As disfunções sexuais femininas são mais fortemente relacionadas com problemas de saúde mental e sentimentos negativos pelo parceiro que com quaisquer níveis hormonais séricos (ou metabólitos hormonais).
Mudanças normais causadas pela idade e pela duração do relacionamento não devem ser confundidas com transtornos do desejo/interesse. O transtorno do desejo é diagnosticado quando há falta de desejo sexual antecipatório, e o desejo (junto com o prazer e a excitação) não pode ser deflagrado durante a atividade sexual, resultando em sofrimento.
A síndrome mais comum consiste em falta de desejo inicial e pouca excitação subjetiva (excitação sexual mental), de forma que o desejo não é deflagrado durante a relação sexual e o orgasmo é infrequente ou inexistente.
Considerando a natureza delicada das informações coletadas e a relutância/vergonha de revelá-las em consultas iniciais, o médico deve continuar avaliando informações relevantes e integrá-las ao tratamento durante o contato com a paciente.
O tratamento inclui componentes de psicoeducação, terapia cognitivo-comportamental (TCC), terapia sexual, atenção plena e psicoterapia e, ocasionalmente, medicamentos.
As disfunções sexuais femininas incluem um vasto espectro de transtornos geralmente de etiologia multifatorial e incluem transtorno do interesse/excitação sexual (TIES), transtorno orgástico feminino (TOF) e transtorno de dor gênito-pélvica/penetração, que frequentemente combina diagnósticos sobrepostos de vaginismo e dispareunia.[1]American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders, 5th ed., (DSM-5). Washington, DC: American Psychiatric Publishing; 2013.
https://dsm.psychiatryonline.org/doi/book/10.1176/appi.books.9780890425596
Existem três critérios para diagnosticar um distúrbio sexual: os sintomas devem ter persistido por um período mínimo de 6 meses, eles precisam ter sido apresentados em todos ou quase todos (75% a 100%) os encontros sexuais ou foram recorrentes, e ter causado sofrimento clinicamente significativo.[1]American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders, 5th ed., (DSM-5). Washington, DC: American Psychiatric Publishing; 2013.
https://dsm.psychiatryonline.org/doi/book/10.1176/appi.books.9780890425596
Saúde mental reduzida, estresse,[2]Maserejian NN, Shifren JL, Parish J, et al. The presentation of hypoactive sexual desire disorder in premenopausal women. J Sex Med. 2010 Oct;7(10):3439-48.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20646184?tool=bestpractice.com
e baixos níveis de intimidade emocional entre os parceiros estão fortemente associados à disfunção,[3]Bancroft J, Loftus J, Long JS. Distress about sex: a national survey of women in heterosexual relationships. Arch Sex Behav. 2003 Jun;32(3):193-208.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12807292?tool=bestpractice.com
[4]Hartmann U, Philippsohn S, Heiser K, et al. Low desire in midlife and older women: personality factors, psychosocial development, present sexuality. Menopause. 2004 Nov-Dec;11(6 Pt 2):726-40.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15543025?tool=bestpractice.com
[5]Avis NE, Stellato R, Crawford S, et al. Is there an association between menopause status and sexual functioning? Menopause. 2000 Sep-Oct;7(5):297-309.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10993029?tool=bestpractice.com
enquanto o mesmo não ocorre com concentrações séricas de hormônios sexuais.[6]Dennerstein L, Dudley E, Burger H. Are changes in sexual functioning during mid-life due to aging or menopause? Fertil Steril. 2001 Sep;76(3):456-60.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11532464?tool=bestpractice.com
[7]Santoro N, Torrens J, Crawford S, et al. Correlates of circulating androgens in midlife women: the study of women's health across the nation. J Clin Endocrinol Metab. 2005 Aug;90(8):4836-45.
http://jcem.endojournals.org/cgi/content/full/90/8/4836
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15840738?tool=bestpractice.com
[8]Davis SR, Davison SL, Donath S, et al. Circulating androgen levels and self-reported sexual function in women. JAMA. 2005 Jul 6;294(1):91-6.
http://jama.ama-assn.org/cgi/content/full/294/1/91
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15998895?tool=bestpractice.com
[9]Basson R, Brotto LA, Petkau AJ, et al. Role of androgens in women’s sexual dysfunction. Menopause. 2010 Sep-Oct;17(5):962-71.
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[10]Erekson EA, Martin DK, Zhu K, et al. Sexual function in older women after oophorectomy. Obstet Gynecol. 2012 Oct;120(4):833-42.
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[11]van Anders SM. Testosterone and sexual desire in healthy women and men. Arch Sex Behav. 2012 Dec;41(6):1471-84.
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Vaginismo e dispareunia, agora agrupados como transtorno de dor gênito-pélvica/penetração, são doenças específicas que não serão abordadas neste tópico; no entanto, mais informações estão disponíveis no tópico sobre dispareunia.
Há apenas uma pesquisa limitada sobre transtorno da excitação genital persistente (PGAD)[12]Facelle TM, Sadeghi-Nejad H, Goldmeier D. Persistent genital arousal disorder: characterization, etiology, and management. J Sex Med. 2013 Feb;10(2):439-50.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23157369?tool=bestpractice.com
e sua fisiopatologia e tratamento não são bem compreendidos.