Visão geral da depressão

Última revisão: 5 Oct 2024
Última atualização: 24 Sep 2024

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Introdução

CondiçãoDescrição

Depressão em adultos

Os transtornos depressivos são caracterizados por um humor deprimido persistente, anedonia, sintomas neurovegetativos e energia reduzida, causando níveis variados de disfunção social e ocupacional. Os transtornos depressivos são muito comuns e estão entre as principais causas de incapacidade em todo o mundo.[2]​ A etiologia da depressão continua não sendo bem compreendida. Os modelos integradores, que levam em consideração as variáveis biológicas e sociais, são os que refletem de forma mais efetiva a etiologia complexa. Os sintomas depressivos incluem humor depressivo, anedonia, alterações do peso, alterações na libido, perturbação do sono, problemas psicomotores, baixa energia, culpa excessiva, baixa concentração e ideação suicida. Em alguns casos o humor não é triste, mas ansioso, irritável ou embotado.[1]​ Os fatores de risco importantes incluem idade avançada; parto, estresse ou trauma recente; afecções clínicas coexistentes (diabetes mellitus, câncer, AVC, infarto do miocárdio e obesidade); história pessoal ou familiar de depressão; certos medicamentos (por exemplo, corticosteroides) e sexo feminino.

Depressão em crianças

Caracterizada por um humor triste ou irritável, anedonia, menor capacidade de se divertir, baixa autoestima, perturbação do sono, retração social ou relações sociais prejudicadas, e desempenho escolar deficitário. A presença de pobreza foi associada a um aumento do risco de crianças precisarem de tratamento para depressão.​[3]​ É provável que a depressão na infância seja causada por fatores genéticos, ambientais e por suas interações. O estresse do dia a dia foi fortemente associado a risco de depressão, principalmente em garotas.[4]​ Os transtornos depressivos da adolescência e da pré-adolescência são diagnosticados clinicamente, com base em uma avaliação diagnóstica minuciosa da história e dos sintomas de apresentação. Os fatores de risco principais incluem história familiar positiva de depressão, outras psicopatologias parentais, história de eventos de vida estressantes ou trauma, sexo feminino, condição pós-parto, transtornos psiquiátricos comórbidos ou afecções clínicas crônicas, e instabilidade social ou da região de moradia são fatores de risco importantes para depressão.

Transtorno disruptivo de desregulação do humor

O transtorno disruptivo de desregulação do humor é uma categoria de transtorno depressivo diagnosticado pela primeira vez entre os 6 e 18 anos de idade, com apresentação inicial antes dos 10 anos. Ele é caracterizado pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, quinta edição, texto revisado (DSM-5-TR) como acessos de fúria intensos e recorrentes, em média 3 ou mais vezes por semana, por pelo menos 1 ano, e humor irritável ou raivoso persistente na maior parte do dia em quase todos os dias entre os acessos de fúria.[1]

Transtorno depressivo persistente

Inclui as formas comuns de depressão, mas com duração maior que o transtorno depressivo maior agudo. O DSM-5-TR alterou seu sistema de classificação para incluir todas as formas crônicas de depressão na categoria única de transtorno depressivo persistente, o qual inclui o transtorno depressivo maior crônico e a categoria prévia de transtorno distímico (distimia), ou depressão de grau leve crônica. O transtorno depressivo maior crônico pode ser mais comum que a distimia. A etiologia dos vários subtipos de transtorno depressivo persistente e de outros transtornos do humor é desconhecida. É provável que os transtornos depressivos tenham natureza heterogênea, e isso pode ser particularmente verdadeiro para o transtorno depressivo persistente, que tem uma grande variedade de apresentações e gravidades.[5]​ O DSM-5-TR inclui especificadores para identificar caminhos diferentes para o diagnóstico de transtorno depressivo persistente e diversas apresentações com base na gravidade e nas características clínicas.[1]

Depressão pós-parto

A depressão pós-parto se refere ao desenvolvimento de uma doença depressiva após o parto e pode ser parte de uma doença bipolar ou geralmente, uma doença unipolar. A depressão pós-parto não é reconhecida pelos sistemas de classificação atuais como uma doença em si, mas o início de um episódio depressivo em até 4 semanas pós-parto pode ser registrado pelo especificador de início perinatal no DSM-5-TR.[1] No sentido geral, os episódios depressivos que ocorrem de 6 a 12 meses após um parto podem ser considerados depressão pós-parto. Uma grande revisão de 143 estudos de 40 países relata uma ampla variação na prevalência de depressão pós-parto em todo o mundo, variando de 0% a 60%.[6] A etiologia é mal compreendida e falta consenso clínico; o desenvolvimento da depressão pós-parto provavelmente envolve uma interação entre fatores psicológicos, sociais e biológicos.[7]

As características da depressão pós-parto podem incluir culpa sobre os sintomas depressivos, sentimentos ambivalentes em relação ao lactente, vinculação deficiente e ruminações obsessivas, incluindo pensamentos intrusivos sobre causar danos ao lactente. A depressão pós-parto deve ser distinguida de uma pequena perturbação do humor (blues pós-parto ou "baby blues"), na qual os sintomas geralmente desaparecem dentro de 2 semanas.

