A alteração do estado mental e os distúrbios cognitivos aliados têm consequências devastadoras para os indivíduos infectados pelo HIV e seus cuidadores. Os deficits neuropsicológicos também têm um impacto negativo sobre a qualidade de vida.[1]Pandya R, Krentz HB, Gill MJ, et al. HIV-related neurological syndromes reduce health-related quality of life. Can J Neurol Sci. 2005 May;32(2):201-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16018155?tool=bestpractice.com
Estes podem surgir como efeito direto da infecção por HIV: por exemplo, como parte de um espectro de transtornos neurocognitivos associados ao HIV (TNAH) ou uma comorbidade psiquiátrica (por exemplo, depressão ou uso indevido de álcool/substâncias). Embora as infecções oportunistas e neoplasias relacionadas ao HIV possam também apresentar um declínio cognitivo progressivo e alterações da personalidade, elas se manifestam mais frequentemente como uma emergência neurológica aguda ou subaguda. Os pacientes também apresentam risco de acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico, e isso deve ser considerado no quadro de deterioração neurológica aguda.
A detecção e o tratamento precoce de TNAH melhora o prognóstico; um desempenho fraco em exames neuropsicológicos está associado a uma mortalidade aumentada.[2]Wilkie FL, Goodkin K, Eisdorfer C, et al. Mild cognitive impairment and risk of mortality in HIV-1 infection. J Neuropsychiatry Clin Neurosci. 1998 Spring;10(2):125-32.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9608401?tool=bestpractice.com
O diagnóstico e o tratamento imediato de infecções oportunistas ou tumores do sistema nervoso central (SNC) são importantes na redução da morbidade e mortalidade, embora pacientes com infecções oportunistas do SNC possam ter uma prevalência alta de comprometimento cognitivo residual.[3]Levine AJ, Hinkin CH, Ando K, et al. An exploratory study of long-term neurocognitive outcomes following recovery from opportunistic brain infections in HIV+ adults. J Clin Exp Neuropsychol. 2008 Oct;30(7):836-43.
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Além de diminuir a incidência de infecções oportunistas do SNC e prolongar a sobrevida, a terapia antirretroviral combinada (TAR) reduziu a prevalência da forma mais grave de comprometimento cognitivo do HIV (demência associada ao HIV [DAH]) e melhorou a qualidade de vida dos indivíduos com HIV que apresentavam problemas cognitivos.[4]Heaton RK, Clifford DB, Franklin DR Jr, et al. HIV-associated neurocognitive disorders persist in the era of potent antiretroviral therapy: CHARTER Study. Neurology. 2010 Dec 7;75(23):2087-96.
https://www.doi.org/10.1212/WNL.0b013e318200d727
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[5]Gray F, Chrétien F, Vallat-Decouvelaere AV, et al. The changing pattern of HIV neuropathology in the HAART era. J Neuropathol Exp Neurol. 2003 May;62(5):429-40.
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[6]Antinori A, Arendt G, Becker JT, et al. Updated research nosology for HIV-associated neurocognitive disorders. Neurology. 2007 Oct 30;69(18):1789-99.
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[7]Parsons TD, Braaten AJ, Hall CD, et al. Better quality of life with neuropsychological improvement on HAART. Health Qual Life Outcomes. 2006 Feb 24;4:11.
http://www.hqlo.com/content/4/1/11
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A TAR também reduziu o risco associado à idade para demência associada ao HIV (DAH) e pode melhorar a comorbidade psiquiátrica, como a depressão.[8]Gibbie T, Mijch A, Ellen S, et al. Depression and neurocognitive performance in individuals with HIV/AIDS: 2-year follow-up. HIV Med. 2006 Mar;7(2):112-21.
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[9]Larussa D, Lorenzini P, Cingolani A, et al. Highly active antiretroviral therapy reduces the age-associated risk of dementia in a cohort of older HIV-1-infected patients. AIDS Res Hum Retroviruses. 2006 May;22(5):386-92.
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[10]Joska JA, Gouse H, Paul RH, et al. Does highly active antiretroviral therapy improve neurocognitive function? A systematic review. J Neurovirol. 2010 Mar;16(2):101-14.
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No entanto, o uso da TAR em si pode ocasionalmente resultar em estado mental alterado diretamente como um evento adverso medicamentoso ou como uma consequência da síndrome inflamatória de reconstituição imune relacionada à terapia.
A comorbidade psiquiátrica é altamente prevalente em indivíduos infectados pelo HIV. A depressão está associada a uma baixa adesão terapêutica aos tratamentos antirretrovirais e, potencialmente, a uma progressão mais rápida da doença.[11]Lima VD, Geller J, Bangsberg DR, et al. The effect of adherence on the association between depressive symptoms and mortality among HIV-infected individuals first initiating HAART. AIDS. 2007 May 31;21(9):1175-83.
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[12]Leserman J. HIV disease progression: depression, stress, and possible mechanisms. Biol Psychiatry. 2003 Aug 1;54(3):295-306.
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Os pacientes deprimidos, com ansiedade, ou que apresentam um transtorno de uso de substâncias à data do início da TAR, apresentam uma pior resposta virológica ao tratamento.[13]Pence BW, Miller WC, Gaynes BN, et al. Psychiatric illness and virologic response in patients initiating highly active antiretroviral therapy. J Acquir Immune Defic Syndr. 2007 Feb 1;44(2):159-66.
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Uma terapia antidepressiva eficaz melhora a qualidade de vida e a adesão ao tratamento, e diminui as queixas cognitivas.[14]Elliott AJ, Russo J, Roy-Byrne PP. The effect of changes in depression on health related quality of life (HRQoL) in HIV infection. Gen Hosp Psychiatry. 2002 Jan-Feb;24(1):43-7.
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[15]Claypoole KH, Elliott AJ, Uldall KK, et al. Cognitive functions and complaints in HIV-1 individuals treated for depression. Appl Neuropsychol. 1998;5(2):74-84.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16318457?tool=bestpractice.com
Diversas fontes estão disponíveis fornecendo informações a respeito da avaliação das manifestações neurológicas na infecção por HIV, bem como orientações específicas sobre o diagnóstico e tratamento das infecções oportunistas.[16]National Institutes of Health, Centers for Disease Control and Prevention, the HIV Medicine Association, and the Infectious Disease Society of America. Panel on Guidelines for the Prevention and Treatment of Opportunistic Infections in Adults and Adolescents with HIV. Guidelines for the prevention and treatment of opportunistic infections in adults and adolescents with HIV. 2024 [internet publication].
https://clinicalinfo.hiv.gov/en/guidelines/hiv-clinical-guidelines-adult-and-adolescent-opportunistic-infections/whats-new
New York State Department of Health AIDS Institute: mental health screening
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National HIV/AIDS Clinicians' Consultation Center: guidelines
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European AIDS Clinical Society: guidelines
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Mind Exchange Working Group: assessment, diagnosis and treatment of human immunodeficiency virus (HIV)-associated neurocognitive disorders (HAND)
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New York State Department of Health AIDS Institute: HIV infection in older adults
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