A alergia alimentar é definida como uma resposta imunológica adversa a uma proteína alimentar.[1]Sicherer SH, Sampson HA. 9. Food allergy. J Allergy Clin Immunol. 2006 Feb;117(2 Suppl Mini-Primer):S470-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16455349?tool=bestpractice.com
Embora aproximadamente 19% dos adultos nos EUA tenham observado uma reação adversa a medicamentos, apenas 10.8% têm uma história convincente de alergia alimentar verdadeira, de acordo com um estudo transversal.[2]Gupta RS, Warren CM, Smith BM, et al. Prevalence and severity of food allergies among US adults. JAMA Netw Open. 2019 Jan 4;2(1):e185630.
https://jamanetwork.com/journals/jamanetworkopen/fullarticle/2720064
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30646188?tool=bestpractice.com
Em um estudo separado em lares dos EUA, aproximadamente 11% das crianças têm alergia alimentar, de acordo com seus pais, mas apenas 7.6% tiveram uma história convincente de alergia alimentar.[3]Gupta RS, Warren CM, Smith BM, et al. The public health impact of parent-reported childhood food allergies in the United States. Pediatrics. 2018 Nov 19;142(6):e20181235.
https://pediatrics.aappublications.org/content/142/6/e20181235.long
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30455345?tool=bestpractice.com
As pessoas que acreditam ter uma alergia alimentar podem sofrer de uma intolerância metabólica a um alimento específico; por exemplo, intolerância à lactose. Outras podem ser sensíveis a um componente farmacologicamente ativo específico do alimento, como a cafeína ou a tiramina. Algumas pessoas podem confundir uma intoxicação alimentar bacteriana com uma reação a um alimento em particular.[1]Sicherer SH, Sampson HA. 9. Food allergy. J Allergy Clin Immunol. 2006 Feb;117(2 Suppl Mini-Primer):S470-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16455349?tool=bestpractice.com
[4]Ebisawa M, Ito K, Fujisawa T; Committee for Japanese Pediatric Guideline for Food Allergy, The Japanese Society of Pediatric Allergy and Clinical Immunology, The Japanese Society of Allergology. Japanese guidelines for food allergy 2017. Allergol Int. 2017 Apr;66(2):248-64.
http://www.allergologyinternational.com/article/S1323-8930(17)30005-9/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28285847?tool=bestpractice.com
Apesar de todos esses cenários envolverem alimentos, eles não resultam de uma resposta imune anormal a uma proteína alimentar específica e, portanto, não podem ser considerados uma verdadeira alergia alimentar.[5]Zopf Y, Baenkler HW, Silbermann A, et al. The differential diagnosis of food intolerance. Dtsch Arztebl Int. 2009 May;106(21):359-69.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2695393
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19547751?tool=bestpractice.com
Em vez disso, algumas delas, como a intolerância à lactose e a deficiência de sacarase-isomaltase, são consideradas intolerâncias alimentares de natureza não imune, e outras, como as reações à tiramina ou aos sulfitos, são considerados sensibilidades alimentares de natureza não imune.
É importante que as pessoas com suspeita de alergia alimentar sejam investigadas e acompanhadas de maneira adequada, para que não recusem alimentos desnecessariamente e para que isso não afete sua qualidade de vida.[2]Gupta RS, Warren CM, Smith BM, et al. Prevalence and severity of food allergies among US adults. JAMA Netw Open. 2019 Jan 4;2(1):e185630.
https://jamanetwork.com/journals/jamanetworkopen/fullarticle/2720064
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30646188?tool=bestpractice.com
Fisiopatologia
As alergias alimentares podem ser classificadas como doenças mediadas por Imunoglobulina E (IgE), mediadas por células ou uma combinação das duas.[6]Sicherer SH. Food allergy. Lancet. 2002 Aug 31;360(9334):701-10.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12241890?tool=bestpractice.com
As alergias alimentares mediadas por imunoglobulina E (IgE) resultam de uma sensibilização anormal a um alérgeno alimentar que resulta na produção de IgE específica. No entanto, um teste alérgico cutâneo por puntura positivo ou um teste de IgE por si só não indica que o paciente tem uma alergia alimentar; significa apenas que ele é sensível a um tipo de alimento. Somente a história ou um teste de desencadeamento alimentar podem identificar verdadeiros alérgenos alimentares. Quando produzida, a IgE específica do alimento se liga aos mastócitos. Quando o alimento específico é subsequentemente ingerido, ele é degradado e absorvido. Então, o antígeno alimentar se liga à IgE nos mastócitos, causando a degranulação dos mastócitos e a liberação de mediadores que causam os sinais e sintomas da reação alérgica.[6]Sicherer SH. Food allergy. Lancet. 2002 Aug 31;360(9334):701-10.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12241890?tool=bestpractice.com
Os distúrbios alimentares mediados por IgE incluem anafilaxia e síndrome da alergia oral.
As reações mediadas por células envolvem as células T e podem ocorrer várias horas ou dias após a ingestão do alimento desencadeante.[6]Sicherer SH. Food allergy. Lancet. 2002 Aug 31;360(9334):701-10.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12241890?tool=bestpractice.com
A enterocolite induzida por proteínas alimentares, a enteropatia, a proctocolite e a doença celíaca são exemplos de doenças alérgicas alimentares mediadas por células.
As doenças alimentares de reação mista mediada por célula e por IgE incluem a dermatite atópica e as gastroenteropatias eosinofílicas, como a esofagite eosinofílica.[6]Sicherer SH. Food allergy. Lancet. 2002 Aug 31;360(9334):701-10.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12241890?tool=bestpractice.com
As intolerâncias alimentares de natureza não imune geralmente resultam de deficiências na enzima responsável pela decomposição do componente alimentar em substratos absorvíveis no intestino delgado.[7]Heyman MB; Committee on Nutrition. Lactose intolerance in infants, children, and adolescents. Pediatrics. 2006 Sep;118(3):1279-86.
https://pediatrics.aappublications.org/content/118/3/1279.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16951027?tool=bestpractice.com
As sensibilidades alimentares de natureza não imune a aminas biogênicas (como a tiramina) ou a aditivos alimentares (como o glutamato monossódico) são mais controversas, sendo debatidas vigorosamente na literatura.[8]Jansen SC, van Dusseldorp M, Bottema KC, et al. Intolerance to dietary biogenic amines: a review. Ann Allergy Asthma Immunol. 2003 Sep;91(3):233-40.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14533654?tool=bestpractice.com
[9]Geha RS, Beiser A, Ren C, et al. Multicenter, double-blind, placebo-controlled, multiple-challenge evaluation of reported reactions to monosodium glutamate. J Allergy Clin Immunol. 2000 Nov;106(5):973-80.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11080723?tool=bestpractice.com
No entanto, as sensibilidades aos sulfitos encontrados em alimentos como vinho tinto e frutas secas foram confirmadas como um fator desencadeante de broncoespasmo em pacientes asmáticos sensíveis a sulfitos.[10]Simon RA. Update on sulfite sensitivity. Allergy. 1998;53(46 Suppl):78-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9826006?tool=bestpractice.com