A hiperprolactinemia é uma condição de prolactina (PRL) sérica elevada. As taxas normais de PRL em mulheres e homens são <1087 picomoles/L (25 microgramas/L ou 500 miliunidades/L) e 870 picomoles/L (20 microgramas/L ou 400 miliunidades/L), respectivamente.[1]Casanueva FF, Molitch ME, Schlechte JA, et al. Guidelines of the Pituitary Society for the diagnosis and management of prolactinomas. Clin Endocrinol (Oxf). 2006 Aug;65(2):265-73.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1365-2265.2006.02562.x
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16886971?tool=bestpractice.com
[2]Serri O, Chik CL, Ur E, et al. Diagnosis and management of hyperprolactinemia. CMAJ. 2003 Sep 16;169(6):575-81.
http://www.cmaj.ca/content/169/6/575.long
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12975226?tool=bestpractice.com
[3]Mah PM, Webster J. Hyperprolactinemia: etiology, diagnosis, and management. Semin Reprod Med. 2002 Nov;20(4):365-74.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12536359?tool=bestpractice.com
Epidemiologia
A hiperprolactinemia é a endocrinopatia mais comum do eixo hipotálamo-hipofisário. A prevalência da hiperprolactinemia varia entre 0.4% em uma população normal de adultos não selecionados e 5% em uma clínica de planejamento familiar. Essa taxa aumenta para 9% em mulheres com amenorreia e ocorre em 25% das que apresentam galactorreia. Entre mulheres que apresentam amenorreia e galactorreia concomitantes, 70% são hiperprolactinêmicas. Essa condição também afeta 5% dos homens que apresentam impotência ou infertilidade.[2]Serri O, Chik CL, Ur E, et al. Diagnosis and management of hyperprolactinemia. CMAJ. 2003 Sep 16;169(6):575-81.
http://www.cmaj.ca/content/169/6/575.long
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12975226?tool=bestpractice.com
[3]Mah PM, Webster J. Hyperprolactinemia: etiology, diagnosis, and management. Semin Reprod Med. 2002 Nov;20(4):365-74.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12536359?tool=bestpractice.com
[4]Josimovich JB, Lavenhar MA, Devanesan MM, et al. Heterogeneous distribution of serum prolactin values in apparently healthy young women, and the effects of oral contraceptive medication. Fertil Steril. 1987 May;47(5):785-91.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3569555?tool=bestpractice.com
Embora incomum, a hiperprolactinemia também pode ocorrer em crianças.
Fisiopatologia
O hormônio PRL é um peptídeo de 199 aminoácidos sintetizado e secretado pelas células lactotróficas localizadas na adeno-hipófise; 80% da PRL circulante se encontram na forma de um monômero de 23 kD. A PRL dimérica (também conhecida como big PRL) tem peso molecular de 50 kD a 60 kD e representa 10% a 15%; o restante é macroprolactina (também conhecida como big-big PRL), um complexo de PRL monomérica e IgG de peso molecular alto (>150 kD).[5]Ben-Jonathan N, LaPensee CR, LaPensee EW. What can we learn from rodents about prolactin in humans? Endocr Rev. 2008 Feb;29(1):1-41.
https://academic.oup.com/edrv/article/29/1/1/2354965
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18057139?tool=bestpractice.com
[6]Gibney J, Smith TP, McKenna TJ. Clinical relevance of macroprolactin. Clin Endocrinol (Oxf). 2005 Jun;62(6):633-43.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1365-2265.2005.02243.x
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15943822?tool=bestpractice.com
A PRL também é produzida por diversos tecidos extra-hipofisários, incluindo várias regiões do cérebro, linfócitos, células epiteliais mamárias e tumores, assim como decídua, miométrio, glândulas lacrimais, timo e baço.[7]Bole-Feysot C, Goffin V, Edery M, et al. Prolactin (PRL) and its receptor: actions, signal transduction pathways and phenotypes observed in PRL receptor knockout mice. Endocr Rev. 1998 Jun;19(3):225-68.
https://academic.oup.com/edrv/article/19/3/225/2530791
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9626554?tool=bestpractice.com
Embora seja derivada do mesmo hormônio precursor do hormônio do crescimento (GH) e do lactogênio placentário humano, a PRL apresenta pouca homologia estrutural com esses hormônios.[5]Ben-Jonathan N, LaPensee CR, LaPensee EW. What can we learn from rodents about prolactin in humans? Endocr Rev. 2008 Feb;29(1):1-41.
https://academic.oup.com/edrv/article/29/1/1/2354965
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18057139?tool=bestpractice.com
A principal função da PRL é estimular a proliferação das células epiteliais da mama e induzir a produção de leite. Além de seu papel lactogênico, a PRL promove a formação e a ação do corpo lúteo e suprime a secreção pulsátil de hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). A supressão do GnRH pela prolactina resulta na diminuição dos níveis do hormônio folículo-estimulante e do hormônio luteinizante.[7]Bole-Feysot C, Goffin V, Edery M, et al. Prolactin (PRL) and its receptor: actions, signal transduction pathways and phenotypes observed in PRL receptor knockout mice. Endocr Rev. 1998 Jun;19(3):225-68.
https://academic.oup.com/edrv/article/19/3/225/2530791
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9626554?tool=bestpractice.com
Além disso, a prolactina tem papel inibitório direto na espermatogênese e na esteroidogênese uma vez que, nos testículos, seus receptores foram detectados nas células de Sertoli e de Leydig.[8]Arowojolu AO, Akinloye O, Shittu OB. Serum and seminal plasma prolactin levels in male attenders of an infertility clinic in Ibadan. J Obstet Gynaecol. 2004 Apr;24(3):306-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15203635?tool=bestpractice.com
A secreção da PRL é pulsátil e controlada predominantemente pelo efeito inibitório da dopamina, liberada pelo hipotálamo. A dopamina age por meio de seus receptores D2 presentes nas células lactotróficas. Outros fatores inibitórios são: endotelinas peptídicas, fator de crescimento tumoral-beta 1 e calcitonina.[9]Kanyicska B, Lerant A, Freeman ME. Endothelin is an autocrine regulator of prolactin secretion. Endocrinology. 1998 Dec;139(12):5164-73.
https://academic.oup.com/endo/article/139/12/5164/2991322
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9832457?tool=bestpractice.com
[10]Sarkar DK, Kim KH, Minami S. Transforming growth factor-beta 1 messenger RNA and protein expression in the pituitary gland: its action on prolactin secretion and lactotropic growth. Mol Endocrinol. 1992 Nov;6(11):1825-33.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1480172?tool=bestpractice.com
[11]Shah GV, Pedchenko V, Stanley S, et al. Calcitonin is a physiological inhibitor of prolactin secretion in ovariectomized female rats. Endocrinology. 1996 May;137(5):1814-22.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8612519?tool=bestpractice.com
Os estrogênios estimulam a proliferação das células lactotróficas, resultando em uma quantidade elevada dessas células em mulheres na pré-menopausa, especialmente durante a gravidez. A produção de PRL também é estimulada pelo hormônio liberador de tireotrofina (TRH), pelo peptídeo intestinal vasoativo e pela oxitocina.[5]Ben-Jonathan N, LaPensee CR, LaPensee EW. What can we learn from rodents about prolactin in humans? Endocr Rev. 2008 Feb;29(1):1-41.
https://academic.oup.com/edrv/article/29/1/1/2354965
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18057139?tool=bestpractice.com