Casos humanos de gripe aviária associados a surto em gado leiteiro nos EUA
Atualmente, o vírus da influenza aviária A(H5N1) está causando um surto em vários estados em aves e vacas leiteiras nos EUA. Embora os surtos tenham sido previamente relatados em aves, esta é a primeira vez que o vírus foi detectado em vacas. Foram relatados casos de infecção humana relacionada com o surto em vacas leiteiras, e esses casos representam os primeiros exemplos de provável transmissão de mamíferos para humanos no mundo.
Até 22 de maio de 2024, mais de 9000 aves silvestres em 50 jurisdições tiveram resultado positivo para o vírus, bem como mais de 90 milhões de frangos em 48 estados e 52 rebanhos de vacas leiteiras em 9 estados. Foram relatados dois casos de infecção humana associados a esse surto.[22]
Resumos da situação estão disponíveis nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA e são atualizados regularmente:
Em abril de 2024, um caso de infecção humana foi relatado em um trabalhador do setor de laticínios no Texas.[35]
A pessoa teve um teste positivo para o vírus da influenza aviária altamente patogênica (IAAP) A(H5N1) e tinha uma história de exposição a gado leiteiro supostamente infectado pelo vírus.
O paciente relatou conjuntivite (vermelhidão ocular) como único sintoma e foi isolado e tratado com terapia antiviral.
Em maio de 2024, um segundo caso de infecção humana foi relatado em um trabalhador de laticínios em Michigan.[36]
Assim como o caso do Texas, a pessoa trabalhava em uma fazenda de laticínios onde o vírus H5N1 foi identificado em vacas, e relatou apenas sintomas oculares.
Embora um swab nasal da pessoa tenha resultado negativo, um esfregaço ocular deu positivo para o vírus influenza A(H5).
O trabalhador estava sendo monitorado devido a exposição profissional a gado infectado pelo vírus H5N1 e relatou seus sintomas às autoridades de saúde locais.
Antes disso, o primeiro caso humano de infecção relatado nos EUA ocorreu em 2022, no Colorado, e foi associado a exposição direta a aves infectadas durante um processo de abate.
Como parte do surto atual, os indivíduos expostos a aves, vacas ou outros animais domésticos ou silvestres infectados (ou potencialmente infectados) estão sendo monitorados e testados se desenvolverem sintomas semelhantes aos de influenza. Até o momento, nenhuma outra pessoa testou positivo. Atualmente, o CDC considera baixo o risco à saúde pública.
Em função do surto, o CDC publicou novas diretrizes provisórias para prevenção, monitoramento e investigações de saúde pública.[37]
A população é orientada a:
Evitar exposição próxima, longa ou desprotegida a animais doentes ou mortos, inclusive aves silvestres, frango, outras aves domesticadas e outros animais silvestres ou domesticados (inclusive vacas)
Evitar exposição desprotegida a fezes de animais, detritos, leite ou queijos não pasteurizados (crus) ou materiais que tiverem sido tocados por, ou ficado próximos de, aves ou outros animais com suspeita ou conformação de infecção pelo vírus H5N1.
Os médicos são orientados a considerarem a possibilidade de infecção pelo vírus da IAAP A(H5N1) em qualquer pessoa que apresente sinais ou sintomas de doença respiratória aguda, inclusive conjuntivite, que tenha uma história relevante de exposição.
As pessoas são orientadas a se monitorarem quanto a novos sintomas de doença respiratória por 10 dias após a última exposição, se atenderem a critérios epidemiológicos relevantes. A quimioprofilaxia antiviral pode ser considerada em determinadas pessoas.
Os indivíduos sintomáticos são orientados a procurarem atendimento médico imediato para diagnóstico e tratamento, e a se isolarem dos demais.
O CDC também atualizou suas diretrizes de tratamento antiviral para recomendar o oseltamivir como tratamento de primeira linha tanto em pacientes ambulatoriais quanto hospitalizados. A agência não recomenda mais zanamivir por via inalatória ou baloxavir oral para a infecção por influenza aviária A(H5N1) devido à falta de dados de eficácia nesses pacientes.[38]
Casos humanos esporádicos de infecção por IAAP A(H5N1) foram relatados desde 1997, com uma taxa de letalidade de mais de 50%. A maioria das infecções humanas ocorreu após exposição desprotegida a frangos infectados doentes ou mortos. Não há evidências para apoiar a transmissão de humanos para humanos, e a transmissão entre humanos não sustentada e limitada não foi relatada desde 2007.
Resumo
Definição
História e exame físico
Principais fatores diagnósticos
- presença de fatores de risco
- tosse
- doença semelhante à gripe (influenza)
- conjuntivite
- dispneia
- febre
- estertores, roncos
- sibilo
- murmúrios vesiculares reduzidos
- taquipneia
Outros fatores diagnósticos
- dor abdominal, vômitos, diarreia
- estado mental alterado
- convulsões
Fatores de risco
- contato próximo com aves infectadas
- viagem recente a um país onde o vírus da IAAP A(H5N1) foi detectado em aves
- exposição ambiental ao vírus H5N1
- contato próximo com humanos infectados
- rotina laboratorial com o vírus H5N1
- contato próximo com outros animais
Investigações diagnósticas
Primeiras investigações a serem solicitadas
- Hemograma completo com diferencial
- TFHs
- radiografia torácica
- oximetria de pulso
- coloração de Gram de expectoração
- cultura bacteriana do sangue e do escarro
- reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa em tempo real (rtRT-PCR)
Investigações a serem consideradas
- cultura viral
Algoritmo de tratamento
contato próximo de caso confirmado ou provável
infecção suspeitada ou provável ou confirmada
Colaboradores
Autores
Timothy M. Uyeki, MD, MPH, MPP
Chief Medical Officer
Influenza Division
National Center for Immunization and Respiratory Diseases
Centers for Disease Control and Prevention
Atlanta
GA
Declarações
TMU declares that he is an unpaid member and clinical Chair of the World Health Organization Guidelines Developmental Group: Clinical Management of Influenza Guidelines 2023-2024.
Agradecimentos
Dr Timothy M. Uyeki would like to gratefully acknowledge Dr Justin R. Ortiz, a previous contributor to this topic.
Declarações
JRO declares that he has no competing interests.
Revisores
Richard Martinello, MD
Professor
Departments of Internal Medicine and Pediatrics
Yale School of Medicine
New Haven
CT
Declarações
RM declares that he has no competing interests.
An De Sutter, MD, PhD
Associate Professor
Department of General Practice and Primary Health Care
Ghent University
Belgium
Declarações
ADS declares that she has no competing interests.
Diagnósticos diferenciais
- Doença do coronavírus 2019 (COVID-19)
- Pneumonia adquirida na comunidade
- Pneumonia atípica
Mais Diagnósticos diferenciaisDiretrizes
- Interim guidance on the use of antiviral medications for treatment of human infections with novel influenza A viruses associated with severe human disease
- Avian influenza in humans (bird flu)
Mais DiretrizesFolhetos informativos para os pacientes
Flu
Pneumonia
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