Transtorno do espectro autista

O transtorno do espectro autista (TEA) é uma afecção do neurodesenvolvimento que perdura por toda a vida e é vista cada vez mais como um exemplo da variação neurológica e cognitiva entre as pessoas. Ele é clinicamente muito heterogêneo. Está associado a deficiências e desafios cotidianos, mas pode também estar associado a pontos fortes e talentos cognitivos.

Crianças e adultos com TEA têm dificuldades de comunicação e interação social e apresentam padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamentos, interesses ou atividades.

Comprometimento da comunicação social e comportamentos de TEA estão presentes durante a primeira infância, mas podem se manifestar somente mais tarde (por exemplo, devido ao crescente comprometimento).

O TEA é um distúrbio genético do desenvolvimento cerebral, mas fatores não genéticos podem também contribuir para o fenótipo e a heterogeneidade.

Os objetivos do tratamento são maximizar a independência funcional e a qualidade de vida e minimizar o sofrimento, apoiando a aprendizagem, a comunicação social e as habilidades cognitivas e controlando quaisquer problemas de saúde física e mental que ocorram simultaneamente.

O desfecho em longo prazo na idade adulta é variável. Muitas pessoas dependem de cuidados 24 horas ou vivem com o apoio da comunidade (aproximadamente 20%); no entanto, algumas pessoas com TEA vivem de forma independente (aproximadamente 15%), e algumas têm emprego e constituem família.

O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado por deficiências persistentes em comunicação social e padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamentos, interesses ou atividades.[1]American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders, 5th ed., text revision (DSM-5-TR). Washington, DC: American Psychiatric Publishing; 2022. Desenvolvimento anormal está presente durante a primeira infância, mas pode se manifestar somente mais tarde.[2]World Health Organization. International Classification of Diseases 11th revision (ICD-11). Chapter 6: mental, behavioural or neurodevelopmental disorders. Jan 2022 [internet publication]. https://icd.who.int/en Pode haver uma história de distúrbio ou atraso da linguagem (atraso na fala de palavras isoladas ou frases simples), sendo que algumas crianças perdem habilidades de linguagem previamente adquiridas (regressão).[3]Rogers SJ. Developmental regression in autistic spectrum disorders. Ment Retard Dev Disabil Res Rev. 2004;10(2):139-43. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15362172?tool=bestpractice.com [4]Parr JR, Le Couteur A, Baird G, et al. Early developmental regression in autism spectrum disorder: evidence from an international multiplex sample. J Autism Dev Disord. 2011 Mar;41(3):332-40. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20711649?tool=bestpractice.com Por outro lado, algumas crianças podem desenvolver a linguagem muito cedo e ter uma fala relativamente "adulta". Crianças que atendem aos critérios apresentam um diagnóstico de "transtorno do espectro autista" e, além disso, são qualificadas pelo nível de gravidade.[1]American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders, 5th ed., text revision (DSM-5-TR). Washington, DC: American Psychiatric Publishing; 2022. Aproximadamente 20% a 30% das crianças desenvolvem epilepsia, e entre 40% e 80% apresentam deficiência intelectual (caracterizada por prejuízo da inteligência global e consequente comprometimento do funcionamento social); observe que o termo “deficiência intelectual”, tal como utilizado neste tópico, não se refere a distúrbios ou deficiências de aprendizagem específicos, como dislexia ou discalculia, que também podem ocorrer no TEA.[5]Volkmar FR, Nelson DS. Seizure disorders in autism. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 1990 Jan;29(1):127-9. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2295565?tool=bestpractice.com [6]Levy SE, Mandell DS, Schultz RT. Autism. Lancet. 2009 Nov 7;374(9701):1627-38. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2863325 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19819542?tool=bestpractice.com [7]Baird G, Simonoff E, Pickles A, et al. Prevalence of disorders of the autistic spectrum in a population cohort of children in South Thames: the Special Needs and Autism Project (SNAP). Lancet. 2006 Jul 15;368(9531):210-5. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16844490?tool=bestpractice.com [8]Woolfenden S, Sarkozy V, Ridley G, et al. A systematic review of two outcomes in autism spectrum disorder - epilepsy and mortality. Dev Med Child Neurol. 2012 Apr;54(4):306-12. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1469-8749.2012.04223.x http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22348343?tool=bestpractice.com [9]Besag FM. Epilepsy in patients with autism: links, risks and treatment challenges. Neuropsychiatr Dis Treat. 2017 Dec 18;14:1-10. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5739118 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29296085?tool=bestpractice.com [10]Maenner MJ, Shaw KA, Bakian AV, et al. Prevalence and characteristics of autism spectrum disorder among children aged 8 years - autism and developmental disabilities monitoring network, 11 Sites, United States, 2018. MMWR Surveill Summ. 2021 Dec 3;70(11):1-16. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8639024 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34855725?tool=bestpractice.com Outras têm capacidade na média ou acima da média. No entanto, muitas pessoas têm um perfil cognitivo irregular e apresentam pontos fortes e pontos fracos cognitivos relativos nos testes cognitivos. Além dos sintomas básicos do TEA, a maioria das pessoas apresenta dificuldades coexistentes (por exemplo, dificuldade para dormir ou alimentar-se). Muitos jovens e adultos com TEA têm problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. As pessoas com TEA podem ter vários problemas ou afecções coexistentes; essas condições associadas são geralmente mais difíceis de tratar que o próprio TEA, mas podem ser um alvo para intervenção ou tratamento.[11]Maskey M, Warnell F, Parr JR, et al. Emotional and behavioural problems in children with autism spectrum disorder. J Autism Dev Disord. 2013 Apr;43(4):851-9. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22895777?tool=bestpractice.com