Etiologia
Todas as tosses crônicas começam como subagudas – e o diagnóstico diferencial inclui todas as causas da tosse subaguda. A tosse pós-infecciosa é a etiologia mais comum da tosse subaguda.[6] A maior parte dos casos é autolimitada. Se a duração da tosse ultrapassar 8 semanas, é necessária uma abordagem sistemática para elucidar a causa e determinar o melhor tratamento.
Etiologias comuns
Na maioria dos adultos não fumantes com radiografia torácica normal e que não tomam inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECAs), a tosse crônica é causada por uma das quatro condições a seguir:[2][3][7][8]
Síndrome da tosse das vias aéreas superiores (anteriormente síndrome do gotejamento pós-nasal)
Asma
Doença do refluxo gastroesofágico
Bronquite eosinofílica não asmática.
Frequentemente, existe mais de uma causa presente para a tosse crônica. A tosse verdadeiramente idiopática é rara e é um diagnóstico de exclusão.[9][10]
A tosse como sintoma isolado ou principal da asma, conhecida como variante tussígena da asma, está presente em um subgrupo de pacientes. A tosse pode ser produtiva e piorar à noite ou com exercícios. Pode haver ausência de limitação variável do fluxo aéreo.[11]
Essas causas mais comuns aplicam-se à maioria dos pacientes que comparecem às clínicas de especialidades apresentando tosse crônica, devendo ser as primeiras a serem consideradas se não houver sinais ou sintomas que apontem para diagnósticos alternativos.
Outras causas comuns incluem as seguintes.
Inibidores da ECA: tosse seca, normalmente associada a uma sensação de coceira ou irritação na garganta. A incidência relatada varia.[12] A tosse induzida por inibidor da ECA é mais frequente nas mulheres que nos homens e está associada ao aumento da idade.[13][14]
Tosse pós-infecciosa: a etiologia mais comum da tosse subaguda.[6] Uma história típica de tosse pós-infecciosa deve incitar uma vigilância ativa e administração de terapia sintomática, se necessário.
Bronquite crônica: adulto com história de tosse produtiva crônica com duração de mais de 3 meses do ano e por pelo menos 2 anos consecutivos quando outros diagnósticos tiverem sido descartados.[15] A bronquite crônica é uma das manifestações da doença pulmonar obstrutiva crônica. Os fatores predisponentes incluem o consumo de nicotina e de maconha, exposição passiva a fumaça de nicotina e exposição ambiental a toxinas.[8][16]
Bordetella pertussis: quando a epidemiologia local indicar uma alta taxa de infecção por coqueluche, a realização de um exame para Bordetella pertussis é recomendada. Se o exame sugerir coqueluche, é indicado administrar a terapêutica antimicrobiana específica.
Etiologias menos comuns
Os diagnósticos a serem considerados são aqueles que ocasionam a tosse por meio de estímulo dos receptores mecânicos e químicos das vias aéreas do nervo vago, incluindo nervos aferentes localizados na parede torácica, diafragma, esôfago, parede abdominal e meato acústico externo.[8] Outras possíveis causas podem ser:
Distúrbios que deformam ou irritam as vias aéreas (por exemplo, bronquiectasia, doença pulmonar supurativa crônica, tumores endobrônquicos, doença granulomatosa, corpos estranhos)
Distúrbios do parênquima pulmonar (por exemplo, doença pulmonar intersticial resultante de pneumonite por hipersensibilidade, exposição ocupacional/ambiental ou doenças autoimunes como lúpus eritematoso sistêmico)
Doenças sistêmicas (por exemplo, artrite reumatoide, sarcoidose) ou doenças autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico
Neuropatia vagal crônica (por exemplo, neuropatia por vitamina B12, neuropatia diabética, infecção por herpes-zóster, exposição a irritantes químicos)
A irritação do meato acústico externo por infecção, cera ou próteses auditivas pode produzir tosse por meio de um reflexo mediado pelo nervo de Arnold
A apneia obstrutiva do sono pode causar quedas repetidas na pressão intrapleural, resultando em episódios de aspiração noturna, irritação na garganta e tosse.[17]
A disfagia orofaríngea que resulta em aspiração recorrente de alimentos e líquidos também pode causar tosse. Pacientes com tosse que relatam dificuldade para deglutir devem ser avaliados quanto a essa etiologia.
O divertículo de Zenker pode causar tosse crônica, acompanhada por disfagia, regurgitação, aspiração e perda de peso.[18]
A bronquiolite também deve ser considerada, e pode resultar de infecção ou estar relacionada a medicamentos/toxinas. A panbronquiolite difusa deve ser considerada nos pacientes do Leste Asiático.[19][20]
As doenças neurológicas que afetam o bulbo ou o cerebelo podem aumentar o reflexo da tosse (por exemplo, lesões com efeito de massa no tronco encefálico, síndrome de Tourette, transtorno do espectro da neuromielite óptica, doenças neurodegenerativas cerebelares).[21]
Em áreas com infecção endêmica por fungos ou parasitas, deve-se realizar a avaliação diagnóstica para essas infecções quando as causas mais comuns de tosse já tiverem sido excluídas. O alargamento lento dos vasos sanguíneos intratorácicos, como pode ser o caso de um aneurisma aórtico, pode causar tosse crônica.[22]
Pessoas que trabalham com a voz (por exemplo, professores, operadores de telemarketing, atores, cantores, treinadores) podem apresentar tosse crônica e rouquidão.[16]
A doença do coronavírus 2019 (COVID-19) pode estar associada a sintomas de longa duração, mais comumente tosse, febre baixa e fadiga e/ou disfunção orgânica.[23] A definição e a duração da "síndrome pós-COVID-19 aguda" ou "COVID longa" não foram determinadas de maneira universal. No Reino Unido, a "COVID-19 sintomática continuada" foi definida como sinais e sintomas de COVID-19 por 4-12 semanas. A "síndrome pós-COVID-19" é definida como sinais e sintomas desenvolvidos durante ou após a COVID-19 que perduram por mais de 12 semanas.[24] Dados sobre incidência, história natural e etiologia continuam a surgir. Consulte Doença do coronavírus 2019 (COVID-19).
A tosse crônica que persiste apesar das tentativas terapêuticas e não é explicada por avaliações extensas é rotulada como tosse crônica refratária ou tosse crônica inexplicada. Na literatura ela também é chamada de tosse neurogênica, síndrome de hipersensibilidade à tosse, ou tosse somática.[25][26]
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal