Avaliação de corrimento vaginal

Corrimento vaginal é um sintoma comum observado pelos médicos. Pode ser fisiológico ou patológico.

Corrimento vaginal fisiológico

Também chamado corrimento fisiológico, o corrimento vaginal normal em mulheres em idade fértil geralmente consiste em 1-4 mL a cada 24 horas. Normalmente é transparente, inodoro (mas também pode ter odor levemente fétido), mucoso e branco-amarelado.

As características do corrimento fisiológico podem variar ao longo do ciclo menstrual e nos diferentes estágios reprodutivos. Por exemplo, ele torna-se mais perceptível quando os níveis de estrogênio se encontram mais elevados (por exemplo, na gestação, ovulação ou quando há uso de contraceptivos à base de estrogênio e progestina). Os lactobacilos na flora vaginal normal mantêm a acidez vaginal normal, produzindo peróxido de hidrogênio e ácido láctico. O pH ácido da vagina nas mulheres férteis (4.0-4.5) cria um ambiente hostil para patógenos. Em mulheres na pré-menarca e no pós-menopausa com níveis baixos de estrogênio, o pH vaginal pode atingir 4.7 ou mais.

Epidemiologia

Os sintomas vulvovaginais são prevalentes tanto em mulheres no período pré-menopausa quanto em mulheres no pós-menopausa.[1]Watson LJ, James KE, Hatoum Moeller IJ, et al. Vulvovaginal discomfort is common in both premenopausal and postmenopausal women. J Low Genit Tract Dis. 2019 Apr;23(2):164-9. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30741753?tool=bestpractice.com ​ No entanto, a prevalência real do corrimento vaginal patológico é incerta porque a vaginite, a qual inclui o sintoma de corrimento vaginal, muitas vezes é assintomática, autodiagnosticada e automedicada.[2]Foxman B, Marsh JV, Gillespie B, et al. Frequency and response to vaginal symptoms among white and African American women: Results of a random digit dialing survey. J Womens Health. 1998 Nov;7(9):1167-74. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9861594?tool=bestpractice.com

Um corrimento vaginal anormal foi relatado por 14.5% de 3000 mulheres (18-50 anos de idade) que foram amostradas aleatoriamente de uma população em Goa, Índia, em uma pesquisa baseada na comunidade.[3]Patel V, Pednekar S, Weiss H, et al. Why do women complain of vaginal discharge? A population survey of infectious and pyschosocial risk factors in a South Asian community. Int J Epidemiol. 2005 Aug;34(4):853-62. https://academic.oup.com/ije/article/34/4/853/692864?login=false http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15833795?tool=bestpractice.com ​ Em um ambiente de prática comunitária nos EUA, o corrimento vaginal anormal foi relatado por 68% das mulheres que se apresentaram sintomas de vaginite.[4]Hillier SL, Austin M, Macio I, et al. Diagnosis and treatment of vaginal discharge syndromes in community practice settings. Clin Infect Dis. 2021 May 4;72(9):1538-43. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8248297 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32350529?tool=bestpractice.com

A maioria das mulheres apresentará mais corrimento vaginal durante a gestação.[5]National Institute for Health and Care Excellence. Antenatal care. Aug 2021 [internet publication]. https://www.nice.org.uk/guidance/ng201 ​ A prevalência de corrimento vaginal patológico durante a gestação foi relatada como sendo 40% a 50%.[6]da Fonseca TM, Cesar JA, Mendoza-Sassi RA, et al. Pathological vaginal discharge among pregnant women: pattern of occurrence and association in a population-based survey. Obstet Gynecol Int. 2013;2013:590416. https://www.hindawi.com/journals/ogi/2013/590416 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23843798?tool=bestpractice.com [7]Prasad D, Parween S, Kumari K, et al. Prevalence, etiology, and associated symptoms of vaginal discharge during pregnancy in women seen in a tertiary care hospital in Bihar. Cureus. 2021 Jan 14;13(1):e12700. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7883588 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33614308?tool=bestpractice.com ​​[8]Cesar JA, Mendoza-Sassi RA, González-Chica DA, et al. Prevalence of self-reported vaginal discharge and associated factors in pregnant women [in Portuguese]. Cad Saude Publica. 2009 Dec;25(12):2705-14. https://www.scielo.br/j/csp/a/WZhWNVpTHL9fMv9QdjGnp7R/?lang=pt http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20191161?tool=bestpractice.com