Etiologia

Todas as tosses crônicas começam como subagudas – e o diagnóstico diferencial inclui todas as causas da tosse subaguda. A tosse pós-infecciosa é a etiologia mais comum da tosse subaguda.[5] A maior parte dos casos é autolimitada. Se a duração da tosse ultrapassar 8 semanas, é necessária uma abordagem sistemática para elucidar a causa e determinar o melhor tratamento.

Etiologias comuns

Na maioria dos adultos não fumantes com radiografia torácica normal e que não tomam inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECAs), a tosse crônica é causada por uma das quatro condições a seguir:[2][3][6][7]

  • Síndrome da tosse das vias aéreas superiores (anteriormente síndrome do gotejamento pós-nasal): 34%

  • Asma: 25%

  • Doença do refluxo gastroesofágico: 20%

  • Bronquite eosinofílica não asmática: 13%.

Frequentemente, existe mais de uma causa presente para a tosse crônica. A tosse verdadeiramente idiopática é rara e é um diagnóstico de exclusão.[8][9]

A tosse como sintoma principal ou isolado da asma, conhecida como variante tussígena da asma, está presente em um subgrupo de pacientes.[10] Geralmente ela piora à noite.[10]

Essas causas mais comuns aplicam-se à maioria dos pacientes que comparecem às clínicas de especialidades apresentando tosse crônica, devendo ser as primeiras a serem consideradas se não houver sinais ou sintomas que apontem para diagnósticos alternativos.

Outras causas comuns incluem as seguintes.

  • Inibidores da ECA: tosse seca, normalmente associada a uma sensação de coceira ou irritação na garganta. A incidência relatada varia.[11] A tosse induzida por inibidor da ECA é mais frequente nas mulheres que nos homens e está associada ao aumento da idade.[12][13]

  • Tosse pós-infecciosa: a etiologia mais comum da tosse subaguda.[5] Uma história típica de tosse pós-infecciosa deve incitar uma vigilância ativa e administração de terapia sintomática, se necessário.

  • Bronquite: a bronquite crônica deve ser considerada quando um adulto apresentar uma história de tosse produtiva crônica que perdure por mais de 3 meses do ano e por pelo menos 2 anos consecutivos, quando outros diagnósticos já tiverem sido descartados.[14] A bronquite crônica é uma das manifestações da doença pulmonar obstrutiva crônica. Fatores predisponentes podem incluir consumo de nicotina e maconha, exposição passiva à fumaça de nicotina e exposição ambiental a toxinas.[6][15]

  • Bordetella pertussis: quando a epidemiologia local indicar uma alta taxa de infecção por coqueluche, a realização de um exame para Bordetella pertussis é recomendada. Se o exame sugerir coqueluche, é indicado administrar a terapêutica antimicrobiana específica.

Etiologias menos comuns

Os diagnósticos a serem considerados são aqueles que ocasionam a tosse por meio de estímulo dos receptores mecânicos e químicos das vias aéreas do nervo vago, incluindo nervos aferentes localizados na parede torácica, diafragma, esôfago, parede abdominal e meato acústico externo.[16] Outras possíveis causas podem ser:

  • Distúrbios que deformam ou irritam as vias aéreas (por exemplo, bronquiectasia, doença pulmonar supurativa crônica, tumores endobrônquicos, doença granulomatosa, corpos estranhos)

  • Distúrbios do parênquima pulmonar (por exemplo, doença pulmonar intersticial resultante de pneumonite por hipersensibilidade, exposição ocupacional/ambiental ou doenças autoimunes como lúpus eritematoso sistêmico)

  • Outras doenças que envolvem processos sistêmicos (artrite reumatoide, sarcoidose), doenças autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico, ou doenças que estimulam os nervos aferentes mencionados acima

  • Irritação do meato acústico externo por infecção, cera ou próteses auditivas pode produzir tosse por meio de um reflexo mediado pelo nervo de Arnold.

A disfagia orofaríngea que resulta em aspiração recorrente de alimentos e líquidos também pode causar tosse. Pacientes com tosse que relatam dificuldade para deglutir devem ser avaliados quanto a essa etiologia.[6]

O divertículo de Zenker pode causar tosse crônica, acompanhada por disfagia, regurgitação, aspiração e perda de peso.[17]

A bronquiolite também deve ser considerada e pode resultar de infecção ou estar relacionada com o uso de medicamentos/toxinas. A panbronquiolite difusa deve ser considerada em pacientes que viveram recentemente no Japão, na Coreia ou na China.[6]

Em áreas com infecção endêmica por fungos ou parasitas, deve-se realizar a avaliação diagnóstica para essas infecções quando as causas mais comuns de tosse já tiverem sido excluídas.[6] O alargamento lento dos vasos sanguíneos intratorácicos, como pode ser o caso de um aneurisma aórtico, pode causar tosse crônica.[18]

A síndrome da tosse somática (tosse psicogênica) pode ser diagnosticada depois de exame exaustivo descartar todas as outras causas.[19]

Pessoas que trabalham com a voz (por exemplo, professores, operadores de telemarketing, atores, cantores, treinadores) podem apresentar tosse crônica e rouquidão.[15]

A doença do coronavírus 2019 (COVID-19) pode estar associada a sintomas de longa duração, mais comumente tosse, febre baixa e fadiga e/ou disfunção orgânica.[20] A definição e a duração da "síndrome pós-COVID-19 aguda" ou "COVID longa" não foram determinadas de maneira universal. No Reino Unido, a "COVID-19 sintomática continuada" foi definida como sinais e sintomas de COVID-19 por 4-12 semanas. A "síndrome pós-COVID-19" é definida como sinais e sintomas desenvolvidos durante ou após a COVID-19 que perduram por mais de 12 semanas.[21] Dados sobre incidência, história natural e etiologia continuam a surgir. Consulte a seção "Complicações" no tópico "Doença do coronavírus 2019 (COVID-19)".

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