Mundialmente, pelo menos 2.2 bilhões de pessoas têm deficiência visual para perto ou para longe.[1]World Health Organization. Blindness and vision impairment. Oct 2022 [internet publication].
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/blindness-and-visual-impairment
Em quase metade desses casos, o comprometimento visual pode ser evitável ou permanecer sem tratamento.[1]World Health Organization. Blindness and vision impairment. Oct 2022 [internet publication].
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/blindness-and-visual-impairment
A maioria das pessoas com comprometimento visual e cegueira tem mais de 50 anos; no entanto, a perda da visão pode afetar pessoas de todas as idades.[1]World Health Organization. Blindness and vision impairment. Oct 2022 [internet publication].
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/blindness-and-visual-impairment
Em 2020, as principais causas mundiais de cegueira em pessoas com idades ≥50 anos foram catarata, seguida de glaucoma, erro refrativo mal corrigido, degeneração macular relacionada à idade e retinopatia diabética.[2]GBD 2019 Blindness and Vision Impairment Collaborators; Vision Loss Expert Group of the Global Burden of Disease Study. Causes of blindness and vision impairment in 2020 and trends over 30 years, and prevalence of avoidable blindness in relation to VISION 2020: the Right to Sight: an analysis for the Global Burden of Disease Study. Lancet Glob Health. 2021 Feb;9(2):e144-60
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7820391
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33275949?tool=bestpractice.com
A perda de visão pode ocorrer devido a uma anormalidade em qualquer ponto da via visual, desde o filme lacrimal até o córtex occipital. Inicialmente, o fator mais importante a ser determinado é a rapidez do início dos sintomas. A avaliação precoce da presença ou ausência de sintomas associados tais como dor, visão dupla, flashes e/ou moscas volantes também é importante. Isso ajuda a identificar pacientes com doenças que potencialmente oferecem risco à vida e destaca os pacientes que necessitam da avaliação imediata de um oftalmologista ou de intervenção cirúrgica.[3]Rossi T, Boccassini B, Iossa M, et al. Triaging and coding ophthalmic emergency: the Rome Eye Scoring System for Urgency and Emergency (RESCUE): a pilot study of 1,000 eye-dedicated emergency room patients. Eur J Ophthalmol. 2007 May-Jun;17(3):413-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17534826?tool=bestpractice.com
[4]Ramos M, Kruger EF, Lashkari K. Biostatistical analysis of pseudophakic and aphakic retinal detachments. Semin Ophthalmol. 2002 Sep-Dec;17(3-4):206-13.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12759852?tool=bestpractice.com
A perda da visão aguda, que ocorre subitamente ou ao longo de vários minutos a horas, geralmente necessita da consulta urgente com um oftalmologista. Pessoas com perda de visão subaguda ou crônica (em que a perda da visão se desenvolveu ao longo de semanas, meses ou anos) podem ainda precisar do aconselhamento de um especialista, mas geralmente não com tanta urgência.
Qualquer perda da visão significativa justifica uma consulta com um oftalmologista para aconselhamento quanto aos tempos de encaminhamento.
A perda da visão também pode ser a manifestação inicial de diversas doenças sistêmicas para as quais são necessárias investigações separadas.[5]Klig JE. Ophthalmologic complications of systemic disease. Emerg Med Clin North Am. 2008 Feb;26(1):217-31.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18249264?tool=bestpractice.com
Perda da visão aguda
As doenças da retina ou do nervo óptico podem se apresentar de forma aguda. As outras causas agudas da perda de visão incluem glaucoma agudo de ângulo fechado, oclusão vascular da retina e traumas. Dados retrospectivos sugerem que, no Reino Unido, a maior proporção de pacientes que acessam os serviços oftalmológicos de emergência tem idade entre 50 e 90 anos, possivelmente devido ao aumento do risco de emergências oculares, incluindo distúrbios vitreorretinianos, vasculares retinianos e maculares.[6]De Silva I, Thomas MG, Shirodkar AL, et al; BEECS Study Group, Buchan J, Verma S. Patterns of attendances to the hospital emergency eye care service: a multicentre study in England. Eye (Lond). 2021 Nov 30:1-8.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8629695
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34845355?tool=bestpractice.com
Os pacientes atendidos em prontos-socorros com trauma ocular são mais jovens.[7]Fea A, Bosone A, Rolle T, et al. Eye injuries in an Italian urban population: report of 10,620 cases admitted to an eye emergency department in Torino. Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol. 2008 Feb;246(2):175-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18183412?tool=bestpractice.com
[8]Galindo-Ferreiro A, Sanchez-Tocino H, Varela-Conde Y, et al. Ocular emergencies presenting to an emergency department in Central Spain from 2013 to 2018. Eur J Ophthalmol. 2021 Mar;31(2):748-53.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31865769?tool=bestpractice.com
A idade e a determinação da história médica do paciente auxiliam no diagnóstico.
Perda crônica da visão
Os pacientes podem reconhecer de forma “aguda” sintomas de perda da visão crônica, ou seja, a perda crônica da visão pode se apresentar no pronto-socorro, o que dificulta o diagnóstico.
A análise dos sintomas associados torna possível diferenciar os casos urgentes e não urgentes e providenciar a consulta apropriada com o oftalmologista.
Considerações sistêmicas
É essencial obter histórias médicas detalhadas, com foco nos processos vasculares e neurológicos, bem como nos processos visuais.
As retinopatias diabéticas podem se desenvolver antes do diabetes sistêmico ser diagnosticado, o que torna importante medir os níveis glicêmicos em todos os pacientes com perdas visuais agudas. Realize um exame oftalmológico em todos os adultos recém-diagnosticados com diabetes.[9]Jones HL, Walker EA, Schechter CB, et al. Vision is precious: a successful behavioral intervention to increase the rate of screening for diabetic retinopathy for inner-city adults. Diabetes Educ. 2010 Jan-Feb;36(1):118-26.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4582664
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20044537?tool=bestpractice.com
[10]Solomon SD, Chew E, Duh EJ, et al. Diabetic retinopathy: a position statement by the American Diabetes Association. Diabetes Care. 2017 Mar;40(3):412-8.
https://www.doi.org/10.2337/dc16-2641
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28223445?tool=bestpractice.com
Outras doenças sistêmicas graves (incluindo a granulomatose com poliangiite, a meningite bacteriana ou neoplasias malignas disseminadas) podem precisar ser tratadas em um pronto-socorro ou em internação hospitalar.[11]Mitra A, Chavan R, Gunda M. Occult giant cell arteritis and steroid therapy: how urgent is urgent? Ann Ophthalmol (Skokie). 2006 Winter;38(4):343-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17726223?tool=bestpractice.com