Novos tratamentos
Antibióticos mais recentes
Devido às preocupações sobre o aumento da resistência medicamentosa e questões de segurança (por exemplo, fluoroquinolonas) com os antibióticos existentes, é necessário realizar mais pesquisas sobre novos agentes terapêuticos. Os qgentes antibióticos mais recentes estão detalhados nesta seção. As diretrizes atuais ainda não os recomendam, pois eles precisam de maior validação. Portanto, esses agentes ainda são considerados novos. Apesar disso, alguns desses antibióticos mais novos estão aprovados pela European Medicines Agency (EMA) para o tratamento da PAC e podem ser considerados sob orientação de um especialista.
Lefamulina
Um antibiótico pleuromutilina, o primeiro da classe, disponível nas formulações oral e intravenosa. Ele inibe a síntese proteica bacteriana via interações com os sítios A e P do centro da peptidil transferase na subunidade 50S. A lefamulina oferece um espectro único de atividade que abrange Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis, Legionella pneumophila, Chlamydia pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae, Staphylococcus aureus (incluindo S. aureus resistente à meticilina [MRSA]), estreptococos beta-hemolíticos (incluindo S pyogenes e S agalactiae) e Enterococcus faecium (incluindo enterococos resistentes à vancomicina). Ela não apresenta resistência cruzada com outras classes de antibióticos para S pneumoniae e S aureus.[146][147][148] A segurança e eficácia de lefamulina foi avaliada em dois ensaios clínicos de fase 3, em que ficou constatado que não é inferior ao moxifloxacino (com ou sem linezolida) em termos de endpoints de eficácia primária (resposta clínica precoce, avaliação da resposta clínica pelo investigador). Foi considerada segura e bem tolerada.[149][150] No entanto, ela tem potencial para causar prolongamento do intervalo QT e não deve ser usada em pacientes com prolongamento do intervalo QT conhecido, arritmias ventriculares ou que usem outros medicamentos que prolonguem o intervalo QT. A lefamulina está aprovada pela EMA para o tratamento da PAC em adultos; no entanto, seu lugar exato no tratamento ainda não está claro. Uma revisão sistemática sugere um papel para a lefamulina como agente alternativo aos betalactâmicos e macrolídeos na PAC bacteriana e como uma alternativa à amoxicilina e à doxiciclina no cenário ambulatorial.[151]
Delafloxacina
Um novo antibiótico fluoroquinolona aprovado pela EMA para o tratamento de adultos com PAC quando o uso de outros antibióticos comumente recomendados para o tratamento da PAC for considerado inadequado. Um estudo de fase 3 que descobriu que o delafloxacino não foi inferior ao moxifloxacino.[152]
Omadaciclina
Um novo antibiótico de tetraciclina modernizado com atividade de amplo espectro, desenvolvido para combater a resistência à tetraciclina. Como outros antibióticos da classe da tetraciclina, a omadaciclina pode causar descoloração dos dentes decíduos e inibição do crescimento ósseo fetal quando administrada durante a gravidez.[153] Verificou-se que ele não é inferior ao moxifloxacino em termos de eficácia em adultos com PAC.[153] A omadaciclina está aprovada nos EUA pelo FDA para o tratamento da PAC em adultos; no entanto, foi recusada a aprovação dessa indicação na Europa em outubro de 2018.
Ceftobiprol
Uma cefalosporina de amplo espectro de uso parenteral que tem atividade microbiológica frente aos patógenos bacterianos mais típicos que causam pneumonia adquirida na comunidade (PAC), incluindo MRSA. Um estudo de fase III constatou que o ceftobiprol não foi inferior à ceftriaxona com ou sem linezolida para o tratamento da PAC.[154]
Nemonoxacino
Uma quinolona não fluorada de amplo espectro. Ela tem atividade antimicrobiana maior que as fluoroquinolonas (por exemplo, levofloxacino) frente ao MRSA, Staphylococcus epidermidis sensível à meticilina (MSSE), S epidermidis resistente à meticilina (MRSE), S pneumoniae e Enterobacter faecalis. Uma revisão sistemática constatou que ela é tão efetiva e bem tolerada quanto o levofloxacino em pacientes com PAC.[155] Atualmente, o nemonoxacino não está aprovado na Europa ou nos EUA, mas pode estar disponível em outros países.
Solitromicina
Um fluorocetolídeo com atividade antimicrobiana frente a bactérias Gram-positivas e Gram-negativas comumente associadas à PAC. Um estudo de fase II concluído mostrou que a solitromicina teve eficácia semelhante à do levofloxacino em adultos com PAC bacteriana com escores de II a IV do Pneumonia Severity Index.[156] Constatou-se também que ele não é inferior ao moxifloxacino.[157] A solitromicina está atualmente em fase III de desenvolvimento para o tratamento de PAC bacteriana.
Estatinas
Há evidências que sugerem que as estatinas podem reduzir o risco de PAC e suas complicações, graças aos seus efeitos imunomoduladores. Dados sugerem que os pacientes com PAC que recebem estatinas na internação hospitalar apresentam menor risco de mortalidade durante a internação.[158] Uma metanálise constatou que as estatinas podem diminuir a mortalidade associada à PAC, bem como reduzir a necessidade de ventilação mecânica ou internação em unidade de terapia intensiva.[159] No entanto, não está claro se o uso de estatinas pode reduzir o risco de pneumonia; são necessários mais estudos. É importante observar que as estatinas interagem com macrolídeos, uma classe de antibióticos comumente usados no tratamento para PAC. Esses medicamentos não devem ser usados em combinação, pois os macrolídeos inibem o metabolismo das estatinas por meio da via CYP3A4 e, portanto, aumentam o risco de miopatia e rabdomiólise.
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