A insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEp) é uma síndrome clínica complexa na qual os pacientes apresentam sintomas e sinais de insuficiência cardíaca, com fração de ejeção do ventrículo esquerdo ≥50%.
Os fatores de risco e comorbidades mais comuns são hipertensão, obesidade, doença renal crônica, diabetes mellitus e doença arterial coronariana. Idade avançada e sexo feminino também são fatores de risco importantes.
O diagnóstico baseia-se nos sintomas (comumente, dispneia), evidências clínicas de congestão, medição de peptídeos natriuréticos e ecocardiografia abrangente. Há escores (H₂FPEF e HFA-PEFF) disponíveis para auxiliar a diferenciar a ICFEP de outras causas de dispneia.
Os objetivos do tratamento são reduzir os sintomas, reduzir as hospitalizações e melhorar o estado funcional dos pacientes.
O manejo inclui a identificação e tratamento das causas subjacentes e comorbidades, implementar modificação do estilo de vida quando adequado (exercício, dieta, controle do pelo) e farmacoterapia que inclui inibidores da proteína cotransportadora de sódio e glicose 2, diuréticos conforme a necessidade, e considerar antagonistas da aldosterona, inibidores do receptor de angiotensina/da neprilisina e antagonistas do receptor de angiotensina II.
A maioria dos pacientes com ICFEP pode ser tratada por cardiologistas em geral. No entanto, pacientes que apresentam resposta insuficiente à terapia com diuréticos, têm hospitalizações frequentes por insuficiência cardíaca, agravamento da disfunção de órgãos-alvo, pressão arterial baixa e outras condições com insuficiência cardíaca (por exemplo, pericardite constritiva e amiloide) devem ser tratados em um centro de insuficiência cardíaca, por um especialista em insuficiência cardíaca.
A insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica complexa resultante de um comprometimento da capacidade do coração para lidar com as necessidades metabólicas do corpo, resultando em dispneia, fadiga e retenção de líquidos. Uma definição universal de insuficiência cardíaca, proposta em 2021 pela Heart Failure Society of America, pela Heart Failure Association da European Society of Cardiology e pela Japanese Heart Failure Society, descreve a insuficiência cardíaca como "uma síndrome clínica com sintomas e/ou sinais causados por uma anormalidade cardíaca estrutural e/ou funcional e corroborada por níveis elevados de peptídeos natriuréticos e/ou evidências objetivas de congestão pulmonar ou sistêmica".[1]Bozkurt B, Coats AJ, Tsutsui H, et al. Universal definition and classification of heart failure: a report of the Heart Failure Society of America, Heart Failure Association of the European Society of Cardiology, Japanese Heart Failure Society and Writing Committee of the Universal Definition of Heart Failure. 2021 Mar 1;S1071-9164(21)00050-6.
https://www.doi.org/10.1016/j.cardfail.2021.01.022
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33663906?tool=bestpractice.com
Pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP) apresentam sintomas e sinais de insuficiência cardíaca, com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) ≥50%, não atribuível a uma causa subjacente, como cardiomiopatia infiltrante, cardiomiopatia hipertrófica, valvopatia, doença pericárdica ou insuficiência cardíaca de alto débito.[1]Bozkurt B, Coats AJ, Tsutsui H, et al. Universal definition and classification of heart failure: a report of the Heart Failure Society of America, Heart Failure Association of the European Society of Cardiology, Japanese Heart Failure Society and Writing Committee of the Universal Definition of Heart Failure. 2021 Mar 1;S1071-9164(21)00050-6.
https://www.doi.org/10.1016/j.cardfail.2021.01.022
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33663906?tool=bestpractice.com
[2]Kittleson MM, Panjrath GS, Amancherla K, et al. 2023 ACC expert consensus decision pathway on management of heart failure with preserved ejection fraction: a report of the American College of Cardiology Solution Set Oversight Committee. J Am Coll Cardiol. 2023 May 9;81(18):1835-78.
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0735109723050982?via%3Dihub
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/37137593?tool=bestpractice.com
As diretrizes da American Heart Association/American College of Cardiology/Heart Failure Society of America incluem evidências de aumento espontâneo (em repouso) ou provocável (por exemplo, durante exercícios, prova volêmica) das pressões de enchimento do VE (por exemplo, peptídeo natriurético elevado, medição hemodinâmica não-invasiva/invasiva) na classificação da ICFEP, e as diretrizes atualizadas da European Society of Cardiology incluem a evidência objetiva de anormalidades cardíacas estruturais e/ou funcionais consistentes com a presença de disfunção diastólica do VE ou aumento da pressão de enchimento do VE ou aumento dos peptídeos natriuréticos.[3]Heidenreich PA, Bozkurt B, Aguilar D, et al. 2022 AHA/ACC/HFSA guideline for the management of heart failure: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Joint Committee on clinical practice guidelines. Circulation. 2022 May 3;145(18):e895-1032.
https://www.ahajournals.org/doi/full/10.1161/CIR.0000000000001063
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35363499?tool=bestpractice.com
[4]McDonagh TA, Metra M, Adamo M, et al. 2021 ESC guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure. Eur Heart J. 2021 Sep 21;42(36):3599-726.
https://academic.oup.com/eurheartj/article/42/36/3599/6358045
[5]McDonagh TA, Metra M, Adamo M, et al. 2023 focused update of the 2021 ESC guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure. Eur Heart J. 2023 Oct 1;44(37):3627-39.
https://academic.oup.com/eurheartj/article/44/37/3627/7246292
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/37622666?tool=bestpractice.com
Na prática clínica, a ICFEP era tradicionalmente relatada como insuficiência cardíaca diastólica. Isso era comparado à insuficiência cardíaca 'sistólica', que agora é conhecida como insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER). Embora várias anormalidades nos parâmetros diastólicos/disfunção na ecocardiografia sejam parte integrante do desenvolvimento da síndrome clínica de ICFEP, as duas entidades não são sinônimos, e a disfunção diastólica também demonstrou não ser exclusiva da ICFEP. A disfunção diastólica na ecocardiografia também é observada na insuficiência cardíaca sistólica e em alguns pacientes sem evidência clínica de insuficiência cardíaca. Há várias outras anormalidades na ICFEP e, atualmente, sabe-se que é um distúrbio multissistêmico que envolve coração, rins, pulmão, sistema vascular, músculos esqueléticos, sistema imunológico e indicador inflamatório.[6]Youn JC, Ahn Y, Jung HO. Pathophysiology of heart failure with preserved ejection fraction. Heart Fail Clin. 2021 Jul;17(3):327-35.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34051965?tool=bestpractice.com
[7]Nagueh SF. Heart failure with preserved ejection fraction: insights into diagnosis and pathophysiology. Cardiovasc Res. 2021 Mar 21;117(4):999-1014.
https://academic.oup.com/cardiovascres/article/117/4/999/5876832?login=false
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32717061?tool=bestpractice.com
[8]Redfield MM, Borlaug BA. Heart failure with preserved ejection fraction: a review. JAMA. 2023 Mar 14;329(10):827-38.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36917048?tool=bestpractice.com