Epidemiologia
Em 2019, as infecções do trato respiratório inferior afetaram 489 milhões de pessoas no mundo todo e foram a causa de, aproximadamente, 2.5 milhões de óbitos. Crianças <5 anos e adultos >70 anos foram as populações mais afetadas pela pneumonia. A mortalidade foi maior entre pacientes >70 anos de idade. As infecções do trato respiratório inferior foram a principal causa de mortalidade por doenças infecciosas no mundo todo em 2019.[4][5]
Uma revisão da literatura constatou que a incidência anual global de PAC na Europa está entre 1.07 e 1.2 a cada 1000 pessoas-ano e entre 1.54 e 1.7 a cada 1000 pessoas.[6] A incidência de PAC aumenta com a idade para 14 a cada 1000 pessoas-ano em adultos com ≥65 anos, e parece ser significativamente superior em homens que em mulheres.[6] É a quinta principal causa de mortalidade na Europa.[7] As estimativas de mortalidade entre pacientes variam de 1% a 5% em pacientes ambulatoriais, de 5.7% a 14% em enfermarias gerais e de 34% a 50% na unidade de terapia intensiva (especialmente em pacientes ventilados).[8][9] Outro estudo relatou que os índices de mortalidade por PAC na Europa são muito diferentes de um país para outro, variando entre <1% e 48%.[10] O índice de mortalidade de pneumonia pneumocócica é de aproximadamente 5%, aumentando entre 6% e 30% em adultos com bacteremia associada.[11][12]
Fatores de risco
A incidência aumenta significativamente com a idade. Idade muito avançada tem sido associada a um maior índice de mortalidade de pneumonia adquirida na comunidade (PAC).[34]
Aproximadamente 10% a 18% de todos os pacientes hospitalizados por pneumonia residem em instituições asilares. O índice de mortalidade pode chegar a ser de 55% nesses pacientes.[35][36] Tradicionalmente, pacientes que desenvolvem pneumonia em residências terapêuticas têm sido considerados como tendo pneumonia associada aos cuidados de saúde (PACS) e não PAC. No entanto, essa definição tem sido criticada porque não diferencia os pacientes com risco para patógenos resistentes, e cada paciente deve ser avaliado individualmente.
A colonização com bactérias patogênicas é frequente em fumantes e demonstra um aumento do risco de infecções pulmonares, especialmente pneumonia pneumocócica.[38] Um estudo de pneumonia bacteriana constatou que os fumantes infectados com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) tinham um risco >80% superior de desenvolver pneumonia que aqueles que nunca fumaram.[12][39] Outro estudo demonstrou que fumantes atuais com PAC pneumocócica frequentemente desenvolvem sepse e, embora mais jovens, precisam ser hospitalizados apesar de apresentarem menos comorbidades clínicas que os pacientes mais idosos.[40] Fumantes atuais e antigos têm maior probabilidade de desenvolver PAC que indivíduos que nunca fumaram.[41] O tabagismo passivo em casa é um fator de risco de PAC em pessoas com 65 anos ou mais.[41][42]
Há evidências claras de que o consumo de álcool aumenta o risco de PAC. Uma metanálise de 14 estudos constatou que pessoas que consumiam bebidas alcoólicas em quantidades normais ou mais elevadas apresentavam risco 83% maior de PAC, em comparação com pessoas que não consumiam bebidas alcoólicas ou as consumiam em quantidades inferiores (risco relativo de 1.83).[43] O consumo diário de 24 g, 60 g e 120 g de álcool puro tem resultado em um risco relativo de PAC incidente de 1.12 (intervalo de confiança [IC] de 95%, 1.02 a 1.23), 1.33 (IC de 95%, 1.06 a 1.67) e 1.76 (IC de 95%, 1.13 a 2.77), respectivamente, comparativamente a indivíduos que não consomem bebidas alcoólicas.[44]
As bactérias orais e respiratórias presentes nas placas bacterianas dentais são liberadas na saliva e podem ser aspiradas para o trato respiratório inferior causando infecção. A pneumonia por aspiração é um dos problemas mais graves nos pacientes idosos. Evidências de baixa qualidade sugerem que medidas profissionais de saúde bucal (por exemplo, escovar, esfregar, limpar dentaduras, enxaguar a boca) podem reduzir a mortalidade por pneumonia em residentes de lares de idosos em comparação com os cuidados habituais; no entanto, o efeito dessas medidas na prevenção da pneumonia ainda não está claro.[45]
A PAC é um dos efeitos adversos mais comuns associados ao uso de inibidores da bomba de prótons.[46] Acredita-se que isto se deva à diminuição da secreção de ácido gástrico, que permite que agentes patogênicos colonizem mais facilmente o trato respiratório superior. O uso ambulatorial desses medicamentos está associado a um riso 1.5 vezes maior de PAC.[47] Os antagonistas H2 também podem estar associados a um aumento do risco de PAC.[48]
Associada a um aumento moderado no risco de PAC. Os principais motivos são o aumento do risco de aspiração, a hiperglicemia, a menor imunidade e a função pulmonar alterada, além de morbidades coexistentes.
Um estudo constatou que o diabetes (tipo 1 e tipo 2) foi um fator de risco para hospitalização associada à pneumonia. Outro estudo[52] relatou que diabetes preexistente estava associado a um maior risco de morte após hospitalização por PAC, comparado com pacientes hospitalizados por doenças não infecciosas.[53] O risco de bacteremia pneumocócica grave também é maior em pacientes diabéticos.[54]
Sabe-se que infecções bacterianas ocorrem em 32% a 34% dos pacientes hospitalizados com cirrose, e aproximadamente 15% dessas infecções são pneumonia (a terceira causa de infecção mais comum nesses pacientes).[57] Um estudo relatou que a doença hepática crônica é um fator de risco para complicações pulmonares em pacientes hospitalizados com pneumonia pneumocócica.[58]
Um estudo de caso-controle constatou que opioides prescritos, especialmente aqueles com propriedades imunossupressoras ou doses mais elevadas, estão associados a maior risco de PAC em pessoas com e sem infecção por HIV.[59]
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