Avaliação de distúrbios do paladar
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Resumo
O paladar (gustação) é atribuído às informações sensoriais recebidas da cavidade oral e da orofaringe, constituindo a percepção que acompanha a ingestão oral. O paladar abrange cinco qualidades gustativas básicas: doce, amargo, salgado, azedo e umami.[1]Hsieh JW, Daskalou D, Macario S, et al. How to manage taste disorders. Curr Otorhinolaryngol Rep. 2022;10(4):385-92. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9490708 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36158900?tool=bestpractice.com O umami (sabor agradável, saboroso e apetecível) é a percepção do glutamato monossódico; seu sabor se assemelha ao do caldo de galinha.[2]Chaudhari N, Landin AM, Roper SD. A metabotropic glutamate receptor variant functions as a taste receptor. Nat Neurosci. 2000 Feb;3(2):113-9. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10649565?tool=bestpractice.com
Funções adicionais dol paladar foram identificadas, incluindo o "gosto" da gordura que pode ser mediado por transdução de receptores e transporte não específico através da membrana celular e "sensação" picante (por exemplo, capsaicina, gengibre) mediada por fibras sensitivas aferentes.[3]Roper SD, Chaudhari N. Taste buds: cells, signals and synapses. Nat Rev Neurosci. 2017 Aug;18(8):485-97. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5958546 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28655883?tool=bestpractice.com Um receptor que resulta em gosto kokumi, o qual realça outras sensações de sabor, e um receptor para "água" também foram descritos.[4]Barlow LA. The sense of taste: development, regeneration, and dysfunction. WIREs Mech Dis. 2022 May;14(3):e1547. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34850604?tool=bestpractice.com [5]Ahmad R, Dalziel JE. G protein-coupled receptors in taste physiology and pharmacology. Front Pharmacol. 2020 Nov 30;11:587664. https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fphar.2020.587664/full http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33390961?tool=bestpractice.com [6]Leach K, Hannan FM, Josephs TM, et al. International Union of Basic and Clinical Pharmacology. CVIII. Calcium-sensing receptor nomenclature, pharmacology, and function. Pharmacol Rev. 2020 Jul;72(3):558-604. https://pharmrev.aspetjournals.org/content/72/3/558.long http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32467152?tool=bestpractice.com [7]Rhyu MR, Song AY, Kim EY, et al. Kokumi taste active peptides modulate salt and umami taste. Nutrients. 2020 Apr 24;12(4):1198. https://www.mdpi.com/2072-6643/12/4/1198 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32344605?tool=bestpractice.com
Entretanto, o senso comum da palavra "paladar" geralmente significa "sabor", o que por sua vez é um composto de vários aferentes quimiossensoriais (não gustativos) como paladar, picância, textura, temperatura (ambas mediadas pelo nervo trigêmeo – isto é, o V nervo craniano), visão e, de maneira significativa, o olfato (mais precisamente o retro-olfato) percebido enquanto se come.[1]Hsieh JW, Daskalou D, Macario S, et al. How to manage taste disorders. Curr Otorhinolaryngol Rep. 2022;10(4):385-92. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9490708 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36158900?tool=bestpractice.com [8]Iwata S, Yoshida R, Ninomiya Y. Taste transductions in taste receptor cells: basic tastes and moreover. Curr Pharm Des. 2014;20(16):2684-92. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23886388?tool=bestpractice.com [9]Rolls ET. The texture and taste of food in the brain. J Texture Stud. 2020 Feb;51(1):23-44. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31598975?tool=bestpractice.com Dessa forma, as queixas de um paciente sobre a perda de paladar nem sempre refletem a patologia subjacente. A testagem do paladar é obrigatória para se excluir uma patologia olfatória ou do nervo trigêmeo primárias, as quais se manifestam clinicamente para o paciente como um problema no paladar.
De acordo com o teste de tiras gustativas, 5.3% das pessoas consideradas saudáveis têm hipogeusia, embora pouquíssimas apresentem ageusia completa.[10]Welge-Lüssen A, Dörig P, Wolfensberger M, et al. A study about the frequency of taste disorders. J Neurol. 2011 Mar;258(3):386-92. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20886348?tool=bestpractice.com A avaliação de um paciente que apresenta uma disfunção no paladar engloba sua história (inclusive a história médica, o uso de medicamentos e elementos alimentares/nutricionais), um exame clínico detalhado (incluindo exame oral) e investigações para determinar a etiologia subjacente.[1]Hsieh JW, Daskalou D, Macario S, et al. How to manage taste disorders. Curr Otorhinolaryngol Rep. 2022;10(4):385-92. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9490708 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36158900?tool=bestpractice.com [11]Wrobel BB, Leopold DA. Clinical assessment of patients with smell and taste disorders. Otolaryngol Clin North Am. 2004 Dec;37(6):1127-42. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S003066650400132X?via%3Dihub http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15563906?tool=bestpractice.com
Anatomia e fisiologia aplicadas
As células receptoras gustativas estão localizadas nos botões gustativos, principalmente dentro da cavidade oral. O sistema do paladar é altamente redundante, com distribuição e transmissão bilaterais ao longo dos múltiplos nervos cranianos. Existem 4 tipos de papilas: fungiformes, foliadas, circunvaladas e filiformes. Todas elas, exceto as filiformes, têm botões gustativos.[12]Doyle ME, Premathilake HU, Yao Q, et al. Physiology of the tongue with emphasis on taste transduction. Physiol Rev. 2023 Apr 1;103(2):1193-246. https://journals.physiology.org/doi/full/10.1152/physrev.00012.2022 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36422992?tool=bestpractice.com
O paladar é um processo neurológico com degustadores enviados a receptores neuroepiteliais nos botões gustativos.[13]Thomas DC, Chablani D, Parekh S, et al. Dysgeusia: a review in the context of COVID-19. J Am Dent Assoc. 2022 Mar;153(3):251-64. https://jada.ada.org/article/S0002-8177(21)00519-5/fulltext http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34799014?tool=bestpractice.com
Receptores acoplados à proteína G são expressos em três tipos de células receptoras gustativas.[3]Roper SD, Chaudhari N. Taste buds: cells, signals and synapses. Nat Rev Neurosci. 2017 Aug;18(8):485-97. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5958546 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28655883?tool=bestpractice.com [4]Barlow LA. The sense of taste: development, regeneration, and dysfunction. WIREs Mech Dis. 2022 May;14(3):e1547. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34850604?tool=bestpractice.com [5]Ahmad R, Dalziel JE. G protein-coupled receptors in taste physiology and pharmacology. Front Pharmacol. 2020 Nov 30;11:587664. https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fphar.2020.587664/full http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33390961?tool=bestpractice.com
Células de suporte similares a células gliais de tipo I: podem ser heterogêneas em relação à função; reconhecem o gosto pouco salgado
Tipo II: reconhece os gostos doce, umami e amargo
Tipo III: reconhece o gosto azedo.
O gosto kokumi (realça a continuidade, a espessura e a sensação na boca) é mediado por outro receptor acoplado à proteína G, o receptor sensor de cálcio.[5]Ahmad R, Dalziel JE. G protein-coupled receptors in taste physiology and pharmacology. Front Pharmacol. 2020 Nov 30;11:587664. https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fphar.2020.587664/full http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33390961?tool=bestpractice.com [7]Rhyu MR, Song AY, Kim EY, et al. Kokumi taste active peptides modulate salt and umami taste. Nutrients. 2020 Apr 24;12(4):1198. https://www.mdpi.com/2072-6643/12/4/1198 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32344605?tool=bestpractice.com
O receptor de ácidos graxos livres é um receptor acoplado à proteína G na cavidade oral e no trato gastrointestinal que desempenha um papel na regulação da energia e do apetite e nas preferências relativas a sabor/textura.[14]Hara T, Kimura I, Inoue D, et al. Free fatty acid receptors and their role in regulation of energy metabolism. Rev Physiol Biochem Pharmacol. 2013;164:77-116. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23625068?tool=bestpractice.com
As fibras gustativas aferentes vão desde os botões gustativos até as vias gustativas. Os dois terços anteriores da língua são inervados pela corda do tímpano, um ramo do nervo facial (VII nervo craniano). As fibras gustativas da corda do tímpano entram no tronco encefálico pelo nervo intermédio (VII nervo craniano). Em sua extremidade distal, as fibras gustativas com a corda do tímpano se unem ao nervo lingual, uma parte do ramo mandibular do nervo trigêmeo (nervo craniano V). Procedimentos cirúrgicos que envolvem a mandíbula posterior podem danificar o nervo lingual, causando uma perda transitória ou permanente do paladar. O terço posterior da língua é inervado pelo ramo lingual do nervo glossofaríngeo (IX nervo craniano), e a base da língua e a epiglote são inervadas pelo nervo vago (X nervo craniano). A partir dos nervos cranianos, as fibras convergem no núcleo do trato solitário (NTS) no tronco encefálico. Deixando o NTS, as fibras gustativas ainda percorrem um trajeto ipsilateral e tornam-se parcialmente transversais no nível do mesencéfalo, projetando-se para os tálamos e as ínsulas. A gustação pode ser alterada em vários níveis dentro dessas vias. Os neurônios receptores gustativos, assim como os neurônios receptores olfatórios, são capazes de se regenerar.
Embora se possa geralmente prever que as queixas de paladar estejam relacionadas ao paladar da comida, alguns pacientes podem relatar alteração de paladar na boca quando não há presença de comida. Em alguns casos de queixa de paladar, a comida pode ter sabor normal e mascarar o paladar anormal relatado nos intervalos das refeições. Isso pode ser relatado como "paladar fantasma". É importante distinguir a natureza da queixa.
Os humanos têm pelo menos 5 qualidades gustativas básicas (doce, amargo, salgado, azedo e umami) que podem ser distinguidas pelos receptores gustativos. O conhecimento atual é de que toda a língua é capaz de perceber todas as qualidades gustativas.[13]Thomas DC, Chablani D, Parekh S, et al. Dysgeusia: a review in the context of COVID-19. J Am Dent Assoc. 2022 Mar;153(3):251-64. https://jada.ada.org/article/S0002-8177(21)00519-5/fulltext http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34799014?tool=bestpractice.com Todavia, existem áreas, como a ponta ou o fundo da língua, com sensibilidades gustativas globais mais altas. Alguns dados sugerem que pode haver uma gustotopia, similar à tonotopia cortical relacionada à audição.[15]Chen X, Gabitto M, Peng Y, et al. A gustotopic map of taste qualities in the mammalian brain. Science. 2011 Sep;333(6047):1262-6. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3523322 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21885776?tool=bestpractice.com No entanto, estudos realizados com seres humanos concluíram que a identificação do sabor envolve uma codificação temporal sem pontos de sabor específicos, bem definidos.[16]Roper SD. Encoding taste: From receptors to perception. Handb Exp Pharmacol. 2022;275:53-90. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9744258 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34796381?tool=bestpractice.com
Saliva
O paladar é um estímulo importante para a produção de saliva e, vice-versa, a saliva é necessária para a percepção do sabor e não é substituída pela ingestão de água durante a alimentação. A saliva é o solvente oral natural que dissolve componentes da comida permitindo que estes alcancem os receptores de sabor.[17]Matsuo R. Role of saliva in the maintenance of taste sensitivity. Crit Rev Oral Biol Med. 2000;11(2):216-29. http://cro.sagepub.com/content/11/2/216.long http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12002816?tool=bestpractice.com O paladar também é influenciado pela composição salivar, uma vez que uma qualidade específica deve estar acima da concentração de saliva normal para ser percebida. O fator de crescimento epidérmico e o fator de crescimento neural na saliva podem ser relevantes na função do paladar. Assim, tanto a quantidade quanto a qualidade da saliva podem influenciar a sensação gustativa.[18]Bardow A, Nyvad B, Nauntofte B. Relationships between medication intake, complaints of dry mouth, salivary flow rate and composition, and the rate of tooth demineralization in situ. Arch Oral Biol. 2001 May;46(5):413-23. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11286806?tool=bestpractice.com Três pares de glândulas salivares maiores e centenas de glândulas menores distribuídas ao longo da mucosa oral e faríngea produzem saliva, que contém minerais, enzimas e imunoglobulina (IgA). O sistema é regulado por vias simpáticas e parassimpáticas autônomas. Processos fisiológicos, patológicos e iatrogênicos podem interferir na produção de saliva e, assim, induzir disgeusia.
Causas de mudança de paladar
Causas locais podem ser decorrentes de condição local/regional, inclusive higiene oral precária, doença oral/dental/sinusal, infecção oral (por exemplo, candidíase), condição orofaríngea, dieta e uso de tabaco.
Tipos de perda do paladar
Existem várias maneiras de classificar um distúrbio do paladar. O método aplicado com maior frequência na prática clínica é a distinção do distúrbio qualitativo do quantitativo, como a seguir:[1]Hsieh JW, Daskalou D, Macario S, et al. How to manage taste disorders. Curr Otorhinolaryngol Rep. 2022;10(4):385-92. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9490708 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36158900?tool=bestpractice.com
Disgeusia: a terminologia geral para qualquer tipo de distúrbio do paladar
Parageusia: comprometimento qualitativo do paladar, que delineia uma distorção desencadeada do paladar (por exemplo, ocorre percepção de amargo, metálico ou outro quando se come/bebe).
Fantogeusia: comprometimento qualitativo do paladar, que delineia uma distorção de paladar não desencadeada, permanente ou intermitente e inclui diversas queixas, como gosto metálico ou gosto permanente de amargo, azedo, salgado ou (mais raro ainda) doce
Hipogeusia: distúrbio quantitativo do paladar que causa redução da função gustativa
Ageusia: distúrbio quantitativo do paladar que causa ausência de paladar.
Qualquer uma dessas formas, com exceção da ageusia, pode ser diminuída, aumentada ou não afetada pela alimentação/ingestão de bebidas. Esses distúrbios quantitativos e qualitativos podem ocorrer juntos ou isolados (por exemplo, um paciente com parageusia para amargo pode ter uma função do paladar com medição normal ou alterada).
Na literatura, a "disgeusia" geralmente é usada de forma variável como distúrbio do paladar qualitativo, quantitativo ou geral, o que causa confusão.
Outras classificações são baseadas no local anatômico da lesão (por exemplo, lesão no nervo periférico, lesão no tronco encefálico, lesão talâmica ou fronto-orbital).
Epidemiologia
A epidemiologia dos distúrbios do paladar não é clara. As taxas de prevalência para distúrbios do paladar variam de 0.6% a 20% na literatura.[13]Thomas DC, Chablani D, Parekh S, et al. Dysgeusia: a review in the context of COVID-19. J Am Dent Assoc. 2022 Mar;153(3):251-64. https://jada.ada.org/article/S0002-8177(21)00519-5/fulltext http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34799014?tool=bestpractice.com [19]Liu G, Zong G, Doty RL, et al. Prevalence and risk factors of taste and smell impairment in a nationwide representative sample of the US population: a cross-sectional study. BMJ Open. 2016 Nov 9;6(11):e013246. https://bmjopen.bmj.com/content/6/11/e013246.long http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28157672?tool=bestpractice.com [20]Vennemann MM, Hummel T, Berger K. The association between smoking and smell and taste impairment in the general population. J Neurol. 2008 Aug;255(8):1121-6. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18677645?tool=bestpractice.com [21]Hoffman HJ, Ishii EK, MacTurk RH. Age-related changes in the prevalence of smell/taste problems among the United States adult population. Results of the 1994 disability supplement to the National Health Interview Survey (NHIS). Ann N Y Acad Sci. 1998 Nov 30;855:716-22. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9929676?tool=bestpractice.com
Os distúrbios do paladar podem não ser notados pelo paciente ou pelo médico (por exemplo, em um acidente vascular cerebral [AVC]), podendo não ser reconhecidos caso nenhum teste seja realizado.[22]Heckmann JG, Stössel C, Lang CJ, et al. Taste disorders in acute stroke: a prospective observational study on taste disorders in 102 stroke patients. Stroke. 2005 Aug;36(8):1690-4. http://stroke.ahajournals.org/content/36/8/1690.full http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16002758?tool=bestpractice.com A falta de reconhecimento e particularidades fisiológicas relacionadas ao paladar, como a capacidade de tocar ser interpretada como percepção de paladar, sugere que os comprometimentos do paladar são sub-relatados. Dados sugerem que cerca de 5% da população geral apresenta função reduzida do paladar, sem necessariamente se sentir incomodada ou reconhecer a condição.[10]Welge-Lüssen A, Dörig P, Wolfensberger M, et al. A study about the frequency of taste disorders. J Neurol. 2011 Mar;258(3):386-92. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20886348?tool=bestpractice.com A alteração de sabor baseia-se, necessariamente, em relatos dos pacientes, os quais podem subestimar a epidemiologia das mudanças de sabor. As alterações de sabor estão associadas com o envelhecimento.[23]Barragán R, Coltell O, Portolés O, et al. Bitter, sweet, salty, sour and umami taste perception decreases with age: sex-specific analysis, modulation by genetic variants and taste-preference associations in 18 to 80 year-old subjects. Nutrients. 2018 Oct 18;10(10):1539. https://www.mdpi.com/2072-6643/10/10/1539 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30340375?tool=bestpractice.com [24]Sergi G, Bano G, Pizzato S, et al. Taste loss in the elderly: possible implications for dietary habits. Crit Rev Food Sci Nutr. 2017 Nov 22;57(17):3684-9. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27129026?tool=bestpractice.com
Durante a pandemia de COVID-19, 40% a 50% das pessoas no mundo todo relataram alteração no olfato e no paladar, e esses sintomas muitas vezes foram os maiores preditores de infecção por SARS-CoV-2.[25]Tan BKJ, Han R, Zhao JJ, et al. Prognosis and persistence of smell and taste dysfunction in patients with covid-19: meta-analysis with parametric cure modelling of recovery curves. BMJ. 2022 Jul 27;378:e069503. https://www.bmj.com/content/378/bmj-2021-069503.long http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35896188?tool=bestpractice.com Em uma metanálise, cerca de 5% dos pacientes desenvolvem disfunção persistente do paladar.[25]Tan BKJ, Han R, Zhao JJ, et al. Prognosis and persistence of smell and taste dysfunction in patients with covid-19: meta-analysis with parametric cure modelling of recovery curves. BMJ. 2022 Jul 27;378:e069503. https://www.bmj.com/content/378/bmj-2021-069503.long http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35896188?tool=bestpractice.com
Os distúrbios de paladar são muito comuns nas neoplasias de cabeça e pescoço, relatando-se perda de paladar em mais de 70% dos pacientes.[26]Togni L, Mascitti M, Vignigni A, et al. Treatment-related dysgeusia in oral and oropharyngeal cancer: a comprehensive review. Nutrients. 2021 Sep 23;13(10):3325 https://www.mdpi.com/2072-6643/13/10/3325 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34684326?tool=bestpractice.com Em alguns pacientes, não ocorre recuperação total e, em pacientes tratados com radioterapia, o gosto umami demora mais para se recuperar do que outras qualidades.[27]Gunn L, Gilbert J, Nenclares P, et al. Taste dysfunction following radiotherapy to the head and neck: a systematic review. Radiother Oncol. 2021 Apr;157:130-40. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33545253?tool=bestpractice.com
Alterações de paladar ocorrem com radioterapia regional e com quimioterapia sistêmica, além de terapias direcionadas em pacientes com câncer de tumor sólido ou terapia de transplante de células-tronco.[28]Buttiron Webber T, Briata IM, DeCensi A, et al. Taste and smell disorders in cancer treatment: results from an integrative rapid systematic review. Int J Mol Sci. 2023 Jan 28;24(3):2538. https://www.mdpi.com/1422-0067/24/3/2538 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36768861?tool=bestpractice.com [29]Pugnaloni S, Vignini A, Borroni F, et al. Modifications of taste sensitivity in cancer patients: a method for the evaluations of dysgeusia. Support Care Cancer. 2020 Mar;28(3):1173-81. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31203507?tool=bestpractice.com [30]Scordo M, Shah GL, Adintori PA, et al. A prospective study of dysgeusia and related symptoms in patients with multiple myeloma after autologous hematopoietic cell transplantation. Cancer. 2022 Nov 1;128(21):3850-9. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10010839 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36041227?tool=bestpractice.com Aproximadamente 60% dos pacientes que recebem quimioterapia sistêmica relatam disgeusia, a qual tem sido associada ao tipo de agente citotóxico e à presença de mucosite oral.