kikwit (República Democrática do Congo) e desenvolvido pelo National Institutes of Health nos EUA.
Aprovado pela FDA para o tratamento de infecção pelo vírus Ebola (espécie Orthoebolavirus zairense) em crianças e adultos.[144]Centers for Disease Control and Prevention. Clinical guidance for Ebola disease. May 2024 [internet publication].
https://www.cdc.gov/ebola/hcp/clinical-guidance
O estudo PALM revelou que o ansuvimabe foi superior ao ZMapp (consulte a seção Novidades) na redução da mortalidade. Dos pacientes que receberam ansuvimabe, 35.1% morreram após 28 dias em comparação com 49.7% dos pacientes no grupo-controle (ZMapp).[163]Mulangu S, Dodd LE, Davey RT Jr, et al. A randomized, controlled trial of Ebola virus disease therapeutics. N Engl J Med. 2019 Dec 12;381(24):2293-303.
https://www.doi.org/10.1056/NEJMoa1910993
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31774950?tool=bestpractice.com
O atoltivimabe/maftivimabe/odesivimabe e o ansuvimabe provavelmente reduzem a mortalidade em comparação com o padrão de tratamento (evidências de certeza moderada), o ZMapp e o remdesivir. No entanto, eles podem ter pouco ou nenhum efeito sobre o tempo de eliminação do vírus. É muito incerto se eles aumentam o risco de eventos adversos graves.[162]World Health Organization. Therapeutics for Ebola virus disease - Democratic Republic of the Congo. Aug 2022 [internet publication].
https://www.who.int/publications/i/item/9789240055742
[164]Gao Y, Zhao Y, Guyatt G, et al. Effects of therapies for Ebola virus disease: a systematic review and network meta-analysis. Lancet Microbe. 2022 Sep;3(9):e683-92.
https://www.thelancet.com/journals/lanmic/article/PIIS2666-5247(22)00123-9/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35803293?tool=bestpractice.com
A eficácia não foi estabelecida para outras espécies de orthoebolavirus.
Esses tratamentos não devem ser usados em conjunto e devem ser considerados alternativos entre si. Ambos os tratamentos são administrados como uma infusão intravenosa de dose única e devem ser administrados o mais rapidamente possível após o diagnóstico. Eles podem ser usados em idosos, gestantes e lactantes, crianças e neonatos. O acesso a essas terapêuticas é desafiador em muitas partes do mundo, e a escolha depende da disponibilidade. Eles podem precisar ser usados sob uma estrutura de uso compassivo durante um surto.
Coinfecção malárica
Devem-se realizar testes para malária e tratá-la com terapia antimalárica adequada, se estiver presente, tendo em mente o risco do paciente de adquirir a doença do Ebola e a possibilidade de uma infecção dupla. Nos cenários endêmicos, o tratamento para malária é geralmente oferecido como parte de um protocolo de manejo de rotina, independentemente da infecção ter sido confirmada ou não. Administre tratamento antimalárico empírico até que o teste de malária seja negativo ou o ciclo do tratamento termine.[143]World Health Organization. Optimized supportive care for Ebola virus disease. July 2019 [internet publication].
https://www.who.int/publications-detail/optimized-supportive-care-for-ebola-virus-disease
Gestantes
Quase todas as gestantes nos surtos entre 2014 e 2020 apresentaram desfechos adversos na gestação, embora a taxa de mortalidade nas gestantes não tenha sido maior que a de não gestantes.[165]Foeller ME, Carvalho Ribeiro do Valle C, Foeller TM, et al. Pregnancy and breastfeeding in the context of Ebola: a systematic review. Lancet Infect Dis. 2020 Jul;20(7):e149-58.
https://www.doi.org/10.1016/S1473-3099(20)30194-8
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32595045?tool=bestpractice.com
No entanto, em surtos anteriores, a taxa de letalidade relatada foi maior em gestantes que em não gestantes.[166]Mupapa K, Mukundu W, Bwaka MA, et al. Ebola hemorrhagic fever and pregnancy. J Infect Dis. 1999 Feb;179 Suppl 1:S11-2.
https://jid.oxfordjournals.org/content/179/Supplement_1/S11.long
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9988157?tool=bestpractice.com
A experiência durante o surto de 2014 sugere que desfechos favoráveis podem ser alcançados ocasionalmente.[167]Baggi FM, Taybi A, Kurth A, et al. Management of pregnant women infected with Ebola virus in a treatment centre in Guinea, June 2014. Euro Surveill. 2014 Dec 11;19(49):20983.
