Visão geral dos transtornos relacionados ao uso de substâncias e overdose

Última revisão: 23 Jun 2024
Última atualização: 10 Aug 2022

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Introdução

CondiçãoDescrição

Transtorno relacionado ao uso de opioides

Um opioide é um agente sintético ou natural que estimula os receptores opioides e produz efeitos semelhantes ao ópio. Os opiáceos são um tipo de opioide naturalmente derivados da papoula de ópio (por exemplo, codeína, morfina, ópio). Eles são usados para tratar a dor, mas também podem ser objeto de abuso por conta dos seus efeitos euforizantes. Os opiáceos derivados naturais são comumente usados em conjunto com os opioides semissintéticos e sintéticos como a fentanila, a heroína (diamorfina), a metadona, a oxicodona e a hidrocodona. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5a edição, texto revisado (DSM-5-TR) define o transtorno relacionado ao uso de opioides como um padrão problemático de uso de opioides que cause comprometimento ou sofrimento clinicamente significativos, conforme manifestados por pelo menos 2 de 11 critérios em um período de 12 meses.[5]

Superdosagem de opioides

A superdosagem ocorre quando são ingeridas quantidades superiores às fisicamente toleradas, resultando em depressão do sistema nervoso central (SNC) e respiratória, miose e apneia. Ela pode ser fatal se não tratada rapidamente.

Transtorno por uso de cocaína

A cocaína é uma droga estimulante aditiva, ilícita e controlada que, geralmente, é aspirada (cheirada), injetada ou fumada em sua forma de base livre (crack). O uso da cocaína costuma ser ocasional, e a maioria dos usuários não atende aos critérios para transtorno por uso de cocaína. O DSM-5-TR classifica o transtorno por uso de cocaína como leve, moderado ou grave conforme definidos pelo número de sintomas em um período de 12 meses.[5] O uso crônico pode causar escoriações do tecido cardíaco e hipertrofia miocárdica, e outras alterações coletivamente conhecidas como remodelamento miocárdico. Essas mudanças constituem o substrato para a ocorrência de arritmias letais. O uso de cocaína causa um estado hiperadrenérgico associado a uma atividade mental anormal. Os sintomas de qualquer estado hiperadrenérgico incluem náuseas, agitação, dificuldade de concentração, ansiedade, paranoia e euforia. 

Toxicidade da cocaína

Refere-se aos eventos adversos que ocorrem em alguns minutos ou algumas horas após o uso excessivo de cocaína. Esses eventos, que podem ocorrer de forma combinada ou isolada, incluem hipertermia, rabdomiólise, disritmia, isquemia, hemorragia intracraniana, agitação, psicose e convulsão.

Alguns pacientes podem morrer repentinamente antes que um tratamento possa ser administrado.

Transtorno relacionado ao uso de anfetamina e metanfetamina

A anfetamina e a metanfetamina são aminas simpatomiméticas não catecolaminas que podem ser administrada por diferentes vias, incluindo inalação, via intravenosa, intramuscular ou transmucosa (oral/nasal). Os transtornos relacionados ao uso de anfetaminas e metanfetamina envolvem o uso compulsivo dessas substâncias apesar de consequências negativas. O uso de múltiplas substâncias, por exemplo com opioides, é um problema crescente e aumenta a mortalidade.

Overdose de anfetaminas

Pacientes com toxicidade por anfetaminas geralmente apresentam comportamento agitado, irracional, inquieto e agressivo, podendo mostrar sinais de hipervigilância, paranoia e psicose.[6] A overdose e a toxicidade afetam inconsistentemente usuários novos, ocasionais, crônicos e compulsivos. Overdose intencional também ocorre.

Transtorno decorrente do uso de maconha

A maconha (cannabis) é a droga mais usada em todo o mundo, com cerca de 219 milhões de usuários em 2021.[1] Os efeitos agudos para a saúde incluem os desempenhos cognitivo e psicomotor comprometidos. Os efeitos crônicos à saúde podem incluir comprometimento cognitivo sustentado (e desenvolvimento cognitivo comprometido em crianças e adolescentes), dependência, aumento do risco de esquizofrenia e ansiedade social, exacerbação de transtornos bipolares, agravamento de sintomas respiratórios e aumento da frequência de bronquite crônica associada ao ato de fumar maconha (cannabis).[7]

Transtornos decorrentes do uso de inalantes

A inalação deliberada de uma substância volátil para atingir um estado mental alterado.[8] Os inalantes usados incluem solventes voláteis de produtos domésticos ou industriais; propelentes aerossóis; gases de produtos domésticos, industriais e médicos; e nitritos e óxido nitroso. A hipóxia e a insuficiência cardíaca podem ocorrer em questão de minutos. Os efeitos adversos com duração prolongada incluem perda auditiva, neuropatias periféricas e danos renal e hepático. O DSM-5-TR restringe sua definição de transtornos decorrentes do uso de inalantes para substâncias voláteis baseadas em hidrocarbonetos; outras substâncias voláteis, inclusive óxido nitroso, estão incluídas em outros transtornos relacionados ao uso de substâncias (ou desconhecidos).[5]