[31]Okada N, Hanafusa T, Abe S, et al. Evaluation of the risk factors associated with high-dose chemotherapy-induced dysgeusia in patients undergoing autologous hematopoietic stem cell transplantation: possible usefulness of cryotherapy in dysgeusia prevention. Support Care Cancer. 2016 Sep;24(9):3979-85. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27129837?tool=bestpractice.com A quimioterapia sistêmica pode causar alteração gustativa, a qual geralmente é revertida com a interrupção do tratamento e pode estar relacionada a toxicidade direta e secreção de medicamento na saliva.[30]Scordo M, Shah GL, Adintori PA, et al. A prospective study of dysgeusia and related symptoms in patients with multiple myeloma after autologous hematopoietic cell transplantation. Cancer. 2022 Nov 1;128(21):3850-9. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10010839 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36041227?tool=bestpractice.com [32]Steinbach S, Hummel T, Böhner C, et al. Qualitative and quantitative assessment of taste and smell changes in patients undergoing chemotherapy for breast cancer or gynecologic malignancies. J Clin Oncol. 2009 Apr;27(11):1899-905. http://jco.ascopubs.org/content/27/11/1899.long http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19289621?tool=bestpractice.com A alteração da percepção de doce e de salgado nesses pacientes pode persistir por até 3 anos após o término da terapia para câncer.[33]Boer CC, Correa ME, Miranda EC, et al. Taste disorders and oral evaluation in patients undergoing allogeneic hematopoietic SCT. Bone Marrow Transplant. 2010 Apr;45(4):705-11. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19767788?tool=bestpractice.com
Diagnósticos diferenciais
comuns
- Doença gengival (periodontite/gengivite)
- Infecção do trato respiratório superior
- Terapêutica antimicrobiana/anti-hipertensiva
- Tratamento de câncer
- Trauma relacionado a procedimento odontológico
- Tonsilectomia
- Cirurgia da orelha média
- Paralisia de Bell
- Relacionada a medicamentos
- Distúrbio (síndrome) da boca ardente/neuropatia de fibras finas
Incomuns
- Infecções crônicas da orelha média
- Doença do coronavírus 2019 (COVID-19): aguda e persistente
- Endoscopia das vias aéreas superiores
- Procedimentos cirúrgicos orais
- Cirurgia da base do crânio
- Síndrome de Ramsay Hunt
- Acidente vascular cerebral (AVC)
- Trauma cranioencefálico
- Doença de Parkinson
- Demência de Alzheimer
- Esclerose lateral amiotrófica
- Esclerose múltipla
- Epilepsia
- Miastenia gravis
- Síndrome de Guillain-Barré
- Síndrome de Sjögren
- Insuficiência renal
- Insuficiência hepática
- Diabetes mellitus
- Hipotireoidismo
- Tumores do ângulo pontocerebelar
- Síndrome paraneoplásica
- Deficiência de ferro
- Deficiência de vitamina B12
- Deficiência de zinco
Colaboradores
Autores
Andrei Barasch, DMD, MDSc
Associate Professor
Weill Cornell Medical College
Division of Oncology
New York
NY
Declarações
AB declares that he has no competing interests.
Joel Epstein, DMD, MSD, FRCD(C), FDS RCS (Edin)
Consulting Staff
Director of Oral Health Services
Division of Head and Neck Surgery
Professor of Oral Medicine
Department of Surgery
City of Hope
Duarte
Los Angeles
CA
Declarações
JE declares that he is a consultant for Nielsen Health Sciences.
Agradecimentos
Dr Andrei Barasch and Dr Joel Epstein would like to gratefully acknowledge Dr Stéphanie Collet, Dr Basile Nicolas Landis, and Dr Philippe Rombaux, previous contributors to this topic.
Declarações
SC is an author of a reference cited in this topic. BNL has been reimbursed for speaking on olfactory disorders at a neuroscience meeting in Switzerland and is an author of a number of references cited in this topic. PR is an author of a number of references cited in this topic.
Revisores
Volker Gudziol, MD
ENT Specialist
Department of Otorhinolaryngology
University of Dresden Medical School
Dresden
Germany
Declarações
VG declares that he has no competing interests.
Diretrizes
- Suspected neurological conditions: recognition and referral
Mais DiretrizesFolhetos informativos para os pacientes
Bell's palsy
Chronic kidney disease: what is it?
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