Doença renal diabética

A doença renal diabética geralmente é um diagnóstico clínico em um paciente com diabetes de longa duração (>10 anos) com albuminúria e/ou taxa de filtração glomerular (TFGe) estimada reduzida na ausência de sinais ou sintomas de outras causas primárias de dano renal.

Os sintomas, que podem estar ausentes até que a doença esteja avançada, incluem fadiga, anorexia e edema de membros. Os sinais incluem hipertensão, edema e achados de complicações microvasculares associadas (retinopatia e neuropatia diabéticas). À medida que os pacientes se tornam clinicamente urêmicos, podem ocorrer anorexia, encefalopatia, náuseas e vômitos, disgeusia (alteração do paladar), sangramento, mioclonia e pericardite.

Proteinúria é o achado laboratorial característico. A deterioração na função renal pode se desenvolver à medida que a doença avança. No entanto, o padrão de albuminúria e a taxa de filtração glomerular (TFG) reduzida está mudando e a TFG sem albuminúria está se tornando mais comum. Esses pacientes geralmente têm um prognóstico renal melhor do que os com albuminúria evidente. Além disso, pode ocorrer evolução da doença renal diabética mesmo em pacientes com diabetes mellitus controlada, de acordo com as diretrizes de diabetes.

O tratamento inclui um controle intensivo da hiperglicemia e da hipertensão com inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA), antagonistas do receptor de angiotensina II ou outros anti-hipertensivos. A redução dos lipídios e o abandono do hábito de fumar podem ser benéficos. Os inibidores de proteína cotransportadora de sódio e glicose 2 (SGLT2) são moderadamente a altamente eficazes para o controle glicêmico e são muito eficazes para reduzir a proteinúria e desacelerar a evolução da doença renal diabética. Os agonistas de receptor de peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1) são medicamentos antidiabéticos altamente eficazes, com benefícios de perda de peso moderada a acentuada.

As complicações incluem hipoglicemia devida ao tratamento intensivo para hiperglicemia, hipercalemia como um efeito adverso dos inibidores da ECA ou antagonistas do receptor de angiotensina II, depleção de volume devida à diurese osmótica da glicosúria e consumo calórico/proteico inadequado levando a desnutrição. Alguns pacientes podem alcançar o estágio final de insuficiência renal, necessitando de diálise.

A doença renal diabética é definida por albuminúria (aumento da excreção urinária da albumina definido como ≥3.4 mg/mmol [30 mg/g]) e redução progressiva na taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) quando o diabetes for de longa duração (>10 anos de duração do diabetes do tipo 1; pode estar presente no diagnóstico do diabetes do tipo 2) e tipicamente associada a retinopatia.[1]American Diabetes Association. Standards of care in diabetes - 2023. Diabetes Care. 2023 Jan;46(Suppl 1):S1-291. https://diabetesjournals.org/care/issue/46/Supplement_1  Na maioria dos pacientes com diabetes, a doença renal crônica (DRC) pode ser atribuída ao diabetes se esses critérios forem atendidos; no entanto, a DRC pode estar presente sem retinopatia no diabetes do tipo 2, e sem albuminúria nos diabetes do tipo 1 e do tipo 2.[1]American Diabetes Association. Standards of care in diabetes - 2023. Diabetes Care. 2023 Jan;46(Suppl 1):S1-291. https://diabetesjournals.org/care/issue/46/Supplement_1 Outras causas de DRC devem ser consideradas na presença de albuminúria ou síndrome nefrótica que aumenta rapidamente, TFGe que diminui rapidamente, presença de sedimento urinário ativo (por exemplo, cilindros na urina), ausência de retinopatia diabética em pacientes com diabetes do tipo 1 ou sinais ou sintomas de outras doenças sistêmicas.[1]American Diabetes Association. Standards of care in diabetes - 2023. Diabetes Care. 2023 Jan;46(Suppl 1):S1-291. https://diabetesjournals.org/care/issue/46/Supplement_1 O diagnóstico mais conclusivo é obtido com base em achados de expansão mesangial e glomeruloesclerose nodular por meio de biópsia renal, embora raramente seja necessária.