Etiologia

O tabagismo é o principal fator de risco para a DPOC.[1][12]​ O tabagismo causa mais de 70% dos casos de DPOC nos países de alta renda, e 30% a 40% dos casos nos países de baixa e média rendas.[22]​ O tabagismo exerce seus efeitos causando uma reação inflamatória, disfunção ciliar e lesão oxidativa.[23]

Poluição do ar, queima de combustíveis de biomassa em ambientes fechados e exposição ocupacional à poeira, agentes químicos e fumaças são outras etiologias.[24][25][26]​ A inalação de altas doses de pesticidas está ligada a maior incidência de DPOC, assim como altos níveis de material particulado.[27][28][29][30]​ O estresse oxidativo e o desequilíbrio das proteases e antiproteases também são fatores importantes na patogênese da DPOC, especialmente nos pacientes com deficiência de alfa 1-antitripsina.[31] O risco de desenvolvimento de DPOC pode ser aumentado por processos que afetam o crescimento pulmonar ideal e, portanto, a função pulmonar.[32] Esses processos podem ter origem na gestação, no nascimento, na infância e na adolescência. Por exemplo, há uma associação positiva entre peso ao nascer e VEF₁ na vida adulta. Fatores desvantajosos na infância podem ser tão importantes quanto o tabagismo intenso para predizer a função pulmonar na vida adulta.[33][34]

Fisiopatologia

Uma característica da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é inflamação crônica que afeta as vias aéreas centrais e periféricas, o parênquima pulmonar, os alvéolos e a vasculatura pulmonar. Lesões e reparos repetidos causam alterações estruturais e fisiológicas. As alterações inflamatórias e estruturais no pulmão aumentam com a gravidade da doença e persistem após o abandono do hábito de fumar.[31]

Os principais componentes dessas mudanças são o estreitamento e o remodelamento das vias aéreas, o maior número de células caliciformes, o aumento das glândulas mucossecretoras das vias aéreas centrais, a perda alveolar e, por fim, alterações no leito vascular que causam hipertensão pulmonar.

As evidências sugerem que a resposta do hospedeiro aos estímulos inalatórios geram a reação inflamatória responsável pelas alterações nas vias aéreas, nos alvéolos e nos vasos sanguíneos pulmonares. Os macrófagos, neutrófilos e leucócitos ativos são as células centrais nesse processo. O estresse oxidativo e o excesso de protease aumentam os efeitos da inflamação crônica. O remodelamento das vias aéreas causa espessamento do epitélio, lâmina própria, músculo liso e adventícia das vias aéreas com menos de 2 mm de diâmetro, o que leva à perda progressiva de bronquíolos terminais e transicionais patentes.[31] Um número cada vez maior de evidências envolve o eosinófilo, um leucócito geralmente relacionado com doenças alérgicas, na cascata inflamatória da DPOC.[35]

A deterioração da elastina e a subsequente perda de integridade alveolar causam enfisema.[36][37]​ A disfunção ciliar e o aumento do tamanho e do número das células caliciformes levam a uma secreção excessiva de muco.

O aumento da resistência das vias aéreas é a definição fisiológica da DPOC. A diminuição do recuo elástico, das alterações fibróticas no parênquima pulmonar e a obstrução luminal das vias aéreas pelas secreções contribuem para aumentar a resistência das vias aéreas. A limitação do fluxo respiratório estimula a hiperinsuflação. A hiperinsuflação e a destruição do parênquima pulmonar predispõem os pacientes com DPOC à hipóxia, principalmente durante atividades. A hipóxia progressiva causa o espessamento do músculo liso vascular com subsequente hipertensão pulmonar, que é um desenvolvimento tardio que resulta em um prognóstico desfavorável.[1][38]​​ A redução da troca gasosa também pode causar hipercapnia à medida que a doença evolui.

Mediadores inflamatórios sistêmicos podem contribuir para o enfraquecimento dos músculos esqueléticos e iniciar ou agravar comorbidades cardíacas, metabólicas e esqueléticas.[1][5]

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal