Critérios

Há várias ferramentas de decisão validadas usadas para o diagnóstico de apendicite. Elas incluem o Escore de Apendicite em Adultos (Adult Appendicitis Score, AAS), o escore Alvarado, o escore da resposta inflamatória da apendicite (Appendicitis Inflammatory Response, AIR) e o escore RIPASA. Esses escores envolvem uma combinação de anamnese, achados de exame físico e resultados de investigações. Estes escores não devem ser utilizados em vez das imagens transversais para se fazer um diagnóstico de apendicite nos pacientes idosos devido à evidência limitada neste grupo de pacientes.[4][5]​ Nas crianças, o diagnóstico de apendicite não deve ser realizado com base em escores clínicos somente.[7][48]

O escore de Alvarado é comumente usado e já foi submetido a estudos de validação. O escore AIR apresentou bons resultados em uma revisão sistemática de regras de predição clínica. Ele demonstrou alta sensibilidade (92%) e especificidade (63%) na predição da apendicite aguda.[28] O escore RIPASA foi mais sensível que o escore de Alvorado, com melhores razões de chances diagnósticas, mas com menor especificidade.[28][29][71]

O escore de Alvarado pode ser usado para descartar a apendicite, mas não deve ser usado para confirmar um diagnóstico de apendicite.[7]

Atualmente, o escore de AIR e o AAS parecem ser os escores de predição clínica de melhor desempenho e têm o maior poder discriminante em adultos com suspeita de apendicite aguda. Os escores de AIR e AAS reduzem as taxas de apendicectomia negativas nos grupos de baixo risco e diminuem a necessidade de exames de imagem e internação hospitalar tanto nos grupos de risco baixo quanto intermediário.[7]

Os escores podem ser usados para determinar a probabilidade ou para descartar o diagnóstico de apendicite, para orientar investigações adicionais e o tratamento.[7]

  • O escore de AIR ou o AAS podem ser usados para se determinar se o paciente tem risco alto, intermediário ou baixo de ter apendicite.

    • Os pacientes de alto risco com <40 anos e sinais e sintomas fortes de apendicite podem ir direto para a cirurgia, sem exames de imagem. No entanto, os protocolos locais devem ser consultados, pois isso varia na prática.

    • Os pacientes de risco intermediário podem ser submetidos a exames de imagem adicionais e observação.

    • Os pacientes de baixo risco podem receber alta com segurança, sem exame de imagem diagnóstico, desde que tenham uma rede de segurança adequada.

Escore de apendicite em adultos (AAS)[72]

Quanto mais alto o índice, maior a chance de se ter apendicite aguda. Este escore reduz de maneira confiável as necessidades de exames de imagem e internação hospitalar tanto no grupo de baixo risco como no grupo de risco intermediário.[7][73]

Dor no quadrante inferior direito = 2 pontos.

Mudança de local da dor = 2 pontos

Sensibilidade no quadrante inferior direito

  • Mulher, idade entre 16 e 49 anos = 1 ponto

  • Todos os outros pacientes = 3 pontos.

Defesa

  • Leve = 2 pontos

  • Moderada ou grave = 4 pontos

Leucócitos sanguíneos (×10⁹/L)

  • ≥7.2 e <10.9 = 1 ponto.

  • ≥10.9 e <14.0 = 2 pontos.

  • ≥14.0 = 3 pontos.

Proporção de neutrófilos %

  • ≥62 e <75 = 2 pontos.

  • ≥75 e <83 = 3 pontos.

  • ≥83 = 4 pontos.

Proteína C-reativa (mg/L), sintomas <24 horas

  • ≥4 e <11 = 2 pontos.

  • ≥11 e <25 = 3 pontos.

  • ≥25 e <83 = 5 pontos.

  • ≥83 = 1 ponto.

Proteína C-reativa (mg/L), sintomas >24 horas

  • ≥12 e <53 = 2 pontos.

  • ≥53 e <152 = 2 pontos.

  • ≥152 = 1 ponto.

Soma ≥16 = risco alto.

Soma 11 a 15 = risco intermediário.

Soma 0 a 10 = risco baixo (investigações adicionais não são necessárias).[7]

Índice de Alvarado (MANTRELS)[27]

O índice baseia-se nas características clínicas dos pacientes. Quanto mais alto o índice, com um máximo de 10, maior a chance de ter apendicite aguda.

