Cefaleias são comuns em crianças, com incidência crescente da primeira infância para a adolescência. Elas são responsáveis por 0.7% a 1.3% de todas as consultas pediátricas no pronto-socorro.[1]Kan L, Nagelberg J, Maytal J. Headaches in a pediatric emergency department: etiology, imaging, and treatment. Headache. 2000 Jan;40(1):25-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10759899?tool=bestpractice.com
[2]Burton LJ, Quinn B, Pratt-Cheney JL, et al. Headache etiology in a pediatric emergency department. Pediatr Emerg Care. 1997 Feb;13(1):1-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9061724?tool=bestpractice.com
As cefaleias podem ser classificadas como primárias ou secundárias.[3]Headache Classification Committee of the International Headache Society (IHS). The international classification of headache disorders, 3rd edition. Cephalalgia.2018 Jan;38(1):1-211.
https://www.ichd-3.org
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29368949?tool=bestpractice.com
Cefaleias primárias incluem enxaqueca, cefaleia tensional, em salvas, assim como a cefaleia persistente diária de início súbito. Cefaleias secundárias são sintomáticas de uma doença intracraniana ou clínica subjacente que necessita de tratamento. A avaliação inicial de cefaleia aguda tem como objetivo determinar se existe uma causa secundária para cefaleia que necessite de intervenção urgente.
Classificação clínica
A cefaleia pode ser classificada em termos de evolução temporal.
Cefaleia aguda
Um episódio único de cefaleia sem cefaleias anteriores.
Pode representar a primeira ou uma forma grave incomum de cefaleia primária.
Pode sugerir uma nova causa secundária aguda para cefaleia que, portanto, necessite de avaliação.
Cefaleia aguda recorrente
Cefaleias estereotipadas separadas por períodos livres de cefaleia.
Mais sugestivas de um distúrbio de cefaleia primária, especialmente se o padrão tiver persistido por um longo período.
Também pode ocorrer em cefaleia secundária, como com a elevação intermitente da pressão intracraniana.
Cefaleia crônica progressiva
Um aumento gradual na cefaleia.
Sugestiva de uma lesão intracraniana em expansão.
Das crianças com tumores cerebrais, 62% apresentam cefaleia antes do diagnóstico e 98% têm pelo menos um sintoma neurológico ou uma anormalidade no exame físico.[4]The Childhood Brain Tumor Consortium. The epidemiology of headache among children with brain tumor: headache in children with brain tumors. J Neurooncol. 1991 Feb;10(1):31-46.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2022972?tool=bestpractice.com
Os sintomas mais comuns incluem náuseas ou vômitos, dificuldade de andar, sintomas visuais, fraqueza focal ou alteração de personalidade.[4]The Childhood Brain Tumor Consortium. The epidemiology of headache among children with brain tumor: headache in children with brain tumors. J Neurooncol. 1991 Feb;10(1):31-46.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2022972?tool=bestpractice.com
Os sinais mais comuns incluem edema do nervo óptico, movimentos oculares anormais, ataxia, reflexos anormais e defeitos no campo ou acuidade visual.[4]The Childhood Brain Tumor Consortium. The epidemiology of headache among children with brain tumor: headache in children with brain tumors. J Neurooncol. 1991 Feb;10(1):31-46.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2022972?tool=bestpractice.com
Cefaleia crônica não progressiva
Critérios de diagnóstico de enxaqueca
O diagnóstico de enxaqueca sem aura requer:[3]Headache Classification Committee of the International Headache Society (IHS). The international classification of headache disorders, 3rd edition. Cephalalgia.2018 Jan;38(1):1-211.
https://www.ichd-3.org
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29368949?tool=bestpractice.com
[5]Hershey AD. Current approaches to the diagnosis and management of paediatric migraine. Lancet Neurol. 2010 Feb;9(2):190-204.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20129168?tool=bestpractice.com
A: pelo menos 5 ataques atendendo aos critérios B-D
B: ataques de cefaleia com duração de 2 a 72 horas (quando não tratada ou tratada sem sucesso) (nota: comparada com 4 a 72 horas em adultos)
C: a cefaleia tem pelo menos 2 das seguintes características:
Localização unilateral, podendo ser bilateral, frontotemporal*
Qualidade pulsátil
Dor intensa ou moderada
Agravamento decorrente da atividade física de rotina ou que cause o impedimento de tal atividade (por exemplo, caminhar, subir escadas)
D: durante a cefaleia, pelo menos 1 das seguintes características:
E: não atribuível a outros transtornos.
*A classificação da ICHD-3 observa que a cefaleia enxaquecosa em crianças e adolescentes (menores de 18 anos), com maior frequência, é bilateral do que em adultos; dor unilateral geralmente surge no final da adolescência ou início da vida adulta. Em geral, a cefaleia enxaquecosa é frontotemporal. A cefaleia occipital em crianças é rara e exige cautela diagnóstica.[3]Headache Classification Committee of the International Headache Society (IHS). The international classification of headache disorders, 3rd edition. Cephalalgia.2018 Jan;38(1):1-211.
https://www.ichd-3.org
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29368949?tool=bestpractice.com
O diagnóstico de enxaqueca com aura requer:
A: pelo menos 2 ataques atendendo aos critérios B e C
B: 1 ou mais dos seguintes sintomas de aura totalmente reversível**:
1. Visual
2. Sensitivas
3. Fala e/ou discurso
4. Motoras
5. Tronco encefálico
6. Doenças da retina
C: Pelo menos 3 das 6 seguintes características:
1. Pelo menos 1 sintoma de aura que se dissemina gradualmente durante 5 minutos
2. Dois ou mais sintomas de aura que ocorrem em sucessão
3. Cada sintoma individual de aura dura de 5 a 60 minutos
4. Pelo menos 1 sintoma de aura é unilateral
5. Pelo menos 1 sintoma de aura é positivo
6. A aura é acompanhada ou seguida, em até 60 minutos, por cefaleia
D: não atribuível a outros transtornos.
**A classificação ICHD-3 observa que, em crianças e adolescentes, ocorrem sintomas visuais bilaterais menos típicos que possam representar uma aura.[3]Headache Classification Committee of the International Headache Society (IHS). The international classification of headache disorders, 3rd edition. Cephalalgia.2018 Jan;38(1):1-211.
https://www.ichd-3.org
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29368949?tool=bestpractice.com