Síndrome pré-menstrual e transtorno disfórico

A síndrome pré-menstrual (SPM) é caracterizada por sintomas comportamentais e físicos cíclicos que ocorrem na fase lútea do ciclo menstrual normal (o período entre a ovulação e o início da menstruação). O transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) é uma variante mais grave que inclui pelo menos um sintoma afetivo. A depressão pode coexistir com a SPM ou o TDPM em até 50% dos casos. Um diagnóstico de SPM ou de TDPM pode anteceder um diagnóstico de depressão.[8]​ A SPM e o TDPM são diagnósticos de exclusão, confirmados por um diário prospectivo de sintomas que verifica sua natureza cíclica e repetitiva. O exame físico e testes laboratoriais limitados são tipicamente normais. Os principais fatores de risco incluem mulheres na pré-menopausa e na pós-puberdade, história familiar, e transtornos do humor.

Transtorno afetivo sazonal

O transtorno afetivo sazonal (TAS) é um subtipo de depressão maior e transtorno bipolar que ocorre nas mudanças das estações durante, pelo menos, um período de 2 anos. Sintomas vegetativos atípicos de depressão são comuns, como hipersonia, hiperfagia e ganho de peso. Mais comumente, manifesta-se com início de depressão no outono ou inverno e remissão completa dos sintomas na primavera ou no verão. A diminuição da luz nos meses de inverno e o aumento da luz nos meses de verão podem contribuir para o risco de variações de humor sazonais.[9]​ As estimativas ao longo da vida para os transtornos bipolares e depressivos com um padrão sazonal ficam entre 0.4% e 2.9% em estudos de comunidades nos EUA, Canadá e Reino Unido.[10][11][12]​​ Algumas estimativas podem chegar a 9.7%.[13] Entretanto, essas diferenças provavelmente se devem às diferenças na amostragem e nos critérios diagnósticos utilizados. A avaliação é baseada em autorrelato, entrevista clínica e observação comportamental. Os fatores de risco que estão fortemente associados ao TAS incluem sexo feminino, idade de início de 20 a 30 anos, história familiar positiva da condição e residência em uma área exposta a menos durante o inverno e aumento da luz durante o verão.

Transtorno bipolar em adultos

Transtorno mental recorrente e muitas vezes crônico, o transtorno bipolar se caracteriza por episódios de hipomania ou mania e depressão, associados a uma alteração ou prejuízo da funcionalidade. A evolução em longo prazo da doença é caracterizada pela predominância da depressão, embora seja necessária uma história de pelo menos um episódio maníaco, hipomaníaco ou misto para se fazer um diagnóstico de transtorno bipolar.

Transtorno bipolar do tipo I: pelo menos um episódio de mania.

Transtorno bipolar tipo II: nunca ter tido um episódio maníaco franco; pelo menos um episódio hipomaníaco e pelo menos um episódio depressivo maior.[1]

Estima-se que a prevalência global do transtorno bipolar seja de aproximadamente 2.5%.[14]​ A causa exata do transtorno bipolar é desconhecida; em comum com muitos transtornos psiquiátricos, considera-se que ele seja causado pela interação complexa de vários fatores genéticos, celulares e ambientais.[15]​ Os fatores de risco principais incluem idade precoce no início do transtorno do humor, história familiar de transtorno bipolar ou suicídio, resposta fraca ou limitada aos antidepressivos tradicionais, alta recorrência de episódios de humor, comorbidade com transtorno de ansiedade ou por uso indevido de substâncias, e um padrão de instabilidade psicossocial.

Transtorno bipolar em crianças

O transtorno bipolar é uma condição incomum em crianças, que se torna mais frequente entre adolescentes, aproximando-se da frequência observada entre adultos.[16][17] Os critérios para adultos descrevem um transtorno de ciclos de humor flutuantes, que consistem em episódios de humor elevado e aumento da atividade ou da energia (mania) que dura pelo menos 1 semana, e episódios de redução do humor e da atividade (depressão); um episódio de mania é necessário para que o diagnóstico seja feito. O diagnóstico pode ser controverso, pois os critérios se sobrepõem aos de outras afecções da infância, como TDAH e o transtorno desafiador de oposição comórbido. 

Mitigação do risco de suicídio

A mitigação do risco de suicídio se refere à identificação, avaliação, intervenção e tratamento de uma pessoa que mostre risco de comportamento suicida. Esse é um processo contínuo, seja devido a um transtorno mental ou a uma crise existencial. O suicídio é uma importante causa de morte no mundo todo e um problema de saúde pública significativo. Estima-se que 800,000 pessoas morram em decorrência de suicídio a cada ano; essa é a segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos.[18] O suicídio está associado a um conjunto de fatores psicológicos, biológicos, genéticos, sociais e ambientais, mas ainda não se tem certeza se esses fatores são causativos. Os pensamentos autodestrutivos ou suicidas devem ser levados a sério e tratados com empatia, compaixão e compreensão, posto que eles são fatores de risco para o suicídio, particularmente quando associados a uma história de transtorno mental (na maioria das vezes transtorno depressivo maior e abuso de substâncias).

Colaboradores

Autores

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BMJ Publishing Group

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