M: Migração da dor para o quadrante inferior direito = 1 ponto.

A: Anorexia = 1 ponto.

N: Náuseas e vômitos = 1 ponto

T: Sensibilidade no quadrante inferior direito = 2 pontos.

R: Dor à descompressão brusca = 1 ponto.

E: Temperatura elevada = 1 ponto.

L: Leucocitose = 2 pontos.

S: Desvio da contagem leucocitária para a esquerda = 1 ponto.

Escore da resposta inflamatória da apendicite (Appendicitis Inflammatory Response [AIR])[74]

Vômitos = 1 ponto.

Dor na fossa inferior direita = 1 ponto.

Dor à descompressão brusca: leve = 1 ponto; média = 2 pontos; intensa = 3 pontos.

Temperatura corporal ≥38.5 = 1 ponto.

Leucócito polimorfonuclear: 70% a 84% = 1 ponto; ≥85% = 2 pontos.

Contagem leucocitária: 10.0 a 14.9 ×10⁹/L = 1 ponto; ≥15.0 ×10⁹/L = 2 pontos.

Concentração de proteína C-reativa: 10 mg/L a 49 mg/L = 1 ponto; ≥50 = 2 pontos.

(Máximo de 12 pontos.)

Soma 0 a 4 = probabilidade baixa. Acompanhamento ambulatorial, se a condição geral não for alterada.

Soma 5 a 8 = grupo indeterminado. Observação ativa de pacientes internados com nova classificação/exame de imagem ou laparoscopia diagnóstica, de acordo com as tradições locais.

Soma 9 a 12 = alta probabilidade. A exploração cirúrgica é proposta.

Escore RIPASA para apendicite aguda[75]

Quanto mais alto o índice, com um máximo de 16, maior a chance de ter apendicite aguda. O escore foi desenvolvido para populações asiáticas.

Mulher = 0.5 ponto.

Homem = 1 ponto.

Idade <39.9 anos = 1 ponto.

>40 anos de idade = 0.5 ponto.

Dor na fossa ilíaca direita = 0.5 ponto.

Migração da dor para a fossa ilíaca direita = 0.5 ponto.

Anorexia = 1 ponto.

Náuseas e vômitos = 1 ponto.

Duração dos sintomas <48 horas = 1 ponto.

Duração dos sintomas >48 horas = 0.5 ponto.

Sensibilidade na fossa ilíaca direita = 1 ponto.

Rigidez = 2 pontos.

Dor à descompressão brusca = 1 ponto.

Sinal de Rovsing = 2 pontos.

Febre = 1 ponto.

Leucócitos elevados = 1 ponto.

Análise da urina negativa = 1 ponto.

(Máximo de 16 pontos.)

Índice de avaliação de fisiologia aguda e doença crônica II (APACHE II)[76]

O índice APACHE é comumente usado para estabelecer a gravidade da doença na unidade de terapia intensiva (UTI) e prever o risco de morte. [ Sistema de escore APACHE II Opens in new window ] Há um alto risco de morte se o índice for 25 ou superior.

Há vários outros modelos que foram desenvolvidos para uso na UTI, inclusive o APACHE III, Escore de Mortalidade por Sepse no Pronto-Socorro, Escore Fisiológico Agudo Simplificado, Escore de Determinação de Falência Orgânica Relacionada à Sepse e Modelo de Probabilidade de Morte II.[77][78][79]

O diagnóstico precoce continua sendo um desafio nas crianças devido às características clínicas atípicas e à dificuldade de obtenção de uma história e exame físico confiáveis. Nas crianças com suspeita de apendicite aguda, as ferramentas de pontuação, como o escore de Alvarado e o Escore de Apendicite Pediátrica de Samuel (Pediatric Appendicitis Score, PAS), são úteis para estratificar o risco para apendicite predita.[7][48]​ O PAS inclui achados clínicos similares aos do escore de Alvarado, além de um sinal mais relevante nas crianças: dor no quadrante inferior direito à tosse, solavancos ou percussão.

Escores clínicos são úteis para descartar apendicite aguda em crianças. No entanto, o diagnóstico de apendicite não deve ser feito apenas com base nos escores clínicos; e o diagnóstico de apendicite aguda deve ser feito com base na suspeita clínica, exames de sangue e, se necessário, exames de imagem.[7] Consulte Investigações.

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