Visão geral das disritmias (cardíacas)

Última revisão: 23 Jun 2024
Última atualização: 15 Dec 2023

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Introdução

CondiçãoDescrição

Taquicardia atrial focal

Caracterizada por um ritmo regular rápido que se origina em uma área distinta dentro dos átrios. Ela ocorre em uma ampla variedade de condições clínicas, incluindo excesso de catecolamina, toxicidade por digoxina, cardiopatia congênita pediátrica e cardiomiopatia. O eletrocardiograma (ECG) revela presença de ondas P antes de cada QRS, diferentes das ondas P no ritmo sinusal. O início e o término da arritmia são abruptos. A resposta a manobras vagais e à adenosina pode ser avaliada para excluírem diagnósticos alternativos.[1]​​

Flutter atrial

O flutter atrial típico (flutter atrial istmo cavotricuspídeo-dependente anti-horário) é uma taquicardia atrial macrorreentrante com frequências atriais de 250 a 320 bpm. As frequências ventriculares variam de 120 a 160 bpm, sendo comum o bloqueio atrioventricular 2:1 associado. As características no eletrocardiograma (ECG) são as deflexões atriais em dente de serra direcionadas negativamente (ondas f) observadas nas derivações II, III e aVF, com deflexões direcionadas positivamente na derivação V1. Esse ritmo está estreitamente relacionado à fibrilação atrial.[2][3]​​

Novo episódio de fibrilação atrial

A fibrilação atrial (FA) é uma taquiarritmia supraventricular caracterizada por ativação atrial descoordenada e resposta ventricular variável e, consequentemente, por uma contração atrial inefetiva.[4][5]​​ A FA inicial é um episódio novo ou detectado pela primeira vez de uma arritmia atrial caótica e irregular. As características do ECG incluem: intervalos R-R irregularmente irregulares (em que a condução atrioventricular não está prejudicada); ausência de ondas P distintas repetidas; ativações atriais irregulares.[4][5]

Fibrilação atrial crônica

A FA crônica é uma arritmia atrial caótica e irregular de longa duração. Ela é definida, principalmente, com base na duração e na frequência dos episódios; portanto, a FA crônica pode ser paroxística, persistente ou permanente. A FA causa morbidade significativa (por exemplo, palpitações, dispneia, angina, tontura ou síncope e características de insuficiência cardíaca, cardiomiopatia induzida por taquicardia, ou AVC) e óbito.[6][7]​​ Muitos pacientes são assintomáticos ou apresentam sintomas que são menos específicos de arritmias cardíacas, como demência leve ou AVCs silenciosos.

Síndrome de Wolff-Parkinson-White

Ocorre quando fibras miocárdicas conectam o átrio ao ventrículo ipsilateral através do anel mitral ou tricúspide (via acessória), pré-excitando o ventrículo.[8]​ As arritmias mais comuns diagnosticadas na síndrome de Wolff-Parkinson-White são a taquicardia atrioventricular reentrante, o flutter atrial e a fibrilação atrial. Normalmente a frequência cardíaca varia entre 150 e 240 bpm. As anormalidades cardíacas congênitas são fatores de risco importantes (especialmente a anomalia de Ebstein).

Taquicardias ventriculares sustentadas

Um ritmo ventricular superior a 100 bpm e com duração de pelo menos 30 segundos ou que requer terminação precoce provocada por instabilidade hemodinâmica. A taquicardia ventricular (TV) é definida no ECG pela presença de uma taquicardia de complexo largo (QRS ≥120 milissegundos) com frequência ≥100 bpm. Geralmente observada nas cardiomiopatias isquêmica e não isquêmica, mas a TV idiopática também pode ser observada em pacientes sem cardiopatia estrutural.

Taquicardia ventricular não sustentada

Ritmo ventricular ectópico com complexo QRS largo (≥120 milissegundos), frequência superior a 100 bpm com duração de, pelo menos, 3 batimentos consecutivos, mas terminando espontaneamente em menos de 30 segundos.[9][10]​ Ela pode ocorrer na ausência de qualquer cardiopatia subjacente. Entretanto, é mais comumente associada a cardiopatias isquêmica e não isquêmica; disfunções genéticas conhecidas, como a síndrome do QT longo, a síndrome de Brugada e a cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito; cardiopatia congênita; distúrbios metabólicos, incluindo toxicidade medicamentosa; ou desequilíbrio eletrolítico.[11]

Síndrome do QT longo (SQTL)

Caracterizada por um intervalo QT prolongado na ECG, e pode ser congênita ou adquirida. Na SQTL congênita, mutações genéticas afetam canais de íons importantes na repolarização miocárdica.[12]​ A SQTL adquirida pode ocorrer em decorrência da ingestão de medicamentos que prolonguem o intervalo QT, de desequilíbrios eletrolíticos ou de bradiarritmias. Um ECG deve ser realizado em todos os casos suspeitos. Os pacientes têm maior risco de síncope, arritmias ventriculares (como torsades de pointes) e morte súbita cardíaca.

Parada cardíaca

A parada cardíaca súbita é um estado repentino de falha circulatória em decorrência do comprometimento da função sistólica cardíaca. Ela pode ser consequência de 4 distúrbios do ritmo cardíaco: fibrilação ventricular, taquicardia ventricular sem pulso, atividade elétrica sem pulso (atividade elétrica sem débito cardíaco) e assistolia. As causas subjacentes mais comuns são cardiopatia isquêmica e infarto do miocárdio.[13]​ A manifestação é geralmente súbita e se apresenta como perda da consciência mas também pode ser precedida de dor torácica ou dispneia.

Bradicardia

Qualquer ritmo cardíaco inferior a 50 bpm, mesmo que temporário, devido a disfunção do nó sinusal e/ou anormalidades de condução atrioventricular (AV). Alguns consideram que bradicardia é frequência cardíaca <60 bpm; no entanto, isso é questionável, e a maioria considera frequências <50 bpm como representativas de bradicardia.[14][15]​​​ As causas incluem doença intrínseca do nó sinusal, do nó AV, e do feixe de His-Purkinje, ou influências extrínsecas, as quais podem ser reversíveis. Alguns pacientes, mesmo se assintomáticos, podem precisar de intervenções para prevenir complicações com risco à vida.

Bloqueio atrioventricular (AV)

Comprometimento da condução do átrio aos ventrículos, com vários graus de gravidade. Os sinais e sintomas incluem frequência cardíaca <40 bpm, pressão arterial alta (ou, raramente, baixa), ondas A "em canhão", dor torácica, palpitações, náuseas ou vômitos e hipoxemia. Alguns pacientes podem ser assintomáticos. O grau do bloqueio AV ou o nível anatômico do bloqueio não se correlaciona, necessariamente, com a gravidade dos sintomas subsequentes. Os fatores de risco fortes incluem aumento do tônus vagal, uso de agentes bloqueadores do nó AV, doença cardiovascular subjacente, distúrbios ácido-básicos, distúrbios neuromusculares e cirurgia cardíaca recente.[16][17]

Síndrome da taquicardia ortostática postural

Distúrbio crônico e multissistêmico que se acredita ser causado por um processo autoimune. Caracteriza-se por sintomas de intolerância ortostática e aumento da frequência cardíaca (sem hipotensão ortostática) ao ficar de pé, na ausência de outras causas. Está também associada a comorbidades como enxaqueca, síndrome do intestino irritável, síndrome de Ehlers-Danlos, síndrome da fadiga crônica e doenças autoimunes como tireoidite de Hashimoto e doença celíaca.[18]

Avaliação das palpitações

As palpitações são definidas como a percepção anormal do batimento cardíaco pelo próprio indivíduo. Podem estar presentes em condições cardíacas sem risco de vida (como contrações atriais e ventriculares prematuras, bem como taquicardias supraventriculares) e condições com potencial risco de vida (como taquicardia ventricular, cardiomiopatia hipertrófica, síndrome de Brugada e síndrome do QT longo).[19][20]​​ A avaliação detalhada das palpitações (como frequência e grau de regularidade, associação com a posição corporal e presença ao despertar) pode ajudar a diagnosticar o tipo de arritmia presente.[19]

Avaliação de taquicardia

A taquicardia, geralmente definida como a frequência cardíaca ≥100 bpm, pode ser uma resposta fisiológica normal a um processo sistêmico ou uma manifestação de uma patologia subjacente. Vários métodos de classificação da taquiarritmia são úteis para organizar e avaliar as taquicardias. Eles incluem: causas sinusais versus não sinusais; arritmias atriais versus ventriculares; taquicardias de complexo estreito versus complexo largo; arritmias regulares versus irregulares; e classificação baseada no local de origem da arritmia.

Toxicidade por digoxina

Apresentação típica com componentes de sintomas gastrointestinais, constitucionais e/ou cardiovasculares. Os pacientes com toxicidade aguda por digoxina apresentam classicamente disritmias, que estão associadas a aumento da automaticidade e à redução da condução atrioventricular (por exemplo, flutter atrial e fibrilação atrial com bloqueio AV de alto grau, taquicardia atrial não paroxística com bloqueio, ritmos juncionais acelerados e/ou taquicardia ventricular bidirecional).[21]

Colaboradores

Autores

Editorial Team

BMJ Publishing Group

Declarações

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