Etiologia

Na cetoacidose diabética (CAD), há uma redução na concentração final efetiva de insulina circulante juntamente com uma elevação de hormônios contrarreguladores (glucagon, catecolaminas, cortisol e hormônio do crescimento). Essas alterações causam manifestações extremas de desarranjos metabólicos que podem ocorrer na diabetes. Os dois eventos precipitantes mais comuns são infecção e descontinuação ou, insulinoterapia inadequada. Condições clínicas subjacentes, como infarto do miocárdio ou pancreatite, que provocam a liberação de hormônios contrarreguladores, também poderão resultar em CAD em pacientes com diabetes.[15] Os medicamentos que afetam o metabolismo dos carboidratos, como corticosteroides, tiazidas, agentes simpaticomiméticos (por exemplo, dobutamina e terbutalina), antipsicóticos de segunda geração, inibidores do checkpoints imunológicos, cocaína e cannabis podem contribuir para o desenvolvimento da CAD.[1][16][17] O uso de inibidores do co-transportador de sódio-glicose 2 (SGLT2) também foi implicado no desenvolvimento da CAD em pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2.[18][19][20][21][22]

Fisiopatologia

A diminuição da concentração ou ação da insulina, junto com o aumento dos hormônios contrarreguladores de insulina, causa hiperglicemia, depleção de volume e desequilíbrio eletrolítico subjacentes à fisiopatologia da cetoacidose diabética (CAD). As alterações hormonais causam o aumento da gliconeogênese, produção de glicose hepática e renal e deficiência da utilização da glicose nos tecidos periféricos, o que resulta em hiperglicemia e hiperosmolaridade. A deficiência de insulina acarreta liberação de ácidos graxos livres do tecido adiposo (lipólise), oxidação dos ácidos graxos hepáticos e formação de corpos cetônicos (beta-hidroxibutirato e acetoacetato), resultando em cetonemia e acidose. Estudos demonstraram a elevação de citocinas pró-inflamatórias e biomarcadores inflamatórios (por exemplo, proteína C-reativa), marcadores de estresse oxidativo, peroxidação lipídica e fatores de risco cardiovasculares com crises hiperglicêmicas. Todos esses parâmetros voltam ao normal após a insulinoterapia e terapia de hidratação em até 24 horas após as crises hiperglicêmicas. Foi demonstrada também a elevação das citocinas pró-inflamatórias e dos marcadores de peroxidação lipídica e de estresse oxidativo em pacientes não diabéticos com hipoglicemia induzida por insulina.[23] Os estados pró-inflamatórios e pró-coagulantes observados nas crises hiperglicêmicas e na hipoglicemia podem ser o resultado de respostas adaptativas a estresse agudo, e não hiperglicemia ou hipoglicemia per se.[1][23][24] Também foi postulado que o diabetes propenso à cetose inclui diferentes síndromes com base no status do autoanticorpo, no genótipo do antígeno leucocitário humano (HLA) e na reserva funcional de células beta.[25]

[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Patogênese da cetoacidose diabética (CAD) e estado hiperosmolar hiperglicêmico (EHH); os fatores desencadeantes incluem estresse, infecção e insuficiência de insulina. AGL: ácido graxo livre; SHH: estado hiperosmolar hiperglicêmicoDe: Kitabchi AE, Umpierrez GE, Miles JM, et al. Diabetes Care. 2009,32:1335-43; usado com permissão [Citation ends].Patogênese da cetoacidose diabética (CAD) e estado hiperosmolar hiperglicêmico (EHH); os fatores desencadeantes incluem estresse, infecção e insuficiência de insulina. AGL: ácido graxo livre; SHH: estado hiperosmolar hiperglicêmico

Classificação

CAD grave

A presença de um ou mais dos seguintes sintomas pode indicar CAD grave:[4]

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