Dysmenorrhoea (dismenorreia) é um dos sintomas ginecológicos mais comuns que afetam a qualidade de vida das mulheres que menstruam.[1]Fernández-Martínez E, Onieva-Zafra MD, Parra-Fernández ML. The impact of dysmenorrhea on quality of life among Spanish female university students. Int J Environ Res Public Health. 2019 Feb 27;16(5):713.
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[2]Iacovides S, Avidon I, Bentley A, et al. Reduced quality of life when experiencing menstrual pain in women with primary dysmenorrhea. Acta Obstet Gynecol Scand. 2014 Feb;93(2):213-7.
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[3]Al-Jefout M, Seham AF, Jameel H, et al. Dysmenorrhea: prevalence and impact on quality of life among young adult Jordanian females. J Pediatr Adolesc Gynecol. 2015 Jun;28(3):173-85.
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[4]Iacovides S, Avidon I, Baker FC. What we know about primary dysmenorrhea today: a critical review. Hum Reprod Update. 2015;21:762-78.
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Seu significado, "menstruação dolorosa", tem origem grega (dys significa doloroso; meno significa mensal; e rhoe significa fluxo). É sentida como dor na parte inferior do abdome ou cólicas uterinas que ocorrem durante os poucos dias antes e/ou durante a menstruação e geralmente desaparecem no final da menstruação.
A dismenorreia é subdividida em primária e secundária, embora nem sempre seja fácil distinguir entre as duas com base na história e no exame apenas:
É difícil determinar a prevalência, porque se utilizam diferentes definições e critérios e, frequentemente, a dismenorreia é subestimada e subtratada.[5]Proctor M, Farquhar C. Diagnosis and management of dysmenorrhoea. BMJ. 2006;332:1134-1138.
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[6]Burnett M, Lemyre M. No. 345-Primary Dysmenorrhea Consensus Guideline. J Obstet Gynaecol Can. 2017 Jul;39(7):585-95.
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Uma revisão sistemática sobre dor pélvica crônica e dismenorreia cita uma prevalência de 47% a 97%.[7]Zondervan KT, Yudkin PL, Vessey MP, et al. The prevalence of chronic pelvic pain in women in the United Kingdom: a systematic review. Br J Obstet Gynaecol. 1998;105:93-99.
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Um estudo transversal relatou a presença de dismenorreia em 72% das mulheres jovens com 19 anos de idade e, em 15% delas, ela era intensa, afetando as atividades diárias.[8]Andersch B, Milsom I. An epidemiologic study of young women with dysmenorrhea. Am J Obstet Gynecol. 1982;144:655-660.
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Pode levar ao absenteísmo do trabalho ou da escola, com até 50% relatando pelo menos um episódio de ausência e 5% a 14% relatando faltas frequentes.[9]Burnett MA, Antao V, Black A, et al. Prevalence of primary dysmenorrhea in Canada. J Obstet Gynaecol Can. 2005;27:765-770.
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Os fatores que apresentam uma correlação positiva com a dismenorreia são tabagismo, menarca precoce, nuliparidade e história familiar.[10]Harlow SD, Park M. A longitudinal study of risk factors for the occurrence, duration and severity of menstrual cramps in a cohort of college women. Br J Obstet Gynaecol. 1996;103:1134-42.
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[11]Sundell G, Milsom I, Andersch B. Factors influencing the prevalence and severity of dysmenorrhoea in young women. Br J Obstet Gynaecol. 1990;97:588-594.
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A dismenorreia não está associada à duração do ciclo menstrual, mas geralmente coexiste com o sangramento menstrual intenso. Muitas mulheres experimentam atrasos no diagnóstico e tratamento.[12]Chen CX, Draucker CB, Carpenter JS. What women say about their dysmenorrhea: a qualitative thematic analysis. BMC Womens Health. 2018 Mar 2;18(1):47.
https://www.doi.org/10.1186/s12905-018-0538-8
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29499683?tool=bestpractice.com
Questionários validados de desfechos relatados pela paciente podem ser úteis na avaliação inicial da dismenorreia e na avaliação da resposta ao tratamento.[13]Gray TG, Moores KL, James E, et al. Development and initial validation of an electronic personal assessment questionnaire for menstrual, pelvic pain and gynaecological hormonal disorders (ePAQ-MPH). Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2019 Jul;238:148-156.
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Dismenorreia primária
A dismenorreia primária geralmente ocorre 6 a 12 meses após a menarca, uma vez que os ciclos ovulatórios tenham sido estabelecidos.[14]ACOG Committee Opinion No. 760 Summary: Dysmenorrhea and endometriosis in the adolescent. Obstet Gynecol. 2018 Dec;132(6):1517-8.
https://journals.lww.com/greenjournal/Fulltext/2018/12000/ACOG_Committee_Opinion_No__760_Summary_.45.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30461690?tool=bestpractice.com
É mais comum em adolescentes e mulheres com menos de 30 anos, embora uma patologia subjacente ainda possa estar presente. A endometriose é comum em adolescentes, encontrada em 70% das meninas com dismenorreia na laparoscopia.[15]Janssen EB, Rijkers AC, Hoppenbrouwers K, et al. Prevalence of endometriosis diagnosed by laparoscopy in adolescents with dysmenorrhea or chronic pelvic pain: a systematic review. Hum Reprod Update. 2013 Sep-Oct;19(5):570-82.
https://www.doi.org/10.1093/humupd/dmt016
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23727940?tool=bestpractice.com
A dor causada pela dismenorreia primária geralmente é de natureza abdominal inferior e cólicas, e pode irradiar para as costas e a parte interna da coxa. Geralmente ocorre no início da menstruação, ou a precede em apenas algumas horas, e normalmente dura entre 8 e 72 horas. A dor pode estar associada a outros sintomas sistêmicos como vômitos, náuseas, diarreia, fadiga e cefaleia. Também pode haver maior sensibilidade à dor.[4]Iacovides S, Avidon I, Baker FC. What we know about primary dysmenorrhea today: a critical review. Hum Reprod Update. 2015;21:762-78.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26346058?tool=bestpractice.com
O diagnóstico pode ser realizado clinicamente. As investigações não conseguiram revelar uma doença pélvica subjacente.
Dismenorreia secundária
Em contraste, a dismenorreia secundária geralmente ocorre vários anos após o início da menarca. Pode surgir como um novo sintoma quando a mulher está na casa dos 30 ou 40 anos no cenário de uma doença pélvica identificável. A dor nem sempre é relacionada somente com a menstruação e pode ocorrer por toda a fase lútea do ciclo menstrual. Ela também pode piorar no decurso da menstruação em vez de ficar restrita às primeiras 24 ou 48 horas da menstruação. Os sintomas associados, como sangramento irregular ou intenso, corrimento vaginal e dispareunia, podem ser sugestivos de uma patologia pélvica subjacente.[16]Dawood MY. Dysmenorrhea. Clin Obstet Gynecol. 1990;33:168-178.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2178834?tool=bestpractice.com
As causas comuns de dismenorreia secundária são endometriose, doença inflamatória pélvica crônica, adenomiose, pólipos intrauterinos e miomas. A presença de um dispositivo anticoncepcional intrauterino (DIU) é uma causa iatrogênica potencial. As causas menos comuns incluem anormalidades uterinas congênitas, estenose do colo do útero e doenças ovarianas.