https://www.eurosurveillance.org/ViewArticle.aspx?ArticleId=20983
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25523968?tool=bestpractice.com
Gestantes não tratadas com agentes de uso compassivo ou experimental apresentam taxas muito altas de abordo espontâneo e morte fetal ou neonatal. A hemorragia intraparto e o aborto espontâneo parecem ser comuns; portanto, o manejo obstétrico deve centrar-se no monitoramento, e tratamento precoce, das complicações hemorrágicas.[21]Chertow DS, Kleine C, Edwards JK, et al. Ebola virus disease in West Africa - clinical manifestations and management. N Engl J Med. 2014 Nov 27;371(22):2054-7.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp1413084
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25372854?tool=bestpractice.com
[166]Mupapa K, Mukundu W, Bwaka MA, et al. Ebola hemorrhagic fever and pregnancy. J Infect Dis. 1999 Feb;179 Suppl 1:S11-2.
https://jid.oxfordjournals.org/content/179/Supplement_1/S11.long
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9988157?tool=bestpractice.com
[168]Jamieson DJ, Uyeki TM, Callaghan WM, et al. What obstetrician-gynecologists should know about Ebola: a perspective from the Centers for Disease Control and Prevention. Obstet Gynecol. 2014 Nov;124(5):1005-10.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25203368?tool=bestpractice.com
[169]Association of Women's Health, Obstetric and Neonatal Nurses. Ebola: caring for pregnant and postpartum women and newborns in the United States: AWHONN practice brief number 3. J Obstet Gynecol Neonat Nurs. 2015 Jan-Feb;44(1):164-5
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/1552-6909.12518/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25421426?tool=bestpractice.com
[170]Kitching A, Walsh A, Morgan D. Ebola in pregnancy: risk and clinical outcomes. BJOG. 2015 Feb;122(3):287.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25585496?tool=bestpractice.com
A OMS recomenda os seguintes princípios-chave do tratamento:
Utilize tanto as precauções padrão como as medidas de controle e prevenção da infecção pelo Ebola.
Inclua os cuidados de suporte otimizados no tratamento clínico de todas as gestantes.
Atoltivimabe/maftivimabe/odesivimabe e ansuvimabe podem ser oferecidos a gestantes nos contextos de pesquisa rigorosa, ou de acordo com os protocolos locais; no entanto, essa recomendação baseia-se em evidências de qualidade muito baixa.
Não induza o trabalho de parto nem realize procedimentos invasivos para indicações fetais nas gestantes com infecção aguda.
Oriente as mulheres com suspeita ou confirmação de infecção aguda a não amamentarem até que haja dois exames de leite materno negativos (por reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa [RT-PCR]) com intervalo de horas entre eles. Enquanto isso, os lactentes devem ser separados da mãe e devem receber um substituto adequado do leite materno.
O CDC também elaborou orientações específicas sobre o cuidado de gestantes e neonatos.
Crianças
As crianças devem ser tratadas por uma equipe de profissionais da saúde especializados em pediatria. O planejamento da assistência de crianças em ambientes não endêmicos é complexo, e defende-se o envolvimento precoce de intensivistas sempre que possível.[171]Olupot-Olupot P. Ebola in children: epidemiology, clinical features, diagnosis and outcomes. Pediatr Infect Dis J. 2015 Mar;34(3):314-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25522340?tool=bestpractice.com
[172]Herberg JA, Emonts M, Jacobs M, et al. UK preparedness for children with Ebola infection. Arch Dis Child. 2015 May;100(5):421-3.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25694613?tool=bestpractice.com
[173]Eriksson CO, Uyeki TM, Christian MD, et al. Care of the child with Ebola virus disease. Pediatr Crit Care Med. 2015 Feb;16(2):97-103.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25647119?tool=bestpractice.com
Comunicação com a família
O isolamento hospitalar afeta o bem-estar psicológico dos pacientes, incluindo o aumento da taxa de depressão, ansiedade, raiva, medo e solidão. Os profissionais da saúde devem facilitar a comunicação com a família e amigos (por exemplo, uso de telefones celulares ou internet) de modo a reduzir o sofrimento psíquico sem aumentar o risco de infecção.[145]Lamontagne F, Fowler RA, Adhikari NK, et al. Evidence-based guidelines for supportive care of patients with Ebola virus disease. Lancet. 2018 Feb 17;391(10121):700-8.
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(17)31795-6/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29054555?tool=bestpractice.com