Novos tratamentos

Estatinas

As estatinas (inibidores da HMG-CoA redutase) são medicamentos novos para a DPOC que demonstraram melhorar alguns desfechos, com certa melhora da função pulmonar nos pacientes com DPOC de moderada a grave.[214] Apesar de estudos retrospectivos demonstrarem diminuição da taxa e da gravidade das exacerbações, hospitalizações e mortalidade em pacientes em uso de terapia com estatinas, sobretudo nos pacientes com doença cardiovascular (DCV) ou hiperlipidemia coexistente, um estudo prospectivo não foi capaz de provar este benefício.[215] Em uma metanálise de ensaios clínicos randomizados e controlados sobre pacientes com DPOC que tomaram estatinas, os desfechos clínicos foram melhores nos pacientes com DCV coexistente, proteína C-reativa inicial elevada ou colesterol alto.[216] Evidências adicionais que dão suporte a desfechos melhores nos pacientes com DCV incluem uma metanálise de pacientes com DPOC e hipertensão pulmonar comórbida, que revelou melhoras tanto na pressão arterial pulmonar quanto na distância percorrida no teste de caminhada de 6 minutos após a terapia com estatina.[217] Outra metanálise comparou estatinas de alta intensidade com placebo em pacientes com DPOC. O uso das estatinas resultou em redução da proteína C-reativa e da interleucina-6, mas não produziu diferenças significativas na capacidade de exercício ou na qualidade de vida.[218] [ Cochrane Clinical Answers logo ]

Outras terapias medicamentosas

O aumento da conscientização do papel da inflamação na doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) induziu a considerar medicamentos que atacam vários alvos na cascata inflamatória. Muitos anti-inflamatórios de amplo espectro estão agora na fase 3 de desenvolvimento para a DPOC e podem entrar no mercado na próxima década. Os inibidores do óxido nítrico, os modificadores de leucotrienos e os antagonistas do fator de necrose tumoral estão entre esses novos tratamentos.[219] O tratamento em longo prazo (≥6 meses) com acetilcisteína pode diminuir a prevalência de exacerbações, mas não parece afetar a taxa de exacerbações, os volumes pulmonares ou o VEF1.[220] A terapia antiagregante plaquetária está associada à diminuição da mortalidade por todas as causas em pacientes com DPOC, independentemente do risco cardiovascular.[221] A quinase do receptor do fator de crescimento epidérmico tem potencial para combater a produção excessiva de muco. Estão sendo desenvolvidas terapias para inibir a fibrose. Há também uma busca por inibidores da metaloprotease da matriz e da serina protease para prevenir a destruição do pulmão e o subsequente desenvolvimento do enfisema, bem como medicamentos como os retinoides, que podem até reverter esse processo.[222]

Terapias intervencionistas

A redução do volume do lobo alvo, uma técnica nova para a ressecção broncoscópica seletiva do volume pulmonar, está agora disponível. Nesta técnica, uma válvula unidirecional é inserida no segmento hiperinsuflado e enfisematoso, causando o colapso do segmento pulmonar não funcional. Foram divulgados relatórios promissores de séries de casos de pacientes submetidos a essa terapia. Essa abordagem é uma alternativa à redução cirúrgica do volume pulmonar nos pacientes com DPOC com provável necessidade de cirurgia.[223][224] [ Cochrane Clinical Answers logo ]

Terapia farmacogenômica

A terapia farmacogenômica pode ser importante na DPOC. É importante identificar os fatores genéticos que determinam por que alguns fumantes compulsivos desenvolvem DPOC e outros, não. A identificação de genes que predispõem ao desenvolvimento da DPOC pode oferecer novos alvos terapêuticos.[225][226]

Aumento da proteína 16 de células de Clara

A proteína 16 das células de Clara (CC16) é produzida principalmente no epitélio do trato respiratório. A CC16 tem propriedades anti-inflamatórias em pulmões expostos ao fumo, e a DPOC está associada à deficiência de CC16. O aumento experimental dos níveis de CC16 reduz a inflamação e a lesão celular. Assim, o aumento da CC16 pode ser um novo tratamento modificador da doença para a DPOC.[227]

Anticorpos monoclonais

Um número cada vez maior de evidências envolve o eosinófilo, um leucócito geralmente relacionado com doenças alérgicas, na cascata inflamatória da DPOC.[28] A terapia com anticorpo monoclonal direcionada à interleucina (IL)-5 ou ao seu receptor demonstrou ser eficaz na asma eosinofílica grave e, portanto, pode ser benéfica para pacientes com DPOC e fenótipo eosinofílico.[228][229] Uma revisão Cochrane constatou que o tratamento com mepolizumabe ou benralizumabe resultou em maior redução das exacerbações moderadas e graves que o placebo. Uma metanálise subsequente de dados de pacientes dos ensaios clínicos de fase 3 sobre mepolizumabe na DPOC indicou que os pacientes com maior concentração de eosinófilos no sangue apresentaram maior redução das exacerbações moderadas e graves.[230] Há estudos de fase 3 em andamento sobre o mepolizumabe e o benralizumabe na DPOC. Outros anticorpos monoclonais em desenvolvimento clínico para a DPOC são direcionados, em sua maioria, às exacerbações agudas e incluem o antagonista do receptor de IL-4 dupilumabe.[231]

Inibidores da bomba de prótons

O melhor manejo das exacerbações da DPOC provavelmente envolverá o tratamento das comorbidades. A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é uma comorbidade comum nos pacientes com DPOC; está associada com microaspirações pulmonares de ácido gástrico, que podem induzir exacerbações. Os inibidores da bomba de prótons reduzem a secreção de ácido gástrico e são o tratamento de primeira linha para a DRGE. Uma revisão Cochrane que avaliou sua eficácia e segurança na DPOC concluiu que as evidências atuais não foram suficientes para determinar o valor dos inibidores da bomba de prótons sobre essa doença.[232]

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