Transtornos decorrentes do uso de alucinógenos

O DSM-5-TR divide o uso problemático de alucinógenos em duas categorias: transtorno por uso de fenciclidina e transtorno por uso de outros alucinógenos.[5] O transtorno por uso de fenciclidina inclui as substâncias farmacologicamente semelhantes, como a cetamina, a ciclohexamina e a dizocilpina. O transtorno por uso de outros alucinógenos abrange um grupo diversificado de substâncias, incluindo fenilalquilaminas (por exemplo, mescalina, MDMA), indolaminas (por exemplo, psilocibina, dimetiltriptamina [DMT]), ergolinas (por exemplo, LSD) e plantas alucinógenas (por exemplo, Salvia divinorum, figueira-do-diabo).[5] Os efeitos psicológicos podem ser imprevisíveis. Os efeitos adversos em longo prazo dos alucinógenos são raros, mas podem incluir psicose persistente ou transtorno de percepção por alucinógenos persistente.[9]

Superdosagem de benzodiazepínicos

A superdosagem pode ser intencional (por exemplo, como um ato de autolesão), como parte do uso indevido recreativo, ou acidental (por exemplo, erro de medicação). A principal característica da superdosagem é a sedação excessiva. Doses maiores podem causar coma, depressão respiratória e, sem tratamento adequado, até morte, particularmente no contexto de ingestão mista com outros depressores do SNC.

Superdosagem de antidepressivo tricíclico

Os antidepressivos tricíclicos possuem uma faixa terapêutica estreita e, portanto, tornam-se potentes toxinas para o sistema cardiovascular e o sistema nervoso central (SNC) em doses moderadas. Os melhores marcadores para suspeita de superdosagem são história de depressão, probabilidade de suicídio e superdosagem, com súbita deterioração do estado mental e dos sinais vitais.

Transtorno relacionado ao uso de esteroides anabolizantes

O uso de derivados de testosterona para melhorar o desempenho atlético ou aumentar a massa corporal magra e o tamanho dos músculos. Esse uso indevido difere de outras drogas como a heroína ou a cocaína, pois o desejo de usá-los geralmente não vem de seus efeitos, mas sim de querer mudar a aparência ou melhorar o desempenho atlético. Eles são usados em doses 10 a 100 vezes mais altas que as necessárias para tratar afecções clínicas.

Superdosagem de paracetamol

A superdosagem pode ocorrer após a ingestão excessiva de paracetamol ou de medicamentos contendo paracetamol como uma superdosagem aguda ou escalonada, ou excesso terapêutico. A intoxicação por paracetamol não tratada pode causar graus variáveis de lesão hepática entre 1 e 4 dias após a ingestão, incluindo insuficiência hepática fulminante. É comum os pacientes se apresentarem assintomáticos ou apenas com leves sintomas gastrointestinais no quadro inicial. Raramente, a superdosagem maciça pode se apresentar inicialmente com coma e acidose metabólica grave.

Visão geral do uso crônico de bebidas alcoólicas

O transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas, principalmente quando crônico e grave, pode estar associado a uma variedade de sequelas clínicas e psiquiátricas. Em 2016, o uso prejudicial de bebidas alcoólicas resultou em 3 milhões de mortes estimadas no mundo todo.[10] Lesões não intencionais, doenças digestivas e transtornos decorrentes do uso de bebidas alcoólicas são os principais fatores contribuintes para a carga de doença relacionada com bebidas alcoólicas.[10]

Abandono do hábito de fumar

O tabagismo é a causa mais comum de óbitos e doenças passíveis de prevenção.[11] Os médicos e outros profissionais da saúde devem ter um papel central na motivação e assistência dos pacientes que fumam para que deixem de fumar.[12]

Ingestão de produtos tóxicos em crianças

Crianças podem ingerir uma substância tóxica acidentalmente ao explorar o ambiente que as rodeia, ou deliberadamente em resposta a estresse ou a problemas mentais subjacentes, ou tentando 'viajar'. Os agentes consumidos podem ser substâncias farmacológicas; drogas de abuso (incluindo bebidas alcoólicas); plantas tóxicas, frutas silvestres ou cogumelos; ou produtos químicos. O diagnóstico é feito com base em uma combinação de avaliação clínica completa e investigação laboratorial abrangente para identificar todas as substâncias ingeridas.

Colaboradores

Autores

Editorial Team

BMJ Publishing Group

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